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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Er’Ika olhou a serpente sair do portal e destruir tudo acima, imediatamente reparando que tinha que agir antes das coisas piorarem. Depois de Liane ter bebido a poção, assimilou rapidamente aquela diferente fonte de energia, reconstruindo sua estrutura e absorvendo o máximo possível de informação. Possuía uma forma não muito diferente de energia demoníaca, mas levaria tempo até usá-la de forma eficiente. Com o poder restaurado, expeliu uma grande quantia de energia bruta, formando uma barreira perto de Jessia que preveniu parte do impacto da movimentação do dragão.

    Os dois foram arremessados para trás, próximo ao garotinho, que estava ajoelhado e com olhos arregalados voltados ao teto, enquanto seu corpo realizava espasmos anormais. Era como se estivesse inconsciente das coisas ao redor, tanto que sequer reagiu a aparição da serpente.

    Er’Ika voou na direção dele, averiguando o que havia acontecido.

    — Isso é ruim, mas temos como evitar mais desgraça…

    — Hã?! Evitar mais desgraça?! — gritou Jessia, levantando-se com a cimitarra apoiada no chão. — Aquilo é um dragão, sua fada maldita! Precisa de uma tropa especial de paladinos pra dar cabo desse demônio! 

    — Hah, não é como se ficassemos sem alternativas. O líder do culto ainda precisa ser morto, podemos usá-lo para vencer essa batalha.

    — Hahaha, como se me torturar fosse o bastante!

    A voz veio dos destroços, de onde uma figura magra e alta saiu, no caso, o líder dos cultistas, com parte de seu robe escuro rasgado e a máscara de ossos e carne separada no meio. O peitoral dele estava repleto de marcas roxas, anéis que sobrepunham uns aos outros, indicando o absoluto excesso de pactos realizados para aumentar seu próprio poder. 

    O sorriso no rosto, repleto de loucura, parecia demonstrar uma arrogância, uma expressão de vitória plena. Ele apoiou a espada sobre o ombro, sem se espantar muito pela presença da fada ali.

    — Desista de uma vez, criatura mágica. Não adiantou de nada proteger as pessoas, eu venci, e nada sairá da minha boca!

    — Eu nunca disse que meu objetivo era te torturar… 

    Em retaliação, Er’Ika transmitiu uma aura sinistra, o vermelho da luz ao seu redor ficou intenso, escurecendo até se assemelhar com vinho. Ele pousou no ombro de Liane, o elo entre os dois retornou, e assim a entidade pôde controlar melhor as atividades do corpo. A troca de mensagens foi rápida, descobrindo que o garoto sentia bastante dor e ardência, que precisaram ser amenizadas por um conjunto de substâncias se espalhando pelas veias.

    Repentinamente, a criança se ergueu, seus braços balançaram como se estivessem sem vida, e então seus olhos pararam no líder cultista. Aquelas íris, uma vermelha e a outra azul, demonstravam um fulgor sobrenatural, enchendo-o de uma vivacidade e transcendência. Tirou a adaga escondida na bota, sua mente se focava somente na pessoa à frente, o mundo ao redor perdeu qualquer som.

    Ataque.

    Ao comando de Er’Ika, Liane se impulsionou com a ponta dos pés e encurtou a distância num piscar de olhos, a lâmina da adaga ganhou tons dourados ao longo da lâmina. Se não fosse pela reação do cultista, sua garganta teria sido cortada, mas ao invés disso somente seu peito recebeu um corte de uma ponta a outra.

    — O que…? — O inimigo perdeu a reação, o ar era difícil de puxar. — O que é você?!

    Uma flecha incendiária voou na direção do garotinho, mas naquele mesmo momento Er’Ika se transformou em fada e saiu de Liane, lançando uma onda de força em forma de círculo que engoliu aquela energia demoníaca. Foi uma questão de tempo até convertê-la em poder para o receptáculo. Essa demonstração serviu para calar a boca do inimigo, que agora manteve sua atenção puramente naquela peste, mas esse foi um grande erro, pois Jessia continuava viva e bem o suficiente para atacar.

    Ela usou a distração para cortar as duas coxas do homem, que se dobrou para frente em dor. O plano era meramente diminuir sua movimentação, assim não teria a mínima chance de fugir, mas logo quando isso aconteceu, o cultista se virou e tentou disparar uma nova flecha negra, que errou seu alvo por um triz e atingiu o teto acima, derrubando mais tijolos e terra. 

    Liane não perdeu a oportunidade e disparou um relâmpago dos dedos, inundando a sala com um som estrondoso e queimando a carne do cultista. Como se não bastasse, mais relâmpagos alvejaram o oponente, obrigando-o a criar uma barreira de energia demoníaca, e da mesma forma, Jessia aproveitou a chance para entrar e atacar. Ou foi isso que o cultista esperou, pois ao invés dela, tudo o que viu foi uma bolinha de gude no meio do ar e em seguida um forte clarão.

    Um grito saiu da garganta do líder, que agora não enxergava nada além de feixes em meio a escuridão. Sua magia se tornou errática, voando para todos os lados e aos poucos derrubando a estrutura precária do porão. Foi uma questão de sorte alguns conseguiram ser evacuados, mas para os demais, as magias perdidas e pedaços de pedra caindo de cima serviram para dá-los um fim.

    Aos poucos, a visão foi retornando para seus olhos, mas era tarde. Liane se aproximou demais, ao ponto de estar quase cara a cara com o cultista. Sua adaga deslizou pelo corpo dele como uma cobra enrolando sua presa, rasgando a carne e espalhando a queimação da energia divina, que passou a consumi-lo de dentro para fora.

    — Maldito, criança maldita! Eu não esquecerei disso, eu irei amaldiçoá-lo no submundo até o fim dos tempos, seu…!

    — Você fala demais, humano — disse Er’Ika, dessa vez sem usar sua forma de fada, e sim a de sombra, que estava logo abaixo dos pés dele. — Não haverá submundo nem para você.

    O líder não entendeu o que era aquilo, mas os dentes pontiagudos daquele monstro serviram para demonstrar seu futuro. Ele chamou o nome de qualquer deus, mas era tarde demais para redimir seus pecados. O corpo dele foi dilacerado por uma criatura horrenda, mordida até o último pedaço, e quando acabou, tudo o que havia no chão era um conjunto de roupas rasgadas e uma máscara quebrada.

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