Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 21: Descobertas em Carcere
Como esperado, o corpo de Liane foi deixado dentro de uma cela escura, mas pelo menos fizeram o favor de enfaixar seu olho para conter parte do sangramento. Fora isso, nenhum outro apoio foi fornecido, permitindo à plenitude reinar dentro da prisão.
Er’Ika usufruiu da pouca força restante naqueles músculos para analisar os arredores, controlando meticulosamente o olho. Não conseguia ainda focá-lo, quando perdia a concentração a pupila rolava para um lado aleatório, mas serviu bem em dá-lo uma noção espacial. Eles estavam dentro de um cubo de quatro paredes de tijolos de pedra, tendo uma delas uma porta de barras de metal enferrujadas. Não haviam camas, apenas trapos que serviam como lençol, enquanto o piso duro seria o travesseiro.
O desdém de Er’Ika considerou o local bastante aconchegante, se pudesse, aproveitaria para também colocar uma goteira irritante no canto do luxuoso quarto para terminar com aquele inferno. Após soltar um suspiro interno, fechou outra vez os olhos de Liane, tendo feito uma varredura grande o suficiente para saber com o que se preocupar.
Ele só precisaria se atentar aos sons e em último caso mover o garotinho. Era perigoso fazer isso, já que o estado atual de Liane estava muito longe de “estável”. Seus músculos possuíam diversos rasgos e a ferida escondida nas faixas não dava menor sinal de melhora, mesmo com o esforço e concentração da entidade para repará-la o máximo possível.
Ainda é preocupante a sua situação, pequenino. Torço para que melhore porque dividimos o mesmo receptáculo… Enquanto isso, vou reavaliar os dados que adquirimos, quando você acordar com certeza ficará completamente confuso e desesperado. Melhor prevenir do que remediar, como os humanos dizem.
Coletando as informações espalhadas pelas memórias de Liane, Er’Ika logo se viu diante daquela mesma informação de antes sobre a existência do mana. A raiva ficou evidente na forma como tratava aquela falsidade, no entanto, logo se deparou com uma curiosidade interessante do homem Quari: ele comia muito mais que os outros e não engordava, além de usar magia.
Isso fez pequenas centelhas de ideias surgirem em sua mente. Se de fato Quari usava magia e existia uma suposta energia de onde vinham esses poderes sobrenaturais, então não significava que o “mana” era somente a energia produzida pelo corpo sendo utilizada em excesso? Parecia fazer sentido, e para usarem a justificativa de uma força mágica existir, deveria ser porque não podiam analisar friamente as partes internas do corpo humano.
Er’Ika esperava que o conhecimento não fosse lá tão avançado, além do mais, ele sabia de coisas que nem mesmo Liane imaginava acontecer dentro de si. Já que os seres humanos possuíam tão pouca consciência de si mesmos, logo, ficava mais claro como precisavam encontrar razão por outros métodos, e o que escolheram foi nomear a existência de uma energia fantasiosa para a manutenção da vida.
Posso também estar enganado e isso ser uma má interpretação daquele sujeito morto, contudo, se eu estiver certo sobre isso, quer dizer que Liane pode fazer mais do que reforçar o corpo… Hmmm, agora quero saber! Vamos fazer experimentos!
A entidade puxou apenas uma pequena parcela da energia produzida pelo corpo de Liane e a carregou lentamente para uma das mãos. Todo cuidado era necessário, pois puxar um pouco demais comprometeria as demais funções, tal como a recuperação de uma parte do rosto e da reconstrução dos músculos, por isso, uma quantia curta era o ideal para se trabalhar no momento.
Infelizmente, dentre os dados disponibilizados pelo cadáver de mais cedo, não havia nenhuma forma concreta de externalizar a energia, no entanto, haviam muitas citações sobre o controle fino de elementos, tal como fogo. Para invocá-lo, era necessário disparar uma quantia grande o bastante para fora, cedo ou tarde as chamas surgiriam.
A explicação era muito sem sentido, mas Er’Ika lançou uma carga pelas mãos de Liane, o que não resultou em nada. A energia apenas bateu na ponta dos dedos e retornou por onde veio, tomando seu rumo entre as células. Outro quebra-cabeça apareceu na mente da entidade: como externalizar algo que não tinha forma de sair? Para isso, focou sua consciência em cada parte de Liane, procurando um local por onde seria fácil tirá-la, mas imediatamente se arrependeu.
Os orifícios com maior chance de sucesso eram o nariz, a boca, os ouvidos e os órgãos inferiores. Estes, especialmente os últimos, não eram nada aptos para realizar isso. Pior que isso foi a consciência de Er’Ika imaginar uma pessoa cuspindo fogo por onde não deveria, a dor de ver a cena se desenrolar na sua mente foi imensa ao ponto de retornar a concentração para as mãos, local onde achou mais prático.
Hm? Como eu não reparei nisso antes?
Na ponta dos dedos de Liane, marcas se destacaram. Era como um calo, coisa que Er’Ika reparou há muito tempo, mas acreditava ser só uma reação natural da pele por causa da necessidade de carregar constante peso e tatear as coisas. Analisando de maneira mais direta, não parecia ser essa a verdadeira função daquela coisa. Minúsculos poros se contorciam ali, permitindo o trânsito de partículas de um lado para o outro. Eram minúsculos, uma pessoa comum jamais perceberia isso.
Espere, pode ser isso…! Se minha teoria estiver correta, essas coisinhas possibilitam o deslocamento de energia, e se ela interage com o ambiente externo, causa algum efeito!
Uma animosidade tomou conta da entidade, que pela primeira vez encontrou uma chance de testar algo além da imaginação comum. Novamente acumulou a energia dispersada pelo braço e concentrou na mão, mas, ao invés de apenas deixá-la se locomover normalmente, focou tudo na ponta dos dedos.
Uma suave descarga elétrica correu para fora dos dedos de Liane e se dispersou pelo piso, chocando por completo Er’Ika, que sorriu por dentro como nunca antes.
É claro! Agora eu entendi! Hahaha, Liane, você ficará bem surpreso quando voltar, acredite em mim!
E assim, a entidade decorreu os mais diversos experimentos com aquela particularidade, aventurando-se num mundo desconhecido e se satisfazendo mais e mais com seus resultados. Ele descobriu a essência da magia.
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