Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 90: Milagres de um Deus Maligno
Uma sobremesa decente.
Er’Ika apenas faltou lamber os beiços ao terminar de engolir o corpo do cultista, cujos ossos se espalharam pelo chão quando mastigou o último pedaço de carne. Mesmo não sendo a coisa mais saborosa do mundo, o tanto de conhecimento proveniente daquela mente serviu como tempero para saciar as suas vontades.
As revelações na forma do informação e o piche negro se espalhando pelo garoto — apenas para ser direcionado ao selo — mais do ganhou um lugar no seu coração, aumentando a eficiência de inúmeras funcionalidades no castelo imaginário. A essa altura, seria meio inútil encher o garoto de todo tipo de substância apenas para mantê-lo vidrado, então desligou o suprimento de imediato.
Liane caiu de joelhos, apoiando as mãos para evitar dar de cabeça com o chão. Ele repentinamente tomou consciência, como se antes estivesse agindo no automático e seguindo os instintos gravados nos genes, mas agora, sem o excesso de adrenalina no cérebro, tudo se tornou lento e turvo. Seus olhos correram ao redor do local, vendo vários cadáveres, tanto dos cultistas quanto dos bandidos. O plano de algum jeito tinha dado certo, e com as pernas trêmulas, pôde se levantar.
— Hah, hah… Uff… Deu certo? A gente venceu?
Um terremoto e o som de uma explosão na distância responderam a pergunta. Bastou inclinar a cabeça para cima para avistar uma serpente cuspidora de veneno quebrando as estruturas ao redor e devorando humanos numa única abocanhada. Qualquer criança se sentiria compelida a se encolher de medo perante àquela criatura, mas o menino, na sua ignorância e tendo se acostumado a ver coisas bizarras nos últimos tempos, respirou fundo e guardou a adaga na bainha.
Óbvio que nem tudo daria certo, isso era de se esperar. Er’Ika sequer precisou dizer algo para indicar a situação, pois os adultos ao redor estavam hipnotizados de horror e os vilões morreram sem misericórdia. Mesmo os bandidos sem coração não viam outra solução além de correr para a liberdade, apenas para o demônio matá-los com seu tamanho ou boca. De qualquer forma, seria inútil fugir, e cedo ou tarde todos dentro do porão também receberiam um destino igual.
Pior ainda era ver a expressão de Jessia, os olhos tremendo e um aperto fraco no cabo da cimitarra. Liane deu passinhos em sua direção, atraindo-a de imediato, quase ameaçando lágrimas caírem pela primeira vez daquela bandida durona. Bem que o garoto desejava vê-la chorar por causa do inferno que passaram juntos, mas agora não era hora para isso.
— Ei, você me prometeu salvar todo mundo.
— Moleque, não seja ridículo…
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— Mas você me prometeu! Vai desistir agora depois de ter ido tão longe?
— Tem coisas que nem deuses podem conseguir! — a voz saindo da garganta ressoou pelo quarto inteiro. — Eu não sou uma pessoa poderosa, muito menos uma deusa! O melhor a se fazer é fugir para longe enquanto temos a chance, será impossível matar aquela coisa! Somos humanos, pirralho!
“Ser mortal”, tal argumento seria imbatível aos olhos das pessoas comuns, no entanto, existia uma variável não analisada: um deus estava no meio deles. Er’Ika se manifestou novamente, a forma de fada aparentava ter ganho tamanho e o brilho era mais intenso, porém, em meio a um conflito tão grande, ninguém repararia.
— Oh, heroína, não se abale por isso, você tem a mim.
— Não tenho nada! Você ajudou no que deu, duvido que até uma fada mate um dragão!
A argumentação não impediu dos demais apreciarem com certa melancolia aquela criatura mágica, uma pena que o estado de todos, combinado com a morte iminente, drenou muito da admiração.
— Não estou dizendo que uma fada precise matar um dragão — explicou, voando na direção de Jessia —, mas um humano forte o bastante pode.
— O… O que você quer dizer com isso? Não olhe pra mim assim!
A luz vermelha se espalhou pelo quarto, rapidamente convergindo na direção da mulher. Uma fina linha surgiu da ponta do dedo de Er’Ika e atingiu Jessia, que deu um passo para trás pelo impacto. O paladino e o mago ameaçaram atacar a fada, que repentinamente parecia ter tomado a posição de vilã da história. Os demais também pensaram o mesmo, apenas para verem uma brusca mudança no corpo da líder.
O cabelo, antes grisalho, retomou os antigos tons escuros, seu rosto obteve um tom mais vivido e as veias expostas devido a idade desapareceram. Ela rejuvenesceu.
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Isso era um pequeno truque que Er’Ika aprendeu depois de observar o comportamento da energia demoníaca dentro do corpo dos outros e sua natureza destrutiva. Se tal coisa era feita devido sua essência, então se combinasse mana, energia divina, energia demoníaca e uma consciência parcialmente ligada a si, não seria possível criar basicamente uma máquina que reconstruía qualquer organismo de dentro para fora? Pelo visto, sim, a própria cobaia provava isso.
Ela ficou completamente sem palavras, retirando as luvas para perceber como a pele enrugada e os calos sumiram. Era mágico, um poder além da compreensão humana comum.
— Se sente mais confiante agora?
A pergunta veio igual uma faca, cortando parte das preocupações dela. Era verdade que seria impossível ganhar com um corpo velho e longe de seu pico, mas ganhar a juventude novamente era absurdo. Se antes achasse que sua chance era nula, agora poderia pelo menos crer numa minúscula possibilidade de vitória.
— Não é o bastante…
— Eu sei, então lhe darei um último milagre.
A cimitarra recebeu o mesmo tratamento, dessa vez Er’Ika trataria de modificar o objeto inanimado a níveis monstruosos. Era muito mais fácil analisar a estrutura de um não-vivo do que uma coisa viva e em constante movimento, tanto que arrumar o fio ao relocar a estrutura molecular foi brincadeira de criança, o toque final era um capricho da entidade.
No livro de magia que Ludio disponibilizou, havia uma aba falando sobre encantamentos. Era necessária uma fonte de energia forte para gravar dentro do instrumento alguma propriedade, e usando os princípios do livro, bastava um mero truque para criar armas de guerra de primeira linha.
Claro, para qualquer iniciante em magia, tal coisa era impossível… mas para um deus, que tinha acabado de colher uma memória excelente para encantamentos, era um passeio no parque.
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