Índice de Capítulo

    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Os dias de Liane eram iguais aos de uma criança no campo. Ele teve muita saudade desses tempos, da vida pacífica no campo, coberta de atividades dentro da casa e o descanso no final do dia. Por causa disso, seu hábito de leitura retornou, oscilando entre os contos de fantasia que amava e os livros de estudo que Er’Ika insistia em ler. Esses livros, inclusive, o garoto odiou ler do fundo do coração.

    Seu segredo quanto ao contato de poderes demoníacos e divinos era mantido em segredo com Celine, que mantinha um comportamento indiferente e nunca abria a boca para comentar a respeito, nem mesmo pediu para conversarem. A entidade lhe explicou que foram seguidos no meio da noite por essa garota, e que depois de um breve aviso, ela decidiu ignorar tudo e tratar os dias iguais a qualquer outro. Infelizmente, os dois não sabiam ler mentes, então desvendar o raciocínio dela seria impossível.

    Um suspiro saiu da boca de Liane, que estava dentro de uma casinha no telhado. Essa coisa foi construída com base nos conhecimentos colhidos na Vila do Dente — lá havia a presença de diversos plebeus, um dos trabalhos mais comuns era carpintaria, logo, com o engenho exorbitante de Er’Ika, eles montaram um pequeno cafofo, um recanto isolado do resto do mundo. Até pensou em usar o quarto, mas lá jamais poderiam ler o Demonicon sem atrair a atenção de Zana, pois compartilhavam o mesmo cômodo.

    Então, após enfrentar uma certa resistência da irmã, decidiram montar uma pequena cabaninha no teto para estudarem à sós. As coisas vinham fluindo de maneira perfeita, tanto que naquele momento eles estudavam sobre a cidade de Verdam. Liane queria passar mais tempo brincando ou lendo as histórias de autores grandes, porém se forçou a ler aquele livro, pois seria muito útil estar bem informado se morasse ali. 

    — Erika, o seu plano de se aproximar muito da Silva deu muito errado. O que vai fazer agora?

    Estou procurando uma alternativa. Ainda precisamos de favores dela levando em conta o poder político e econômico da casa Tanite. Também quero entender porque Sion, o pai dela, não atendeu os pedidos da filha, levando em conta que deve mimá-la bastante há anos…

    Liane nunca quis morar com Silva, enquanto Er’Ika desejava desesperadamente ficar ao lado dela. O motivo se resumia ao quão útil a casa Tanite era, contendo um marquesado e riqueza que plebeus nunca imaginariam. Qualquer um ficaria louco para se tornar o consorte de uma das famílias mais influentes do reino, mas as engrenagens no cérebro do garoto funcionaram de modo diferente. Isso deu nos nervos do deus, que queria sair daquela casca o quanto antes. 

    Os sentimentos foram empurrados para debaixo do tapete. A sessão de estudos teve sua continuidade, com informações cruciais sendo anotadas pelos processos mentais de Er’Ika, que tomou nota da história, dos antigos líderes e dos feriados, além de infraestrutura e outras noções. O livro em questão se chamava “O Pináculo Comercial de Verdam”, falando sobre o passado da cidade. Um trecho era:

    “A cidade foi fundada no início de uma crise econômica gerada pelo rei Potos VII com sua política da inserção de plebeus nos meios de educação e aprendizado mágico. Devido a isso, Verdam começou numa fase de dificuldade de trocas e rentabilidade, e somado aos impostos necessários para mantê-la funcionando, a cidade quase se dissolveu pouco tempo depois. Porém, no que hoje se situa o centro da cidade, há uma grande fonte de metais importantes para as engenharias mágicas modernas e uma proliferação estranha de plantas mágicas ainda em expansão. Por ter um complexo sistema de cavernas abaixo da cidade, especula-se que seja um grande ecossistema desenvolvido no subsolo.”

    As páginas continuavam descrevendo mais a respeito dessas caractéristicas, mas Liane a essa altura tinha pouquíssima vontade para dar atenção. Seus olhos se concentravam mais no lado de fora. Soltar magias pelos dedos e sair voando entre casas era algo muito mais legal, cheio de ação e sonhos. Ele queria muito usar a magia de Lâmina de Fogo ou o Raio Elétrico, ambos feitiços muito práticos e fáceis de se usar.

    O tédio passou pelo seu corpo igual uma onda de vento. Qualquer coisa agora o traria mais alegria.

    — Senhorita Liane, senhorita Zana? 

    Essa voz se aproximou da casa com o bater da palmas. O garoto imediatamente estendeu a cabeça para fora da cabaninha, curioso ao encontrar um mago velho parado na porta. Era Ludio, com um chapéu e um cajado. Liane saiu do esconderijo e desceu por um conjunto de escadas coladas no canto do telhado, recepcionando-o com um aceno amigável.

    — Senhor Ludio, o que faz aqui a essa hora?

    — Oh, Liane, que bom vê-la! Era justamente você quem eu queria encontrar!

    O mago demonstrou um largo sorriso, fazendo a sobrancelha de Liane se levantar. O homem retirou uma carta do manto, aparentava ser um pergaminho antigo com um marcador vermelho na ponta e selada por um brasão no meio. 

    — Se não está bem lembrado, eu bem que lhe disse que iria reportar os acontecimentos a Guilda dos Magos, mas não só isso, como também obtive uma permissão para ser tutor! 

    — Tutor? Que bom, eu acho?

    — Que bom? Isso é ótimo, criança, precisa-se de anos de estudo e trabalho para ser tutor! Ca-ham, de qualquer forma, vim avisar vocês que a Guilda dos Magos está muito interessada em você! Eles me pediram para trazê-lo no próximo teste mágico para uma verificação!

    Isso parece um bom sinal e um mal sinal ao mesmo tempo. Chamar atenção é ruim, mas chamar atenção desses caras parece bom pra gente. Poderíamos encontrar mais artefatos mágicos e livros sobre magia…

    — Entendi, senhor Ludio, daí quer me levar pra eles verem do que sou capaz?

    — Exatamente. Se um mago prodígio surge entre plebeus, ele pode ganhar um tutor para desenvolver suas habilidades mágicas e no futuro entrar para uma academia de magos! O que me diz, garota, é um ótimo negócio, não?

    — Sim, é sim! Ah, mas não sei se a irmã me deixará ir… Hum, teria problema a gente sair escondido e voltar antes dela perceber?

    — Bem, o evento acontecerá hoje mesmo, na verdade, falta só uma hora até começar, eu só queria sua confirmação! 

    “Espera, o que?”, Liane e Er’Ika pensaram juntamente, agora descrentes se as palavras do mago eram verdadeiras.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota