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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Liane saiu em disparada justamente para evitar um esporro, especialmente depois de falar em voz alta como o cavaleiro poderia ter gostado dela. Aymeric, já na metade do caminho de volta ao seu batalhão, avistou aquela coisinha ficar ao seu lado com uma expressão temerosa. Conseguia imaginar com facilidade o motivo disso, pois ele também já foi criança em uma parte de sua vida.

    Segurou a risada, achando muito fofo esse lado da garotinha. Mesmo que achasse um pouco triste sua situação, longe das grandes cidades e das oportunidade de completamente mudar sua vida, não deixava de ter um grau de afeto com a criança. O cavaleiro acenou para seus homens, que retribuíram o gesto e já estavam montando barracas na parte mais aberta das planícies.

    — Qual seu nome? — perguntou Aymeric, andando lentamente para que a menina o acompanhasse.

    — Liane, mo-moço… 

    — Que nome bonito. Você deve ter ouvido o meu mais cedo. Sir Aymeric ao seu dispor. — Ele tirou uma das luvas e estendeu a mão.

    O garotinho observou o gesto e estranhou, mas logo retribuiu com um aperto, mesmo que sua mãozinha só pudesse tocar somente três dedos dele. Só nesse simples ato, ficou clara a experiência do cavaleiro, com sua pele cheia de calos e avermelhada, combinada com uma segurada firme e uma pele áspera cheia de pequenas bolhas. 

    Liane concordou, quando na realidade estava mais curioso quanto ao homem, pois sua aparência e jeito eram contrastantes demais para deixar passar. Ambos se aproximaram do acampamento, os soldados cumprimentaram o cavaleiro com uma continência, no entanto, não deixaram de perceber quem estava ao seu lado.

    — Meu senhor, quem é essa criança? 

    — Ela se chama Liane. — Indicou com o polegar a pessoinha ao lado. — É uma graça e facilitou um pouco a nossa vida, não precisaremos ouvir a senhorita reclamar pela cama estar desconfortável ou falar que tem frio… Enfim, deu um jeito de evitarmos perder mais sono.

    — Mesmo?! Nossa, você é uma salvação, garota! — O soldado saudou com as mãos para o alto. — Você não imagina o tanto de problemas que passamos porque a senhorita vive reclamando!

    — Quem é a senhorita? — perguntou Liane.

    — Você não a conhece? — indagou Aymeric, levantando a sobrancelha. — Pensando melhor, faria sentido não conhecê-la, se considerarmos o lugar que estamos. Enfim, a senhorita de quem falamos é a pequena Silva Tanite, filha do marquês Tanite e bastante famosa pelo seu temperamento.

    — Ela é uma pessoa legal? Eu poderia tentar me tornar amigo dela.

    — É melhor não, Liane. De preferência, fique longe. Se você chamar atenção, talvez acabe sofrendo com uma ideia mirabolante dela, e acredite, a maioria dos meus homens quase desistiram do trabalho depois de caírem nas garras daquela garota. 

    A criança teve alguns tremores só de imaginar o que aconteceu. Era experiência o suficiente os abusos com Justi, não queria estar na mira de outra pessoa, ainda mais quando esta tinha um poder muito enorme e que poderia mantê-lo preso dentro de uma caixa por quanto tempo quisesse. 

    Aymeric pediu para Liane esperar, ele ia receber a madame e levá-la ao orfanato junto com uma parte de seus companheiros de alta patente para utilizarem os quartos. Além disso, também precisava dar comandos aos seus homens sobre o que fariam enquanto estivesse fora, associando pelo menos um superior para relatarem quaisquer problemas e necessidades do batalhão. 

    Como esse era o caso, a criança ficaria com um dos cavaleiros que os recebeu, mais especificamente o mesmo que agradeceu pela boa ação. Seu nome era Jay, ele se introduziu de uma forma bastante simpática e comentou que também era plebeu, só que no final arrumou um jeito de entrar numa escola de espadachins e saiu de lá com esse trabalho.

    Liane não estava lá tão interessado na história de Jay, preferia mil vezes ouvir sobre Aymeric, mas evitou qualquer comentário negativo para não magoá-lo, porque mesmo que chato de ouvir, aquele soldado era legal demais para ignorar, oferecendo até uma carne seca para comer naquela manhã. Tendo um amor enorme por carnes, o garoto aceitou e desenvolveu automaticamente um afeto por essa pessoa. 

    Os dois trocaram uma boa conversa, e no meio disso, avistaram uma menina saindo da carruagem acompanhado de Aymeric. Ela possuía lindos cachos de prata, com suaves mechas douradas em meio a montanha esbranquiçada do seu cabelo, que ocasionalmente eram ofuscados pelas pupilas arroxeadas. Liane ficou de queixo caído, e Jay, percebendo isso, deu uma cotovelada no seu ombro.

    — Eu sei, todos nós já ficamos assim quando a vimos pela primeira vez, mas acredite em mim, isso é só fachada pro lado ruim dela. 

    Ele entendeu muito facilmente o que isso significava, porque aparências enganavam mais do que deviam. A menina e seu cavaleiro vieram na direção deles para serem levados rumo ao casarão, mas assim que Silva chegou perto o bastante de Liane, ela lhe deu um longo olhar de cima a baixo. Piscou algumas vezes, em seguida retornando a analisar sem abrir a boca.

    — Mu-Muito prazer… — disse Liane, fazendo uma reverência desengonçada. 

    — Hm… — Sua cabeça se inclinou de um lado para o outro, seguido de mais passos e uma longa encarada. — Peguem duas espadas de madeira, agora.

    — Senhorita Silva — chamou Aymeric, o nervosismo surgiu em seu rosto, imaginando o que isso significava —, quando chegarmos na propriedade do marquês, seus treinos poderão ser feitos a hora que…

    — Eu não ligo. Traga duas espadas de madeira, é uma ordem. 

    O homem soltou um longo suspiro e comandou Jay a buscá-las, o que não demorou muito. O soldado lançou franziu o cenho em pena, vendo que as coisas saíram um pouco fora do controle. Infelizmente, os cavaleiros eram impossibilitados de ir contra as vontades de uma nobre, por isso rezaram para que Liane, fofa do jeito que era, não sofresse tanto pelos próximos momentos.

    Silva apanhou uma das espadas de madeira e jogou a outra aos pés de Liane, entrando em guarda e permitindo que o pedaço de madeira só dividisse parte de seus olhos.

    — Eu lhe desafio para um duelo.


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