Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 113: O Homem Estranho não é Tão Mal Assim
Liane estava com bastante fome e o reflexo natural era comer. Assim que viu o pedaço de carne pairar diante de seus olhos, foi como se seus instintos tomassem conta de seu corpo e o ataque ocorresse automaticamente. Poderia estar envenenada, podre, ainda assim, teria mastigado do mesmo jeito, exceto que provavelmente cuspiria no instante que descobrisse a verdade.
No entanto, por ter um delicioso sabor de boi, as mastigadas e saliva derreteram a comida antes de descer pela garganta. Er’Ika, como um guardião minimamente consciente, conferiu a composição do alimento e descobriu sem demorar muito que havia nada de errado.
Estranho, o que será que ele está tramando?
“Não sei, mas tava gostoso.”
O garoto terminou lambendo a ponta dos dedos com sal e os beiços sedentos. Aquele comportamento parecia desesperado, porém, para Liane, não era nada demais. Carne era raríssima de se comer e cara já que a maioria das pessoas recebiam dinheiro em moedas de cobre, enquanto o valor muitas vezes ultrapassava uma moeda de prata. No orfanato, especialmente, qualquer coisa que não fosse sopa de legumes era uma alegria tremenda para sua barriga.
O rosto de Liane floresceu numa lindo sorriso de satisfação, com os olhos semicerrados dando-lhe a impressão de estar bêbado. Aquilo de fato era a melhor coisa a se ganhar após comer diariamente pão seco e copos de água por conta da crise na vila. O olho azul e vermelho dele encararam o moço, dessa vez sem demonstrar desconforto, mas era tamanha confiança que o forçou a recuar um passo para trás.
— Moço, você quer algo com a vovó? — perguntou o garotinho, disposto a cair na mentira para receber mais mimos. — Eu posso falar tudo o que quiser em troca de mais disso!
Não ouse, Liane, boca fechada!
— Está falando sério, pequeno? — indagou Vylon, erguendo a sobrancelha e se agachando para ficar na altura do garoto. — Me ajudaria bastante… qual a identidade dela?
Entendeu agora? É por isso que não devia cair no papo dele!
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— Eu não faço a menor ideia!
Aquela resposta tão direta — e muito suspeita —, causou uma confusão mental na cabeça do bispo, que duvidava seriamente se aquela criança estava plenamente sã. Ao menos, a julgar por sua postura e completa falta de vergonha, aparentava não contar nenhuma mentira.
— E como vocês se conheceram?
Essas palavras desmancharam o semblante de Liane, arrastando-o de volta para as memórias das quais preferia afundar no mar de informação ao invés de emergi-las.
— Eu… — Seus lábios tremeram, a língua paralisou no meio da boca.
Vylon reparou na mudança de comportamento e acreditou ter tocado um espinho sem querer. Nessa mesma hora, uma série de deduções vieram a mente, por isso, resolveu entregar outra carne seca, o que fez os olhos do pequeno brilharem como estrelas cheias de combustível.
Depois de vê-lo abocanhar, o bispo disse: — Perdão, eu devia ter te perguntado outra coisa. Não queria que lembrasse de coisas ruins, mas, a julgar pela forma como se comporta perto da sua avó, creio que se sinta seguro.
— Nhão muto securo — falou com a mandíbula abrindo e fechando, então engoliu o restante e continuou: — Ela é… meio louca às vezes.
— Meio louca? Ah, se refere a luta contra o dragão? É mesmo uma loucura ir contra aquilo sozinho, mas, o que sua avó fez é digno de respeito.
“Digno de respeito? O que ela fez antes estraga esse respeito…”
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Já falamos demais, se afaste um pouco desse homem.
“Eu não sei, Erika, ele é legal, diferente daqueles caras maus e dos cavaleiros que atacaram a gente… Espera, tive uma brilhante ideia!” Repentinamente, a face do garoto retomou um vigor extraordinário. — Se-Senhor, você me ajudaria com uma coisa? Eu-Eu quero encontrar minha irmã, nos separamos tem tempo!
— Hm… não vejo problema. É o dever da igreja acolher e ajudar todos que precisam. Me diga, como ela é?
Liane prosseguiu dando a descrição física completa de Zana, desde o cabelo ruivo longo às manchas no rosto, rapidamente recriando uma imagem precisa na mente do bispo, que tomou notas para ter certeza de não esquecer nenhum detalhe. Terminado isto, logo veio um modo de confirmar suas suspeitas.
— Tudo bem, mas eu gostaria que me fizesse um pequeno favor em troca, criança.
— O que é, moço? O que é?
— Amanhã, teremos uma sessão com os residentes para desintoxicá-los, eu gostaria que você fosse e chamasse sua avó. É muito importante, pois as pessoas podem ficar mais doentes se não cuidarmos delas direito.
Desintoxicação? Parece uma farsa, mas levando em conta o quanto você nos afundou nessa lama, não temos outra escolha além de aceitar e seguir com uma atuação. Ele suspeitará se não formos.
— Tudo bem, eu irei!
— Ótimo, espero vê-lo lá.
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Assim, o bispo se despediu. Poderia ser meio estranho da sua parte um homem adulto conversar com uma criança sozinha, mas seria ainda pior se ficasse por perto e ambos conversassem mais. Er’Ika captou o motivo do afastamento, era uma suspeita sua desde que ouviu sobre o ódio de Jessia contra a igreja de Lithia, a respeito de casos polêmicos entre as pessoas acima na hierarquia religiosa que se aproveitavam de seus poderes para cometer indecências.
Vylon aparentava não ser de tal feitio, tanto que se afastou para não que ninguém o visse. Era melhor assim, aliviava a tensão da entidade que temia ser descoberta. Por conta da hora, não demorou para que Liane retornasse ao prédio utilizado para descanso, tanto que o garoto se jogou na cama dura e observou o teto de madeira com olhinhos pesados cheios de sono.
Amanhã, né? Pelo visto, vamos adiar algumas coisinhas do Demonicon.
“Você tá curioso demais sobre coisas de demônios desde a Milea… Eu ainda acho que não era para mexermos com isso.”
E eu considero absolutamente necessário. Transportação de almas é uma parte das artes sombrias, infelizmente, terei que adiar meus testes e a invocação que iriamos realizar… Veja o lado bom, dessa vez é garantido que você verá sua querida irmã.
“Ebaaaa…!”
A animação logo desapareceu, rendida a um profundo sono que tirou roncos da boca de Liane.
Durma bem, pequenino, temos muito trabalho a fazer…
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