Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 78: Analisando Um Espécime Demoníaco
Liane considerava tortura passar horas na frente de um livro. Ele gostava de ler quando era algo interessante, como um conto de fadas ou romance, histórias lhe chamavam mais atenção do que livros grossos cheios de texto do qual achava complicado demais para se entender, acreditando fielmente que haviam muita coisa a ser aprendida neles caso se concentrasse.
No caso de Er’Ika, essa regra era o completo oposto. Historinhas de dormir eram perda de tempo, tudo o que importava era informação vital para continuar preenchendo as lacunas no seu banco de dados. Quando via o receptáculo se esgueirando para ler um livro escondido que não fosse para estudo, imediatamente uma raiva subia pela sua consciência e ele dava sermões sobre como aquilo não merecia atenção alguma, e que qualquer hora poderiam ser lidos após os dois se separarem.
Por esse mesmo motivo que o garotinho achava a entidade um saco de lidar, sempre procurando pragmatismo e razões em coisas que eram desnecessárias buscar. Ainda lembrou da vez que argumentaram sobre sentimentos, e como deixou bem claro como ele escondia tudo, argumentando sobre sua perfeição colocá-lo numa posição alta demais para se afetar. Era mentira, ficou claro igual o dia quando observou isso, o que reforçou a sua ideia de como Er’Ika era terrível em lidar com sentimentos.
Um suspiro saiu da boca de Liane enquanto passava mais uma folha, encontrando um grande rabisco de diversas linhas conectando pontos. Possuía a estrutura de um mapa mental, mas os termos e linhas tortas não ajudavam na compreensão, ainda mais quando ele havia sequer entendido as últimas dez páginas.
— Praticar magia seria mais legal…
Você tem uma reserva muito baixa de energia para fazermos isso.
— É só aumentar, deve ter um jeito!
Crescendo, pequenino. Crescer leva tempo.
— Eu queria crescer agora!
Não aguenta mais ser confundido como uma menina?
Liane quis falar uma palavra feiosa, mas segurou a língua no último momento, do contrário seria uma grande decepção para sua irmã Zana. Passando mais uma página, deparou-se com algo esquisito, um conjunto de caracteres desconhecidos. Ele passou a mão naquilo, como se estivesse hipnotizado pelos símbolos.
Liane? Você não ficou triste pelo que falei, ficou?
Naquele momento, o garoto retornou a si.
— Eu estou bem, só vuei.
Er’Ika estranhou a reação. Mesmo lendo seus pensamentos diretamente, não encontrou uma justificativa, o que só deixou suas dúvidas mais prevalentes. Adoraria repetir o fenômeno e analisar de perto, talvez revelasse algo do seu passado. Ele não pôde colocar os planos a tempo, pois uma certa pessoa interrompeu a sessão de leitura com batidas nas portas.
A entidade se materializou como sombra, projetando seu corpo na parede mais escura e mirando os olhos na mesma direção do som. As batidas eram desnecessárias, ele a sentia de longe.
— Entre.
Milea adentrou o recinto. A faixa ainda estava cruzando seu corpo, com pequenas manchas de sangue por lá. Era um disfarce, havia se regenerado fazia certo tempo, porém aparecer repentinamente curada na frente dos demais seria suspeito demais. Por isso, usou aquela faixa e as manchas feitas do próprio sangue para esconder qualquer chance de descobrirem seu segredo.
Ela deu um passo em frente e se ajoelhou próximo a Liane, voltada na direção da enorme sombra de seu mestre. Tinha dificuldade em levantar a cabeça, a aura daquele outro demônio era muito opressora para se manter de igual para igual.
— Mestre, fui informada que os humanos pretendem seguir para a prefeitura durante a madrugada, próximo ao nascer do sol. Eles vão usar um caminho pelos esgotos, então creio que não poderei ficar muito tempo aqui.
— Sim, estou plenamente ciente — respondeu Er’Ika, bastante interessado naquilo. — Antes de ir, você me fará um favor. Também quero lembrá-la de um pequeno aviso, será importantíssimo.
— O que o senhor desejar, mestre.
— Se aproxime de Liane. Quero tentar um pequeno experimento e preciso de uma cobaia.
Apenas na palavra “experimento” Milea engoliu seco, imaginando o tipo de sofrimento que viria. Liane, por outro lado, parecia muito curioso. Er’Ika era bastante cruel, mas não prejudicaria quem considerava útil, logo, duvidava que ele tentaria matar a mulher no seu experimento. De um jeito ou de outro, ela obedeceu, chegando mais perto do garotinho.
A entidade retornou ao corpo do receptáculo e pediu o controle da mão esquerda, a qual usou para tocar no braço da falsa santa. Er’Ika possuía o costume de guardar toda informação relevante, isso incluia flutuações de forças dentro do corpo do garoto, e uma delas foi ocasionada pelo paladino Grey. Quando foram resgatados, houve uma explosão de energia em Liane por um breve momento, que passou rapidamente. O que mais lhe intrigava era o que ele falou em seguida, sobre ver uma “sombra” dentro da criança.
A divindade deduziu que essa sombra era ele mesmo, e que a habilidade usada envolvia algum tipo de detecção específica no corpo de alguém. A forma da energia, por outro lado, era muito diferente, tanto da energia comum, a mana, quanto da energia demoníaca. Seu objetivo era replicar o mesmo fenômeno, a única coisa faltando era uma cobaia, e Milea servia justamente para esse propósito.
Er’Ika controlou as correntes de poder no corpo do garoto e lançou contra o da santa, no entanto, pareceu se dispersar no momento seguinte.
— Hum, mestre, por que está me dando seu poder?
— Ele acabou de dizer que está tentando algo — disse Liane, levando em conta que Er’Ika estava dentro de si. — E também pediu para você ficar quieta.
— Sim-Sim, mestre…
Outro pequeno pico apareceu, e foi com base nisso que a entidade soube mais ou menos diferenciar as coisas. Não era somente lançar energia de maneira errática, mas funcionava de forma semelhante a um truque usado por morcegos, ecolocalização. Bastava lançar um pouco de poder contra algo e essa coisa ricocheteava no espaço, a forma como o eco aparecia indicava tamanho, altura, grossura, dentre outras medidas daquela coisa.
Inclusive, rapidamente Er’Ika obteve uma imagem anatômica completa daquela mulher, da cabeça aos pés. O que mais incomodava, no entanto, era como existia uma segunda coisa ocupando suas veias, que ao invés de energia convencional, possuía uma forma caótica e errática. Era energia demoníaca.
Ele se satisfez com o resultado e saiu de dentro do receptáculo.
— É o bastante. Não preciso mais de você como cobaia.
— Que ótimo, mestre! — comemorou a mulher, aliviada e suando frio. — E quanto ao aviso?
— Eu quero que você impeça aquelas pessoas de pararem o ritual de invocação.
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