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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    — Er’Ika, por que viemos aqui?

    Os dois, receptáculo e entidade, foram parar na biblioteca local da Vila do Dente. A razão era simples: Er’Ika queria estudar coisas das quais não sabia deste mundo, e também porque queria se precaver de situações semelhantes a ontem a noite. Ele não fez rodeios em revelar o que aconteceu, assustando o pequenino de uma forma absurda enquanto contava a história de como apavorou um demônio.

    Depois de ouvir tal absurdo, o garotinho até se perguntou se por um acaso não andava com alguém pior do que os próprios espíritos do submundo. Inclusive, era por causa desse evento que pararam na biblioteca. Mesmo já tendo interesse de explorar a vila como forma de encontrar um meio de parar o maldito miasma, Er’Ika se surpreendeu ao descobrir da biblioteca e viu um pote de ouro bem na sua frente.

    Seu objetivo principal era coletar o máximo de dados quanto possível a respeito de magia, da sociedade e história daquele mundo, então realizar um filtro sutil das informações para separá-los o melhor possível em sua fortaleza mental voadora. O único lado ruim era como as palavras do demônio não saiam de seu foco, especialmente a parte de “um grande ritual para trazer um dos nossos para cá”.

    Também incomodava como criaturas infernais poderiam sentir sua presença. Quanto antes desse um jeito de esconder isso, melhor, pois não possuía força o bastante para combater qualquer oponente sem a devida avaliação. O dia anterior só era exceção por causa de sorte e uma perspicaz jogada de Er’Ika.

    Ele duvidava muito ser capaz de vencer do demônio num confronto direto, ainda mais por todas as suas habilidades serem desconhecidas, e por isso arriscou num blefe. Usando ilusões de ótica e o máximo possível de suas habilidades, Er’Ika foi capaz de projetar uma coisa horripilante. Estava em dúvida sobre o que virou, além do mais, parecia natural manifestar aquela forma em sua cabeça, mesmo sendo algo que nunca viu.

    — Oh, que legal! Livrinho de capinha brilhante…

    Liane interrompeu seu fluxo de pensamento tendo agarrado um livro de couro grosso das estantes empoeiradas. Tinha uma capa velha sem título, a única coisa que se salvava naquela coisa era um brilho esquisito em sua superfície. Fora isso, não aparentava ter nada demais.

    — Mas é tão bonitinho… Eita! — Ao abrir numa página aleatória, pequenos bonequinhos de papel saíram das folhas e balançaram. — Eu nunca vi isso lá no orfanato!

    Enquanto a dúvida martelava na cabeça de Er’Ika, ele começou a avaliar os demais objetos por meio dos olhos e sombra de Liane. Jessia não estava com eles, na verdade, haviam se separado momentos antes porque ela disse ter “coisas de adulto a se resolver”, apenas mandando o aviso para se atentar aos sequestradores. Fora isso, só havia um bibliotecário se espreguiçando numa mesa na extremidade da biblioteca, lendo um jornal enquanto morava em seu próprio mundinho.

    Estava tudo tranquilo e pacífico que era possível analisar cada livro individualmente pelo título, no entanto, somente um chamou atenção: Demonocon. Era vermelho, bastante fino em comparação aos demais, porém seu nome e estrutura remetiam a uma curiosidade única.

    — Segunda prateleira à direita…

    O garoto girou o corpo e em seguida deu alguns pulinhos em direção a tal coisa, puxando o objeto e quase se engasgando com o tanto de poeira que assolou sua garganta enquanto puxava. Er’Ika tratou de eliminar rapidamente o problema e pediu para se sentarem numa mesa para averiguar o conteúdo no manuscrito. O nome lhe atraía por causa do prefixo “Demono”, que poderia quem sabe remeter a “Demônio”, ou assim esperava.

    Ao abrir a primeira folha, apareceu uma nota do autor. Estava escrito:

    A qualquer um prestes a investigar minhas notas, trate de lê-las com cuidado e não repetir os meus erros.

    O conhecimento aqui contido é perigoso e requer grandes sacrifícios, sacrifícios estes que me arrependo de tê-los feito enquanto escrevo esse livro, e mesmo tendo gasto minha vida inteira em pesquisar sobre o assunto, com certeza não faria o mesmo e nunca devia ter aceito o trabalho proposto pelos santos e santas das igrejas. Porém, para aqueles que buscam se proteger dos monstros noturnos e trilhar os meus passos, só posso desejar boa sorte e espero que minha presença seja útil à você.

    Se lê atrás de vingança, busque largar meu livro antes de cair ainda mais nesse poço. Infelizmente, você não encontrará uma cópia igual a essa em nenhum outro lugar, inúmeros volumes foram queimados e perdidos com o tempo. Caso encontre um com minha nota e não sabe para que serve, queime-o imediatamente e esqueça tudo o que viu, nem mesmo chame uma figura de uma das igrejas para averiguá-lo. Esse é meu último pedido e único desejo para essa arte maligna e maldita que ilude tantas pessoas de bom coração.

    Astaloph

    — Nem eu. Sobre o que exatamente esse livro fala pra você pedir pra lermos?

    Um frio correu pela espinha de Liane com a lembrança, e logo ele começou a ler o livro com certa pressa para descobrir mais sobre os demônios. Era uma sorte que a biblioteca estava vazia, talvez uma pessoa normal faria um vexame por encontrar uma criança lendo textos hediondos.

    De qualquer forma, o conteúdo não era nada impressionante, ao menos para a mente hipercomplexa de Er’Ika. Existiam inúmeros rituais, símbolos e diferentes inscrições para representar os demônios, como se fosse uma enciclopédia cheia de conceitos sobre as criaturas e os meios de como repeli-las. A mais comum citada era sobre vestir o símbolo de um deus, mas como demonstrado pela moça santa, seria inútil. Esses charmes com certeza manteriam estes seres mais perto.

    No entanto, outro meio interessante era por meio de um ritual de purificação. De acordo com o manuscrito, com uma sequência de símbolos específicos e usando alho combinado a algumas flores numa fonte de fogo trariam um bom agouro, ao mesmo tempo que forjaria uma aura ao redor da pessoa capaz de afastar espíritos ruins. 

    Enquanto lia e anotava as informações, uma batida na janela atraiu os dois. O radar de Er’Ika apitou, ele já sabia que o demônio esperava logo do lado de fora, e com certeza deveria conter as informações que pediu.


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