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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Hum, esses garotos nobres são uns inúteis…

    Er’Ika se referiu à obviamente os meninos cheios de pirraça e jeito nada convencional. Os adultos, por outro lado, demonstraram ser mais capazes, preparando-se para a primeira parte da avaliação, que consistia em atingir alvos numa distância relativamente pequena. No entanto, a entidade acreditava muito deselegante essa forma bárbara de analisar os outros. 

    Como diriam as funções cognitivas e neurológicas dos outros? Como seria julgada a inteligência do indivíduo? Esses atributos eram mais importantes que a habilidade comum de lançar magia. Mesmo que nem todos tivessem o instinto para usá-la, certamente os outros elementos ganhariam mais importância uma vez que era possível qualquer um usar magia. Até onde estudou com cadáveres de outros humanos, a espécie humana tinha os porós para redistribuição de energia em sua genética.

    Ou seja, até o mero empregado de uma casa nobre poderia usar magia desde que tivesse a oportunidade. O teste obteve uma faceta entediante, sem importância. Os humanos eram ainda brutos desinformados, que não buscavam direito o conhecimento. Aquilo deu um desejo de elevar o nível, de talvez mostrar um exemplo do que era magia de verdade. 

    Posso lançar o Raio Elétrico no seu lugar?

    “Mas eu quem devia fazer, é o justo.”

    Você só sabe usá-lo por causa de mim. Quebre um galho.

    Liane largou um suspiro e revirou os olhos, relaxando o braço esquerdo. Rapidamente a dormência dominou os músculos, com Er’Ika tomando o controle dos dedos. Os alvos foram colocados à frente dos candidatos, aqueles que se sentiam mais confiáveis lançaram suas magias primeiros, com alguns riquinhos cheios de si, mascarando os lábios com sorrisos arrogantes. 

    Alguns mais velhos possuíam preocupação se acertariam ou não, mas ao verem aquele objeto ganhando um buraco no meio acabaram soltando risadas nervosas. Existiam também os horríveis, os que nem sabiam o que fazer direito ou sem força para alcançar o objetivo. Eram inúmeros, e alguns até cogitariam que Liane se enquadraria no mesmo. 

    A energia circulou pelo peito, coração e se moveu para os músculos. O fluxo veio com violência, resultado de um corpo bem alimentado, algumas faíscas escaparam para fora da pele e se ouriçaram os pelos no braço. O excesso de poder fez o cabelo de Liane flutuar, mas tudo acabou num instante, com o rugir de um trovão que voou dos seus dedos rumo ao alvo.

    Ele soltou um gritinho assustado, vendo a palha e a tinta se desmanchar durante o impacto, arremessada para o alto e virando labaredas no ar. O garoto deu um passo para trás, encarando os próprios dedos trêmulos, a ponta estava suavemente chamuscada devido ao uso intenso da magia, assim como ardia um pouco. Pouco esperava Er’Ika se exceder e chamar tanta atenção, até acreditou que o motivo de pedir o comando era para que fosse mediano igual aos outros.

    Liane engoliu seco, virando a cabeça para trás e encarando Ludio, que estava de queixo caído igual ao velho do lado. Isso não devia ser um bom sinal, ficava ainda pior com a chuva de olhares na sua direção. 

    — Essa criança tem olhos diferentes, será que…?

    — Esse barulho quase me matou do coração, que tipo de monstro é esse que encontraram?

    — De qual família deve ser?

    Muitas dúvidas borbulhavam no imaginário das pessoas, deparadas com uma anormalidade cujo nome era “Liane”. Os testes seguintes tiveram uma breve interrupção, mas depois do evento, seguiram como de costume. O segundo era uma avaliação onde procurariam um fluxo de mana diferente no ambiente — foi uma coisa tão fácil para Er’Ika que sentiu vergonha de dar a resposta, mas não demorou para que a criança também encontrasse antes de todos. 

    Por fim, houve uma prova teórica. Como diabos crianças que nem sabiam ler fariam aquilo era uma enorme dúvida, então quem tinha somente o talento bruto e nenhum conhecimento seriam chutados imediatamente. Nessa parte que Liane de fato não resistiu e teve que colar com a ajuda da entidade, cuja fonte de informação ia de um lado ao outro do mundo. 

    Assim, o dia desapareceu num piscar de olhos, com os testes cobrando grande parte do tempo. A criança não saiu tão bem de lá, na verdade, a prova no final lhe deixou desnorteado por demorar tanto, ao ponto de andar cambaleando de um lado para o outro rumo a Ludio, que lhe esperava na entrada.

    — Você fez muito bem. Tendo uma nota alta ou não, muitos dos magos da Guilda que estavam presentes demonstraram interesse em você, então isso é uma vitória!

    — Que ótimo, eu nunca mais quero fazer uma prova… — disse, com a alma prestes a sair pela boca e fugir para os céus. — O que a gente faz agora?

    — Nós esperamos… — O mago puxou um relógio de bolso, conferindo as horas. — Você não pode entrar tão novo, sua idade é qual mesmo?

    — Tenho oito aninhos…

    — Hm, vai demorar sete anos. Quinze é a idade mínima para adentrar a academia. 

    — Por que só pessoas com essa idade podem entrar?

    — É uma lei aplicada aos plebeus. Os nobres com talento em magia estudam e treinam desde criancinha, mas nós somos limitados a esperar até uma chance. Sabe-se-lá porque inseriram essa lei depois de uma reforma por conta da existência da magia, mas é o que podemos fazer agora…

    Er’Ika odiou com o fundo do coração essa coisa. Teria de esperar tanto para acessar sua fonte de ouro? Isso atrasaria muito quaisquer planos possíveis, mas talvez esses anos serviriam para Liane se desenvolver o bastante e quem sabe se aprimorar. O grande problema atual era a falta de energia em Liane devido ao seu corpo pequeno, talvez essa espera seria uma benção disfarçada.

    O que desgostava, por outro lado, era o quão difícil seria coletar memórias daquele tempo em diante. A entidade seria idiota se matasse qualquer um no caminho para coletar mais memórias, pois poderiam ser presos e entrar numa espiral de conflitos ainda maiores. Esperar para depois colher pessoas ainda mais fortes lhe parecia uma ideia melhor do que se jogar contra o fogo.

    Sete anos… sim, posso esperar tudo isso.

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