Índice de Capítulo

    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Verdam ficava bastante silenciosa durante a noite. A cada rua, apenas as patas de baratas e os guinchos de um rato escapando com sucesso por um buraco surgiam, ou seja, essa cidade era o berço para assassinos e um parquinho para facas serem utilizadas. 

    Celine reconheceu esse fato após por os pés pela primeira vez ali, a atmosfera fedia a sangue e muitos olhares alvejaram suas costas nos pouquíssimos dias que usaram para se adaptar. Por isso, a cada instante uma adaga ficava na distância de um palmo, para apunhalar qualquer pessoa má intencionada e sair de cena o mais rápido possível. Ela ainda era uma garota comum, logo, obrigou-se a tomar precauções caso fosse emboscada num dever que Zana lhe passasse, ou até se estivesse com Liane num local perigoso.

    Lâmina Fantasma, a organização especializada na criação dos melhores assassinos, ensinou muito de como compreender o mundo sem a visão. Os demais quatro sentidos dela se apuraram conforme o tempo, logo, captar um cheiro desagradável ou ouvir uma estranha batida na parede ao lado se tornou costumeiro. Somado ao treino desgastante, Celine se tornou formidável para seus 11 anos de idade.

    Em outras palavras, ela conseguia literalmente ler o clima de um ambiente usando seus sentidos. A noite lhe revelou muitos segredos, desde os chiado de metal roçando em metal ou até identificar o aroma de ferro nas narinas ao passar por um caixote de madeira abandonado. Os sussurros nos becos, os passos de ponta de pé, o sabor podre na ponta da língua, o fedor em cada viela, tudo culminava na imagem degradante daquela cidade, espiralando numa podridão sem fim.

    No entanto, o trabalho dessas duas moças era de faxina. Elas andaram pela feira local, gritos de comerciantes vinham de todos os lados, causando dore nos ouvidos de Celine que era bombardeada por estímulos sensoriais. Por garantia, segurava no pulso de Zana para não se perder. Um simples café, daqueles feitos dentro de uma casa pequena e sem cardápio, era o destino. 

    Lá, havia um homem sentado numa cadeira, segurando uma folha de papel fina contendo as notícias mais recentes da nobreza. Os nobres desenvolveram um método para trocar informações e ter um meio geral para todos descobrirem da situação da família real, no entanto, tendo a maioria dos plebeus iliterados, aquele meio se reservava exclusivamente aos mais abastados. Seu nome era jornal.

    Dada as condições de papel, que era bastante demorado e exigia muitos recursos encontrados fora do país, o jornal se limitava a uma única folha com letras minúsculas falando sobre cada tópico, explicando o motivo daquele homem usar um monóculo com lente ajustável. Apenas esse pequeno adereço indicava a classe social de alguém, ou seja, elas conversariam com um homem incomum.

    Zana quem puxou a cadeira e sentou à mesa, com Celine parada ao lado. O sujeito ergueu os olhos, um cachimbo pendia na boca. Era uma pessoa velha, a barba grisalha caia pelo peito igual espuma. Com exceção do monóculo, o resto das roupas eram bastante comuns, um chapéu de aba larga escondia o rosto o suficiente para se tornar difícil identificá-lo. No entanto, um breve vislumbre trazia para a mente da ruiva quem era a figura.

    — O que o senhor deseja com a madame Isis, professor Trion? — disse, seus olhos verdes se afiaram como facas prestes a degolar um alvo.

    — O-Oh… não mate um velho do coração assim, estou na minha idade… — Ele engoliu seco, tentando uma piada para aliviar o clima, mas aquelas duas eram estátuas. — Ca-ham, eu preciso saber a respeito do passado de uma certa criança. Seria possível obtê-la?

    — Dê o nome e a aparência, assim posso acionar nossos agentes para descobrirem a respeito.

    — Certo. É um… uma garota? Enfim, não sei dizer. Ela tem cabelo curto preto, um olho de cor azul e o outro vermelho, magro, baixo, da altura de uma criança. Seu nome é… Liane.

    Aquela conversa recebeu um silêncio abrupto. Celine por um momento cerrou os punhos, tensa sobre que alguém desejava informações sobre seu mestre. Nem mesmo ela sabia tanto, por isso duvidava muito que Zana dissesse qualquer coisa. No entanto, para sua surpresa, ouviu um pequeno barulho de batida em cima da mesa, aparentemente um objeto tinha sido colocado ali. 

    Se fosse o que estava pensando, devia ser um item mágico para omitir sons, muito usado para conversas secretas como essa. Suor frio desceu de seu rosto, pela primeira vez descobriria a identidade de quem protegia.

    — Madame Isis confia bastante no senhor — disse Isis, de repente um calor tomou o ambiente, sinal de que estava pronta para lutar —, e sei que tem muitas descrenças sobre nós, porém, qualquer coisa dita aqui, não poderá sair. Do contrário, receberá uma inimiga odiosa, senhor…

    — Está me ameaçando? 

    — Não, estas são as próprias palavras da minha mestra. Celine, por favor…

    Ao ouvir seu nome, deu um passo em frente. Zana estendeu a mão apontando para ela.

    — Esta é a atual guardiã oficial de Liane. Ela foi indicada por mim mesma para cuidar dele, deixei claro que devia estar disposta a se sacrificar se necessário. 

    — Para ter uma guardiã, significa ser uma pessoa muito importante. Consigo imaginar onde queira chegar.

    — Isso mesmo, aquele menino é muito importante para a madame. Por ora, estou por perto dele para assegurar o tempo de crescimento desses dois, caso chegue um motivo para me ausentar ou se minha senhora exigir, ele estará seguro ainda assim.

    Trion se manteve parado, Celine sentiu o olhar tomando análise do seu ser. Ele não encontrou um perigo, mas reconheceu ter um perigo oculto para selecionar especificamente uma garota cega. 

    — Pelo visto, não posso convencer aquela criança a ficar do meu lado de nenhuma forma, certo? 

    — Preferimos que evite. Quanto mais o perfil dele se manter baixo, melhor.

    — Entendo. Obrigado pela explicação. Aqui uma parte de seu pagamento.

    O professor passou um objeto para as mãos de Zana, que num único movimento escondeu na manga. Assim, a primeira negociação estava terminada, ainda faltava a outra parte.

    — Agora, podemos falar do motivo principal para contactar sua mestra… Quero que se livre de ervas-daninhas para mim.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota