Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 117: Mensagens Voam Rápido
— Um dragão?!?
Esse grito jogou a cadeira do escritório para trás. A maioria das pessoas desmaiaria na mesma hora, ou pior, teria um ataque de pânico e talvez um ataque do coração, mas não Sion Tanite, um marquês que passou por tantas dores de cabeça nos últimos tempos que desenvolveu uma resistência natural a estresse. Quem repassou aquela mensagem foi Merk, o seu novo braço direito indicado após a perda do título de Aymeric. O cavaleiro à sua frente, inclusive, suava horrores e parecia prestes a desmaiar por falta d’água.
— Si-Sim, senhor, foi o que eu recebi da nossa equipe… O condado Minus tem deixado o caso abafado, porém, com a interferência da igreja, algumas coisas escaparam e tivemos provas do ocorrido…
Sion ficou incrédulo, a garganta seca de tanta surpresa. Demônios eram uma classe diferente de monstros comuns da floresta ou até dos próprios humanos, na verdade, seria mais fácil acreditar que havia um pote de ouro no final do arco-íris do que indicar um humano para matar um dragão. Ele engoliu seco, em toda sua vida, nunca viu tal criatura, e também teve experiências o bastante nas escolas de esgrima para saber como esses seres distoavam demais das práticas comuns.
Nem magos teriam facilidade enfrentando-as, quem dirá um espadachim. Aquilo imediatamente causou uma série de preocupações no marquês, pois o conde Minus era seu vizinho, e era sabido ser uma testemunha ou participar do caso quando seu vizinho cometia ou sofriam de um crime. Resumindo, por conta do evento no condado, seria previsível que a igreja de Lithia logo viesse ao seu domínio em busca de traços dos envolvidos ou até de possíveis cultos no território.
Piorava ainda mais quando o rei, um homem bastante ácido quando se tratava do sobrenatural, poderia facilmente forçá-lo a colaborar. Verdade seja dita, Sion nunca se envolveu e nem pensava em ter laços com cultos demoníacos — ele era um pai e até então alcançou tudo o que queria, na sua cabeça fazia pouco sentido ser ganancioso. O problema vinha quando se tratava da política, nenhuma alma era santa nesse campo, nem mesmo o próprio marquês.
“Se eles descobrirem dos meus planos e forem atrás dos meus contatos, ou talvez pegarem nossos documentos com as contas, é extremamente perigoso eu ser colocado excomungado.”
Ser excomungado significava se tornar um excluído da igreja e do mundo. Os fieis de Lithia não eram bobos, todos tinham noção do poder político e social em suas mãos devido a religião, e cada um usava isso ao seu favor de forma a alcançar seus objetivos. Alguns eram nobres, outros perversos, ele temia justamente o segundo tipo justamente porque sem sombra de dúvidas poderiam derrubá-lo quando menos esperasse.
“Não posso liderar nenhum movimento envolvendo paladinos ou sacerdotes, suspeitarão que estou lavando minhas mãos de algum pecado. Que inferno, logo agora preciso de tanta cautela?” A mente do marquês acelerou, procurando uma alternativa viável. — Envie uma mensagem para os nossos oficiais nas fronteiras para avaliarem qualquer pessoa que entre e saia. Leve uma das pirâmides com eles e capturem qualquer um com sinais de energia demoníaca!
— Sim, senhor! — O oficial realizou uma continência, deu as costas e saiu às pressas do recinto.
Logo o silêncio voltou a reinar no quarto, permitindo Sion recuperar a postura. Apertou as pálpebras de cansaço, imaginando como os eventos vinham de mal a pior. Primeiro, o sequestro da sua filha, então uma visita da bruxa, o ataque ao covil dos ladrões e agora o aparecimento de um dragão. Por algum motivo, algo não lhe caia bem, dando a impressão que as coisas pareciam caminhar num ritmo estranho.
O cansaço de lidar com um feudo inteiro lhe tirou dias de sono e fios vivos do cabelo, trocando-os por olheiras e pontinhos grisalhos na cabeça. Dificilmente teria calma com alguma coisa, e quando uma nova crise surgia, tudo o que podia fazer era suspirar, erguer o queixo e resolvê-la.
— Querido, por que Merk estava tão apressado nos corredores?
A dona da pergunta era uma belíssima moça na porta do escritório, que entrou de maneira tão tímida que nem mesmo o ranger da madeira ecoou. Era uma madame linda da cabeça aos pés, com cabelo prateado e olhos roxos profundos, características herdadas por Silva. Um vestido verde-limão caia sobre o corpo, joias adornavam o pescoço e braços, além do cabelo ser longo e amarrado num rabo de cavalo.
— Lizabeta, não é uma boa hora para entrar…
— Ma-Mas você até me chamou pelo meu próprio nome, tem alguma coisa de errado, não tem?
— Não é nada com que se preocupar. Eu já mandei uma ordem para Merk e ele deve resolver o problema em breve. Por que não vai ver Silva? Ela diz estar se sentindo sozinha.
— Querido, mesmo passando muito tempo com a minha princesa, ela se nega a querer ficar tanto tempo comigo e às vezes foge dos meus abraços. Sinceramente, isso tudo está me deixando cada vez mais triste… Primeiro, nosso filho saiu de casa rumo a escola, então a nossa pequena foi levada… Você não pode ser um pouco mais sincero comigo, só pelo meu bem?
O marquês não pôde fazer muito além de se reconfortar na cadeira e respirar fundo, pedindo-a para entrar. Lizabeta, a esposa do marquês, parou ao seu lado e segurou sua mão, com um par de olhos brilhantes como os de alguém que iria chorar. Sion se viu sem escolha além de abrir sobre o ocorrido, e foi de se esperar uma nova reação de espanto vinda da madame.
— Minha nossa, isso realmente aconteceu? Eu sempre ouvi rumores ruins a respeito do conde Minus, mas em pensar que tal coisa aconteceria…
— Talvez seja punição divina. Os deuses viram o tanto de sujeira naquele homem e quiseram puní-lo. Francamente, foi merecido, agora ele ficará na mira da igreja por um tempo.
— Sim, mas pode significar que estamos igualmente ameaçados… Meu querido, não acharia melhor se abster dos deveres de marquês por um tempo? O contato frequente com isso lhe deixará louco.
— Eu não posso agora, Liza. O meu marquesado precisa de mim agora mais do que tudo.
A tentativa tinha sido em vão, mas a madame decidiu respeitar, por isso, permaneceu próxima, conferindo carinho e amor necessário para que continuasse forte. Deve ter sido por causa disso que aquele homem não caiu em nenhum momento durante a tempestade.
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