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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Jessia saiu do porão e pôs os pés para fora da prefeitura. Sua respiração estava pesada, fruto da ansiedade de se encontrar com um inimigo tão poderoso. Ela não conseguia desver a besta, aquela serpente roxa levando os destroços das casas e da grande prisão da Vila do Dente. Antes, a vila era um epicentro da desgraça humana, e agora se tornaria ruínas para o tempo desgastar.

    Nenhuma alma viva perambulava pelas estradas, exceto por loucos que perderam a sanidade tempos atrás. Essa atmosfera combinava com aquele combate; sem espectadores para salvar, nem honra que alguém pudesse lhe oferecer depois. O aperto na cimitarra afrouxou enquanto seus passos afundavam nos montes de neve, dúvidas e mais dúvidas encheram a cabeça conforme o monstro crescia por se aproximar.

    Uma escrava, depois uma ladra, então mercenária e por fim criminosa. Sua vida inteira tinha sido uma enorme aventura da qual desejava continuar, de somente largar a arma e correr o mais rápido possível, assim poderia continuar contando a própria história. No entanto, tal história continuaria do mesmo ponto, o de uma criminosa. Não se importava tanto de ser chamada assim originalmente, pois era uma verdade absoluta, até se encontrar com aquele maldito pirralho.

    “Por que eu estou fazendo isso?” Os dedos da mão mais uma vez apertaram o cabo. “Eu devia só me acovardar e fugir, né? Só que se eu fizer isso, todo mundo aqui morre… Merda, quando foi que me importei de verdade com a vida dos outros?!”

    Mordeu a língua, contendo o medo emergindo e querendo comandar sua mente. Ela não podia correr, se corresse, as coisas se repetiriam, seria o mesmo que pedir para continuar como a desgraçada que sempre foi. Ali, diante de si, havia uma oportunidade para se livrar do fardo a acometendo faziam anos, uma redenção, porém, parecia que seu corpo queria por reflexo negar essa redenção.

    Jessia ergueu a cimitarra, os punhos ganharam uma cor quase branca pelo tanto de força que exercia sobre o cabo. Um longo suspiro saiu da boca, os músculos relaxaram e o conflito mental apaziguou um pouco. A grande serpente a percebeu desde o princípio, ignorando-a por não sentir perigo nenhum.

    Agora, por outro lado, o olhar confiante da mortal lembrava o de um predador desejando destruir a presa, assim um orgulho predatório emergiu no demônio — o de destruir toda e qualquer esperança da caça em prol do deleite. A terra tremeu, ambos humano e demônio se encararam.

    Liane e Er’Ika assistiam de longe, o cenário congelou ao redor daqueles dois, por um momento a neve permaneceu contida dentro das nuvens cobrindo um céu… Até que o inevitável começou.

    Jessia se impulsionou em linha reta, a serpente projetou sua cauda para acertá-la como um chicote, apenas para não esperar um salto para a lateral que a impediu de ser completamente esmagada. Naquele mesmo momento, inscrições douradas surgiram ao longo da lâmina, palavras de uma língua morta com poderes além da compreensão, dando um ar místico de antiguidade para a arma.

    Por onde a cimitarra passava, um rastro espectral a seguia, de cor amarela e com uma pequena aura envolvendo o fio. Um movimento rápido foi o bastante para rasgar as duras escamas do monstro. O movimento foi muito curto, então aquilo mais se assemelhou a um arranhão do que um corte efetivo, tirando nem sequer um gemido de dor do monstro.

    A ferida logo começou a regenerar, apenas para chamas emergirem do corte, impedindo da cura acontecer. Os olhos arregalados de Jessia indicavam como não esperava nada disso, ela na verdade acreditou ser uma missão suicida. 

    “Talvez, só talvez, eu tenha uma chance. Liane e fadinha, vocês dois são completamente loucos!”

    Finalmente um sorriso floresceu em sua face, dessa vez não de uma loucura proporcionada pela êxtase da briga, e sim um cheio de convicção e coragem. Ela dançou ao longo da cauda da serpente, desferindo pequenos cortes ao longo do caminho, chegando perto ao ponto de quase alcançar a cabeça da criatura. 

    O demônio se incomodava muito com tais tentativas, aquela humana minúscula era uma formiga comparada a sua grandeza, e por isso devia ser erradicada. Relâmpagos roxos se uniram na ponta da boca do dragão, convertendo-se numa pequena esfera, que logo em seguida saiu da garganta em direção a oponente, lançando eletricidade e fumaça para todos os lados.

    Era um bafo de dragão, um ataque fatal para os seres vivos enfrentarem. Mesmo que dragões estivessem bem documentados em contos de fadas, até mesmo cavaleiros e magos evitariam enfrentar uma coisa assim, pois temiam morrer no processo.

    Por outro lado, Jessia desafiou as leis senso comum estando de pé após receber quase que diretamente um bafo de dragão, ainda com um sorriso enorme e o braço esquerdo imerso em pulsos elétricos. Aquilo passou muito perto, mas felizmente raspou no lado esquerdo do corpo, deixando-o queimado e com uma textura roxa de corrosão. 

    Ainda assim, a dor desapareceu dos nervos, Jessia não sentia nada. Mesmo assim, entendia que um combate direto dessa forma não funcionava, e que se arrastasse a luta, o esforço de todos seria em vão. O rabo da serpente veio mais uma vez, com a mulher desviando por muito pouco com um pulo, apenas para levantar o rosto e ver o monstro caindo em sua direção com a boca aberta. 

    Ela seria engolida, assim terminava a façanha de uma falsa heroína.

    Isso se Jessia não tivesse aceito aquela loucura desde o princípio. Reforçou os músculos e a pele até o limite com mana, segurando-se numa das presas da serpente com todas as suas forças. A qualquer momento o braço esquerdo falharia e o estômago da besta seria seu próximo lar, mas ela se recusou de toda forma a isso, então, decidiu que repetiria o mesmo truque.

    Mana se infundiu a cimitarra. Era o que tentou usar contra a sacerdotisa demoníaca, mas que falhou miseravelmente devido a escassez de mana dentro de si e por conta do corpo velho. No entanto, essas limitações não existiam mais. 

    Usando todo o resto de suas energias, ela se jogou para dentro da garganta do monstro, girando em um círculo enquanto a lâmina da cimitarra crescia em conjunto com energia divina, arrancando a cabeça do demônio num corte limpo.

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