Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 35: Bandida Difícil de Entender
Uma breve investigação foi realizada com os capangas do esconderijo, citando a aparência de Zana acompanhado de um desenho muito infantil de como ela era. Mesmo tendo a referência visual, quase todos disseram não terem visto uma mulher semelhante, algo bastante inesperado, pois a irmã era a única pessoa ruiva no vilarejo inteiro. No entanto, um sujeito se apresentou com um comentário importante.
— Eu acho que vi uma pessoa assim… — disse um jovem, o mais novo dentre os capangas, coçando o queixo enquanto olhava para a figura no papel e retomava os detalhes. — Sim, sim, eu lembro. Ela usava botas de couro e tinha uma pele meio morena, né? Também usava uns brincos.
— Isso, é ela mesma! — afirmou Liane, dando pulinhos e estufando os olhos de expectativa.
O rapaz ficou desconfortável com o jeito assertivo do menino, mas deu de ombros e continuou: — Mais ou menos quando terminamos o ataque, eu vi uma sombra no meio das árvores. Talvez fosse uma impressão ou miragem, porque não vi o rosto direito, no máximo os brincos e um pouco de suas pernas. Ela estava meio… vermelha, eu acho?.
— Por que você não reportou isso a mim? — indagou a chefe, com um olhar extremamente afiado na direção de seu subordinado, o que causou calafrios na espinha.
— Be-Bem, chefe, é por isso que falei que não tenho certeza se era alucinação minha! Aquela mulher mais parecia um fantasma do que qualquer outra coisa, eu até tive pesadelos! Eu também só vi por um curto tempo, de uma hora para a outra ela sumiu, e não teve barulho ou movimento algum, juro! Foi como uma assombração. Eu vivo com medo de fantasmas desde aquele dia!
Jessia teve vontade de enfiar um soco na face do subordinado, mas ao reparar na expressão cheia de felicidade de Liane, guardou o desejo para mais tarde. Pelo visto, tal informação aumentou sua moral, pois antes o olhar do garotinho era morto como o de um peixe pescado do oceano. Aquilo de fato causou alívio no menino, significava que Zana estava viva.
Mesmo que houvesse a chance de erro, a esperança cresceu dentro de si, pois ele poderia cedo ou tarde encontrá-la se tudo desse certo. Após agradecer ao jovem, a dupla da bandida com seu mago mirim saiu, permitindo que o capanga respirasse em paz contra a parede.
Aqueles dois retornaram ao quarto, mas não porque estavam cansados, mas para discutir algumas outras coisas necessárias. A chefe possuía planos para o garoto, mais especificamente para protegê-lo contra futuros problemas e também controlá-lo para evitar casos como a chacina contra seus homens.
Quando a porta foi fechada, ela tratou de ir rumo a uma estante no canto do quarto, retirando uma adaga pequena, que mais se parecia com uma faca para cortar pão do que qualquer outra coisa. Aparentava ser algo inofensivo, no entanto, servia para matar igual a uma lâmina amolada — apenas sem as propriedades cortantes e sem a mesma qualidade.
A chefe jogou a adaga dentro de uma pequena bainha, e Liane pegou enquanto ainda estava no ar, analisando aquela coisa estranha em suas mãozinhas.
— Use com cuidado — alertou Jessia, em seguida separando uma muda de roupa em cima da cama. — Anda, vista, já cansei de ver você indo comigo usando esse saco de batatas no corpo.
— Por que tá me dando tudo isso? Eu não sou prisioneiro?
— Você foi promovido para meu animalzinho de estimação. — Ela deu uma risada sádica, antes de cruzar os braços e se encostar na porta. — Para ser sincera, quero fazê-lo parecer um pouco importante entre nós e ter como se defender, além de que também quero te obrigar a ter um favor comigo.
— Eu ainda te odeio.
— Uau, que resposta fria e direta… Pode me odiar à vontade, tem muita gente que me odeia da mesma forma, não me importo de adicionar mais um na minha lista.
Liane se incomodou com aquelas coisas. Ele gostava de ser tratado assim, mas era impossível negar suas emoções negativas por essa mulher. Por causa dela seu vilarejo foi atacado e sua antiga vida foi arruinada, lançando-o numa espiral de desgraças da qual nunca queria ter encontrado. Ainda assim, ela estava bancando ser boa gente, quando a mentira permaneceu escancarada em seu rosto.
— Queria saber o quanto você tá me xingando dentro dessa sua cabecinha aí… — falou a bandida, batucando os dedos na lateral do crânio. — Hah, relaxe, garoto, eu só quero ter uma dívida contigo, mas duvido muito que você pague. Se por acaso sua consciência vier e você me recompensar um dia, eu possivelmente já estarei enterrada num buraco qualquer.
— É porque não faz sentido! Não faz o menor do menor sentido tudo o que tá acontecendo!
— Claro, não é pra ter. Eu só me interessei por você e quis te dar uma mãozinha, mas não se preocupe, quando Z voltar, você será completamente dele e esquecerá de mim numa questão de dias.
Parte daquelas palavras captaram a atenção de Liane, que já havia trocado de roupa para uma blusa amarelada mais confortável e uma bermuda escura, combinando com um par de sandálias grandes demais para seus pés. Ele se sentia melhor naquilo, só que precisava urgentemente de um banho.
— Eu quero entender porque você é assim comigo…
— Tenho que explicar mesmo? É porque você me interessou, fim da história.
— Isso não diz nada! Como destruir meu vilarejo e depois dizer isso poderia explicar?! Tem algo a mais, eu sei! Eu não sou burro!
Aquela altura, Jessia deveria ter espancado o garoto para fazê-lo se comportar direito, porque essas respostas e insistência lhe davam nos nervos. No entanto, impressionantemente, ela não retrucou, muito menos sentiu ira por causa disso. Era como se olhasse para uma criança sendo criança, com seus comportamentos chatos e irritantes que torravam a paciência do mais paciente adulto.
Ela suspirou e sentou na outra cama do quarto, juntando a ponta dos dedos e se inclinando para frente, dizendo com um sorriso maléfico:
— Eu vou lhe contar o motivo, se é o que tanto quer saber.
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