Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 30: A Responsabilidade da Líder
Como pessoa de referência para um grupo de homens maltrapilhos e de moralidade questionável, Jessia com certeza passava por maus bocados. Seja por causa de sua idade ou pelo fato de ser mulher, era normal certos subordinados apresentarem desobediência, e por isso uma vez ou outra gargantas eram cortadas e uma cabeça era servida na mesa de seus compatriotas, para sempre se lembrarem como ela não tinha receio em matar quem fizesse merda.
No entanto, ela jamais pensou em tamanho desastre. À sua frente estavam os cadáveres de três homens e um garotinho ensanguentado de pé, olhando para nada além de um vazio eterno. Sua chegada havia sido tardia, com um dos seus subordinados tendo relatado às pressas sobre um barulho de explosão e um brilho nas profundezas da caverna. A maioria pensou que fosse um monstro ou coisa do tipo, então o ideal seria erradicá-la agora enquanto tivessem a chance.
O que não esperavam era achar essa cena horrorosa. Jessia soltou um longo suspiro, encarando cada uma das carcaças chamuscadas ali com desdém, enquanto o menino recebeu um olhar de curiosidade. Isso de forma alguma era um feito comum, na verdade, sequer se acreditava que aquela criança fosse o responsável, por isso eles procuraram em todo canto por algum monstro ou coisa do tipo antes de lançarem as sortes em suposições e teorias.
— Esse moleque é mesmo bom em surpreender… — comentou, abrindo um bolso lateral de sua armadura de couro para dá-lo uma poção de cura. — Você já me custou 6 moedas de ouro e me dará 64 em retorno, então sinto menos dor em dá-lo isso.
O líquido desceu pela garganta de Liane, que permaneceu imóvel. A bandida balançou as mãos na frente do rosto do garotinho, mas seus olhos vazios falavam muito sobre seu estado mental e até mesmo como estava por dentro. Magos, ao usarem uma grande quantidade de energia de uma vez, entravam num tipo de estado demente, em que suas reações se tornavam escassas e caso não recebessem apoio imediato, seus corpos começariam a desmoronar antes de ter falência total.
Aquele garoto fez exatamente isso, ou aparentou fazer. Se combinado também a hemorragia, ele estaria morto em questão de minutos. Jessia não hesitou em pegá-lo no colo, mesmo sujando seu traje de sangue e escurecendo parte do cabelo grisalho. Por mais que nutrisse uma raiva de perder o seu mago e ainda por cima ter que cuidar de um moleque tão problemático, por algum motivo, havia gostado dele. Essa garra de continuar vivo, esse estilo despojado e esperto a lembrava de sua infância. Ela já foi assim anos atrás, antes de ter sua gangue e antes de obter tanta experiência.
Por mais que odiasse a simpatia por serem semelhantes, não podia negar sua existência.
— Limpem essa bagunça para ontem e reúnam todos, agora! Quem desobedecer se prepare para ser capado e ter as bolas presas numa estaca de madeira para os vermes comerem!
Esse grito, seguido de um olhar altivo e autoritário, causou temores até no bandido mais durão. Quando nesse estado, Jessia não estava para brincadeira, ela queria o sangue dos culpados e faria uma limpa em cada um deles se suspeitasse o mínimo. Cada um fez seu devido papel, recolhendo armas e equipamentos dos homens caídos e adicionando ao tesouro.
Havia também moedas de cobre no meio, mas estas foram postas nos bolsos daqueles que cuidaram de descartar os corpos. Após limparem tudo, deixando só a poça de sangue para secar e desaparecer mais tarde, todos se reuniram na sala em que usavam de taverna. A maioria perguntou uns aos outros o que houve, suas expressões de choque ao saberem da notícia foi hilária aos olhos da chefe, que queria procurar um farsante no meio de tudo isso.
Aqueles que possuíam as reações mais exageradas eram os principais na sua lista. Ela franziu o cenho e entortou os lábios, criando uma péssima carranca para quem a visse, o que era um fator adicional no medo por sua própria vida. Para a chefe até mesmo vestir um rosto tão feio, queria dizer que um deles morreria hoje. Inclusive, alguns lançaram a sorte para saber quem seria o alvo dessa noite.
Assim que os últimos homens entraram na sala, Jessia colocou um grupo em cada saída, impedindo que qualquer um pudesse escapar caso tivesse essa ideia. Subiu no balcão, suas botas cheias de lama mandaram sujeira com um chute, pegando em alguns idiotas que escolheram tomar seus lugares próximos de mais. Ninguém reclamou, especialmente os atingidos, pois agora era o pior momento para questionar sua líder e exigir respeito, o qual ela não possuía nenhum por ninguém.
— Escutem, seus maricas e descerebrados! — sua voz se ergueu mais que o normal, refletindo ainda mais sua raiva. — O nosso menino da sorte foi atacado… Não, quer saber? Ele não é o menino de sorte de vocês, ele é o MEU menino da sorte. Vocês, retardados de uma figa, malditos que tem merda no lugar dos miolos, deram um jeito de quase FODER com tudo o que acumulei por anos e anos. Alguém aqui tem ideia de como é mexer com um assassino da Lâmina Fantasma, não é? Eu acho que vocês sabem o que ocorreria com cada um aqui se Z voltasse e o moleque estivesse morto depois de tudo o que fizemos, não é? Ou tem algum filho da puta que não entendeu ainda o tipo de merda que aconteceu, hã?!
Ninguém teve a coragem de retrucar, mas, foi só por causa disso que Jessia arrancou o sabre da bainha. A espada curva brilhou com a luz das chamas nas paredes, misturando-se à feição demoníaca da mulher, que cada vez mais se tornava enraivecida. Nenhum deles, nem o mais poderoso e confiável dos seus camaradas, valia de uma mísera moeda de ouro. Ela poderia matar todos e ainda sair feliz com isso, mas, dessa vez, ela ficou tão furiosa que enfim descartaria os malditos que lhe causaram problemas até agora.
— Quem eu chamar, venha à frente, e quem se recusar a vir será torturado lentamente até implorar por misericórdia… Os que implorarem eu vou colocar pessoalmente no topo das árvores ali fora para serem queimados pelo sol e comidos por corvos, tudo porque foram idiotas demais para acreditar na falácia de que podem fugir com minhas riquezas e arruinar o que construí!
E outro banho de sangue manchou aquela noite.
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