Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 28: Varredura em Território Inimigo
Liane acompanhou a chefona escondendo seu desdém a todo custo. Ele a odiava de alma, no entanto, jamais poderia externalizar o sentimento se a visse por perto, foi o que Er’Ika o alertou caso quisessem manter um perfil baixo e neutro. Por hora, precisavam ser obedientes e silenciosos, lentamente coletando informações até darem um ataque derradeiro.
Jessia não lhe disse o porque chamou, muito menos diria até terem andado muito por aqueles longos corredores de pedra, um detalhe do qual ambos já estavam cientes. Ela era uma mulher que odiava falar, e se falasse, seriam apenas as coisas necessárias no momento, como se tivesse cautela sobre cada informação solta de sua boca. Alguém inevitavelmente apareceria com esse estilo de personalidade em seu “âmbito de trabalho” — traições, mudanças de planos e matanças eram coisas comuns, logo, ter cautela para com todos, até mesmo uma criança, seria o requisito mínimo para o crime.
Depois de minutos caminhando, eles chegaram a uma sala isolada quase que no fundo do sistema de cavernas, onde havia um armazém de equipamentos enferrujados e novos, além de barris de comida e garrafões enormes de água. Por fim, no meio de tudo isso, tinha uma engenhoca esquisita, com um funil na parte de cima e um espaço para acoplar um recipiente em baixo, tendo o meio com uma caixa metálica alaranjada, sem nenhum detalhe a mais.
— Você tá vendo isso, pivete? — indagou Jessia, agarrando-o pela nuca para chegar mais perto. — Isso é um filtro. Ele serve para transformar água do mar em potável, e é um baita economizador de dinheiro e tempo. Você só vai fazer a mesma coisa de novo, mas dessa vez encosta a mão na caixa de bronze, ouviu?
Liane acenou com a cabeça e se aproximou da máquina, subindo num toco de madeira para alcançar o bloco laranja com as duas mãos. Jessia encheu rapidamente o funil com alguns galões de água salgada, enchendo tudo ali dentro e então acenando para o garotinho começar.
Ele respirou fundo e mais uma vez guiou a energia para a ponta dos dedos, descarregando eletricidade sobre o objeto e energizando a máquina, que logo começou a funcionar e emitir ruídos esquisitos. Abaixo, onde outro galão maior foi posicionado, caiu jatos d’água um atrás do outro, trazendo consigo um líquido limpo e sem o cheiro forte de sal. Era impressionante a forma como essa engenhoca funcionava, puxando muito a curiosidade de Liane, que por viver num vilarejo, nunca viu nada além das ferramentas rústicas do campo e um trabalho braçal contínuo.
— Eu consigo ver no seu rosto duas curiosidades: o porquê vim sozinha e como essa máquina funciona — comentou a bandida, rindo da face desnorteada do garoto. — A primeira é porque eu não preciso me preocupar contigo. Desde que pedi para usar sua magia, descobri na hora que o seu tipo não é de magias evocativas, porque você não tem habilidade alguma.
Magias evocativas, um tipo de magia do qual Silva explicou ser a manifestação do mana em uma forma mais pura. Isto era a criação de eletricidade na ponta dos dedos de Liane. Era mais complexo de praticá-la e usá-la, e como o garotinho estava nas suas primeiras tentativas com aquilo, ainda demoraria muito para se adaptar.
— O que você deve saber usar, moleque, acho eu que seja magia de aprimoramento. O que aconteceu a Quari não é algo que pode ser feito com uma explosão, nem com um relâmpago ou com água pressurizada. Aquilo foi um corte ou rasgo com as mãos. Também é o motivo do seu corpo parecer mais fortinho que o normal, eu acho.
As magias de aprimoramento, por outro lado, era a internalização da mana, utilizando-a para reforçar o corpo e suas propriedades. Também servia para outras coisas, mas no momento a cabeça de Liane não conseguia relembrar por completo as palavras de Silva, já que eram complicadas e confusas demais, enquanto Er’Ika estava prestando mais atenção às palavras da bandida do que querendo mostrar as memórias sobre o que foi falado anteriormente.
— Sobre como essa máquina funciona, é bem simples: você põe a água no filtro e ela desce por um canal que realiza uma limpeza completa ao ter energia para funcionar. Tem uma série de aparatos aí dentro, nem eu sei com exatidão o que cada um faz, já que não sou igual àqueles nerds idiotas da academia com seus textos chatos e palavras pomposas. Enfim, só funciona se tiver um mago operando, e nem precisa ter outro esforço além de carregá-lo.
Quando toda a máquina parou de fazer barulho e despejar água, Liane se afastou, acreditando que tinha terminado o processo. Jessia gostou que o moleque tivesse entendido, então deu um leve soco na lateral do bloco de bronze, cuja parede de metal desceu e trouxe consigo um monte de pó cristalino apanhado numa rede grossa cheia de furinhos.
— E isso é todo o sal. Pode ser uma besteira de nada, mas é muito útil pra quem viaja, como nós. Mesmo que o sal seja a coisa mais barata nos tempos modernos, ele nunca deixará de ser um bom amigo.
Uma risada leve escapou de sua boca, ela procedeu em jogar uma sacola para o garoto.
— Ande, pegue seu banquinho aí e guarde essa bagunça.
Liane obedeceu, arrastando o toco para o lado dela e puxando punhados de sal para dentro, sendo estritamente avaliado pelo olhar altivo de Jessia. A mulher não ligou muito para o que ele fazia, então continuou falando:
— Quando terminar aí, você voltará para sua cela compartilhada com a garota. O seu amigo Z pediu mais favores de mim, me disse para educá-lo muito bem enquanto estivesse sobre a minha asa, então só faremos isso amanhã, porque seu gasto de mana deve ter sido alto. Sinta-se grato, pivete, pois além de salvar sua pele, ele parece ter muita expectativa em ti. É sorte demais não ter que trabalhar no fundo dessas minas…
Aquele final atiçou os ouvidos de Liane. Ele imaginou que estivessem numa mina abandonada, mas não que houvesse trabalho escravo. Talvez Zana pudesse estar lá, só que perguntar agora seria um erro, pois revelaria um ponto fraco seu de preocupação. Er’Ika até mesmo segurou sua língua para permanecer quieto. Ele só precisaria agora esperar por uma oportunidade para investigar esse lugar.
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