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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Horas passaram dentro daquela cela. Liane e Silva conversaram sobre o que aconteceu nos últimos dias, o garotinho explicou sobre ter machucado o rosto e ter acordado na cela, porém, a história da nobre era muito mais longa e assustadora do que se esperava.

    Ela disse que foi apanhada por um daqueles homens e paralisada por um veneno, então foi carregada e viu o vilarejo inteiro queimar. Mesmo não tendo apego ou sendo daquela região, a culpa e a dor de ver as labaredas queimando marcou profundamente seu coração, ao ponto de pesadelos irem e virem durante o sono. Dormir parecia a porta de entrada para o inferno, e por isso suas olheiras estavam aumentando e seu corpo se cansava com muito mais facilidade.

    Silva também disse ter visto outras pessoas, tal como alguns soldados do seu grupo e rostos do vilarejo, mas não avistou nem Zana ou sir Aymeric. Aymeric não fugiria de nenhuma forma duma luta, por isso ela hesitava em falar como pensava que o homem estivesse morto, mas quanto à mulher ruiva, não sabia de seu destino. Talvez ela tenha encontrado algo pior que a morte, por isso manteve-se quieta e preferiu entrar numa crise do que falar o que poderia ter ocorrido à Zana.

    Quando Liane comentou sobre sua magia, aquilo surpreendeu a garotinha, que felizmente sabia o bastante para tirar as dúvidas permeando em sua cabeça. Ela não tardou em explicar como os magos eram pessoas importantíssimas para a sociedade, eles eram os gênios e inventores do mundo, realizando feitos extraordinários e criando máquinas que faziam o esforço de mil homens. No entanto, tudo que advinha da magia ainda precisava de um mago para manejá-la.

    Ao comentar sobre a pedra hexagonal, Silva procedeu em responder que aquele objeto era uma Pedra Comunicadora, um item usado para que duas pessoas se comunicassem a longas distâncias. Ela exigia o uso de mana para ser ativada, mas ainda poderia receber mensagens mesmo que o outro lado estivesse indisponível. Era também muito utilizada por comerciantes e nobres, pois evitava a correspondência, já que demoravam tempo demais para chegar. Saber que bandidos usavam tal objeto fez a cabeça da garota se incendiar, ela colocou um dos dedos no queixo e olhou para a parede, pensando o máximo possível.

    — O que foi, Silva? — perguntou Liane, vendo sua expressão complexa.

    — Como bandidos tem uma coisa cara assim em mãos? O valor de uma pedra comunicadora não é baixo, e só grupos seletos as vendem, ou seja, a quantia é meio escassa… Não tem como eles terem pego tão facilmente.

    — Silva, eu lembro de alguém falando “QG das Lâminas”, eles são um grupo grande?

    — QG das Lâminas…? Não, que eu saiba, não…

    De repente, a face dela empalideceu. Liane rapidamente percebeu a falta de cor, e temendo que fosse um novo surto de ansiedade, a pegou pelos ombros e balançou seu corpo como forma do sangue bombear novamente.

    — Ah, para, eu tô ficando tonta! — gritou a menina, estapeando as mãozinhas de Liane e apoiando a mão na cabeça. — Aff, au… Vou te fazer pagar depois! 

    — Desculpa, você ficou assim do nada e eu fiquei muito preocupado! 

    — Ai, ai, é claro que eu ficaria assim! Nós estamos em grandes, grandes, GRANDES problemas!

    Ela prosseguiu falando sobre quem era esse grupo, a tal “Lâmina Fantasma”, renomados assassinos que causavam o terror em toda pessoa rica por serem o maior exemplo de matadores. Se a faca dele se cravou num contrato, este seria feito, independente do que estivesse no caminho. 

    Essas palavras ressoaram pelo ouvido de Liane, mas não fazia muito sentido virem para o vilarejo e destruírem tudo, a menos que uma pessoa fosse o alvo. Ele encarou Silva, cuja expressão culpada dizia por si só. Ela era o alvo, ela era a razão pela qual tudo isso aconteceu, mas jogar tamanho fardo para cima dela era covardia, pois não tinham como saber que isso aconteceria e nem saber quem chamou esses assassinos para tamanha brutalidade.

    Um suspiro fugiu de sua boca, o garotinho mais uma vez afagou o cabelo de Silva e abriu um largo sorriso cheio de dentes amarelados. Isso a acalmou, também criando uma simples realização de que agora era bobo pensar nisso, especialmente porque existia algum inimigo nas sombras procurando derrubá-la. A sua maturidade era bastante diferente de Liane, pois mesmo sendo uma garota nova e mimada, o jogo político, as conversas e o seu estudo lhe entregaram uma visão diferente do mundo.

    Ela não tinha tempo para brincar, nem mesmo queria, o que desejava era participar dos mundos dos adultos e entender como ele funcionava, de virar uma senhorita responsável para sua família e um orgulho ao nome Tanite. Seu desespero era real, sim, mas mais do que nunca sua mente tinha que funcionar direito para achar esse inimigo.

    Seu pai estaria em perigo junto com sua família, a razão de estar bem e pensando racionalmente agora era por causa de Liane, que lhe protegeu e não saiu do seu lado. Ela gravou detalhadamente seu rosto, quando o tempo chegasse, teria certeza de recompensá-lo com algo a altura.

    Os dois permaneceram um ao lado do outro, com Silva explicando mais detalhes sobre o grupo da Lâmina Fantasma e sobre magos, mas, em meio ao momento, passos ecoaram do lado de fora. Eles olharam em direção a entrada, uma silhueta surgiu, com sua armadura de couro velha e um sabre na cintura. Era Jessia, a bandida com fios grisalhos aparecendo e um rosto irritadiço.

    — Vamos lá, menininho de ouro, se levanta e me acompanha. 

    Silva apertou o pulso de Liane, como se não quisesse que fosse embora. O garotinho reparou no aperto e tocou sua mão, separando-a e lhe dando um olhar que dizia “Eu volto logo”. Assim, ele se levantou e foi em direção a porta, saindo da cela e deixando para trás sua querida amiga.


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