Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 59: Ritual Demoníaco
Liane agiu por impulso, quebrando a janela e alertando a figura no centro do quarto. Ele não sabia o porquê fez isso, muito menos o motivo de partir para cima de algo macabro assim do nada, tudo o que sua mente dizia era o iminente perigo por trás daquela pessoa. Se deixasse o ritual acontecer, sentia que seria seu maior arrependimento, a sua intuição gritava para impedi-lo antes que fosse tarde demais.
Pare com isso, agora! Você vai morrer!
Contra a vontade do garotinho, Er’Ika tomou o controle de suas pernas e o fez recuar um passo para trás, a tempo de evitar uma enorme foice traçando uma linha reta no mesmo local que estava. O sujeito encapuzado girou a arma e apoiou contra seu ombro, analisando friamente a pequena criança por trás de uma máscara feita de pele e ossos de boi.
Um arrepio subiu pela espinha de Liane. A máscara parecia viva, a névoa escura por trás dos tons brancos dos ossos escondia uma presença sobrenatural, de outro mundo. Não era a mesma coisa que andar perto de um demônio, ou até mesmo reconhecer e estar ao lado de Er’Ika, era algo completamente diferente, como se estivesse perante a um criatura que renasceu dos mortos como penitência.
A coisa não disse nada, retornando a foice para a outra mão e preparando o próximo ataque, permitindo que o gume arroxeado e a caveira no topo do cabo se destacassem em meio ao movimento diagonal rumo a ele. O garotinho conseguiu se esquivar por um triz, recebendo um corte leve na bochecha e vendo os fios de cabelo preto voando.
“Er’Ika, o que eu faço?!”
Só fuja, idiota! Essa coisa está fora do seu escopo!
“Mas se eu for embora, esse cara vai sacrificar…!”
É a sua vida ou a de um completo desconhecido, apenas fuja de uma vez!
Liane perdeu o controle de seu corpo novamente, apenas para Er’Ika controlá-lo e lançá-lo em direção a parede, evitando ter a cabeça cravada pela foice, que quebrou as tábuas de madeira do piso.
Ele vai te acertar antes de chegar perto o bastante, existe pouca coisa que possamos fazer… A não ser que…
“A não ser que o que? Fala logo!”, ele berrou dentro de sua mente, agachando enquanto via a ponta da foice passar por cima da cabeça.
Eu reconheço o ritual dele por causa do Demonicon. É um genérico, feito para aumentar o poder demoníaco de uma pessoa ao sacrificar uma vítima pura. Se o sangue da pessoa cair no meio do círculo do ritual, ela será aprisionada e sua alma consumida para as criaturas do reino inferior. Tudo o que você precisa é pegar aquela espada e dar um jeito de acertá-lo no meio do círculo!
— Isso é mais fácil falar do que fazer!
Próximo ao corpo deitado da criança, estava a espada. Lançando uma energia estonteante nas panturrilhas, ele se impulsionou na direção da arma, pegando-a no meio do embalo. Era muito pesada, ao ponto de precisar arrastá-la e arriscar grande parte de sua velocidade. O sujeito estranho notou e hesitou em avançar mais uma vez, mas sabia que não haveria outra forma de vencer a menos que derrotasse a criança. Se pudesse, teria já matado a vítima no centro do círculo, uma pena que era mais importante se livrar da interrupção no momento.
A foice passou por cima de seus ombros, apontada para Liane, cujo corpo gelou por um momento. A coisa avançou em sua direção, e ele não teve escolha além de estocar em linha reta. O ataque errou, o garotinho era fraco demais para acertar devidamente, nesse breve espaço que a lâmina da foice rasgou o ar em sua direção. Por sorte, ele levou a cabeça para trás e o fio passou por centímetros da ponta do nariz.
Já que nada funcionava, ele tinha que usar outro truque. Uma forte corrente elétrica correu por seus dedos rumo a adaga escondida, fazendo a estática estalar no vento. De uma hora para a outra, ele arremessou a adaga, sendo rapidamente aparada por um movimento rápido da foice, no entanto a eletricidade se dispersou pelo vento e atingiu o monstro, paralisando-o.
Essa era a oportunidade de Liane fugir. A paralisia duraria muito pouco tempo, não era o bastante para atingi-lo.
Corra na direção do círculo. Eu farei uma coisa, preciso que confie em mim.
“Eu tenho que confiar, minha vida pode acabar a qualquer instante aqui!”
O garoto não pensou duas vezes antes de se aproximar do círculo, empurrando a criança no meio para tirá-la do confronto direto. A essa altura, o efeito da paralisia tinha acabado, e agora o homem com máscara de boi vinha em sua direção sedento por retirar o último fôlego do pequeno.
Então, um frio se espalhou pelo ambiente.
Em meio a luz das velas e entre os ossos de animais, uma enorme sombra se projetou na parede, com um grunhido demoníaco saindo de seu corpo. Os dois por um instante pararam e suas cabeças foram na direção do som, a sombra se tornou uma abominação, com centenas de olhos vermelhos e tentáculos mexendo, junto de bocas proferindo diversas palavras sem sentido.
A pessoa encapuzada ficou congelada juntamente a Liane, os dois tremeram perante o terror do que quer que fosse aquilo. Não era nem demônio, nem anjo, mas algo transcendendo as leis naturais do mundo, e era também a exata chance para Liane se aproveitar.
A espada entre suas mãos refletiu a luz do sol na distância, bastou um movimento para atravessar o peito do inimigo e seu sangue cair pelo peito. Logo as gotas se espalharam no círculo, manchando o centro com tons carmesins e um brilho vermelho intenso.
— Não! O que você fez?!
O grito do cultista ecoou pela sala, antes de mãos espectrais surgirem do círculo e agarrarem seu corpo, arrancando a pele e a carne, até enfim restar nada além de um esqueleto em meio a um choro de dor. Er’Ika rapidamente retornou ao corpo de Liane, desfazendo a assombração na parede e se preparou para o pior. Uma agulha negra saiu do círculo, apontada diretamente para o garotinho, que teve o coração perfurado pelo espinho e sentiu o mundo à sua volta escurecer.
Liane? Liane, fique acordado!
As palavras estavam muito longe para serem ouvidas. Uma explosão de chamas rubras inundou a vista, antes da realidade inteira se tornar um breu.
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