Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 136: O Segundo Duelo
Liane queria entender o motivo de tanta animação. Ambos já lutaram uma vez, e por conta da interferência de Er’Ika, ele ganhou. Era meio humilhante lembrar de como não venceu por conta própria, na realidade, odiava às vezes pensar como dependia demais da entidade para tudo. Por outro lado, estranhou aquele comportamento, esse desejo repentino de lutar um contra o outro sem aviso.
— Hãã… senhorita Silva…
— Só me chame de Silva, não quero que coloque “senhorita” antes. Somos melhores amigas, não somos?!
— Cer-Certo… Silva, você me chamou apenas para gente ter um duelo?
— Que? Óbvio que não! Mas eu precisava fazer isso, é para provar o quanto melhorei! Fui muito bobinha e ingênua da primeira vez, até te subestimei! Eu quero me corrigir e te compensar!
Fazia um pouco de sentido. Nobres priorizavam a honra mais do que tudo, logo, recompensar pela primeira batalha deve ter passado por aquela cabeça cheia de violência. Ele preferiria não ter um combate, além disso, mal sabia direito usar uma espada, pois tinha se acostumado ao alcance e força de adagas. Assim, uma ideia brotou na sua cabeça.
— Posso pedir um favor então?
— Qualquer favor por você, basta pedir!
— Eu posso… modificar um pouco essa espada? Não sei usar elas direito.
— Hã? Claro, claro, escolha qualquer arma! Temos outras de sobra! Tutora, você pode…
— Não, não é necessário pegar outra, eu faço com minhas próprias mãos.
Liane esboçou um sorrisinho, tirando o sobretudo do corpo para melhorar um pouco sua movimentação. Puxou um pouquinho das mangas, evocando chamas na ponta dos dedos e materializando uma lâmina chamejante, que rapidamente rasgou o pedaço de madeira num corte limpo e reduziu suas medidas. Sequer precisou da ajuda de Er’Ika, aquele feitiço foi em parte dominado desde que aprendeu da primeira vez. Disso, retraiu as labaredas, que desapareceram no ar.
Você está sendo muito ousado… Certeza que não minha ajuda? Duvido que vença por conta própria.
“Eu preciso ser mais independente de você, Er’Ika. Usamos um ao outro, mas tem coisas que é melhor fazer sozinho. Silva também ficaria muito triste se soubesse da verdade.”
Tudo bem. Apanhe sozinho, então.
A entidade se absteve, tomando como lugar um cantinho silencioso na cabeça do garoto para assistir o show se desenrolar.
A tutora arregalou os olhos, meio assustada pelo feitiço diante dos seus olhos. Na realidade, nunca teve muita espectativa dessa criança que sua aluna tanto esbanjava, tinha até mais dúvidas depois que pediu para trocar de arma, mas se de fato fosse bom e preferisse usar uma arma mais curta ao invés da espada convencional, inevitavelmente sua curiosidade ficaria atiçada.
O garoto esbanjou um pequeno sorriso, girando o objeto de madeira pela mão e dedos com uma agilidade surreal. Era devido a ser muito leve e pelo costume quase enraizado de usar esse tipo de lâmina, levando em conta que o conjunto de memórias eram de bandidos e criminosos cuja máquina de matar favorita era essa.
Silva, por outro lado, ganhou uma pequena veia na testa.
— Oh, então você vai pegar leve comigo com uma espada de menor alcance?
Diferente do que acreditava, aquilo pareceu uma ofensa direta para dizer como não precisava daquilo para vencê-la, trazendo consigo a ira da nobre.
— Nã-Não, Silva, isso foi porque…!
— Calado, não quero ouvir nenhuma reclamação, maldito!
Com um rosto repleto de raiva, Silva avançou com uma batida de pé forte no chão, colidindo espadas com Liane sem sequer dar tempo para uma contagem regressiva. A tutora largou um suspiro, vendo a impaciência de sua aluna, então se afastou e manteve os olhos presos no embate.
— Eu serei a juíza desse duelo. Alguma reclamação, mestra Liane?
— Ahhh, Silva, calma!
— Considerarei isso um “sim”.
O garoto sequer ouvia direito os dizeres da espadachim, voltando toda sua atenção a espada de madeira que queria afundar o meio do seu crânio. Pelo visto, tirar um pedaço da arma foi uma péssima escolha, pois assim perdeu alcance e os bloqueios se tornaram mais complicados devida a extensão menor da arma. Mas isso acontecia porque Liane não controlava direito o ritmo.
Lutas eram ditadas por uma alternância entre ataque e defesa, um atacava, outro defendia, então um contra-ataque e um contra-ataque para o contra-ataque. Lembrava um ciclo, porém, esse tipo de coisa poderia ser vista igual a uma dança mortal.
O garoto abriu distância, para assim evitar uma série de ataques que alvejavam-no. Seus pés andaram devagar da direita para a esquerda, com a arma na frente e o outro braço para trás. Ele trocou a forma que segurava a empunhadura, de um jeito que ficasse mais confortável para o manejo. O alcance da espada não era brincadeira, muitas vezes viu a arma quase atingindo seu rosto por conta de centímetros a mais.
Uma coisa que contava era a impaciência de Silva, que veio na sua direção ainda com o semblante coberto de raiva. Era exatamente o que ele queria, assim que viu a espada despencando de cima para cima, bloqueou com uma batida na horizontal, ela aproveitou o ímpeto para desferir outro corte pelo lado. Numa situação normal, ele devia bloquear novamente, porém a falta de peso e tamanho por parte da adaga deixaria sua posição na desvantagem.
Por isso, ele aproveitou o jeito que sua cintura girou para aparar o golpe e levou a mão rumo a nuca de Silva, puxando-a para baixo enquanto saltava para o flanco dela. Esse movimento permitiu que a colocasse numa posição desconfortável, ao ponto de precisar abanar o corpo e o tronco para se livrar do aperto, servindo como janela para Liane quebrar a guarda dela e apontar a adaga de madeira no meio do pescoço da garota. Os dois congelaram.
A espadachim estava muito atenta à batalha, impressionada pela proeza física daquela criança. No entanto, com esse resultado, inevitavelmente levantou a voz para anunciar:
— A vitória é da mestra Liane.
— Que droga! — Silva, por puro estresse, jogou sua espadinha de madeira para longe. — Você não me disse que melhorou muito também!
— Ah, desculpa, hihihi. — Liane esboçou um sorriso abobalhado, escondendo os lábios com os dedos. — Ninguém revela todos os segredos para um oponente.
— Maldita! Você me paga!
Mesmo com a língua afiada, a garota possuía um par de olhos brilhantes voltados para sua parceira, que a cada dia melhorava e desabrochava mais ainda com suas habilidades.
— Liane… você vai ser minha parceira de sparring?
— Não tenho problema com isso se a irmã Zana deixar, só que seria muito irritante para elas virem aqui todo dia…
— Com licença, mestra Liane — disse a espadachim, aproximando-se da dupla dinâmica. — Você vive nos subúrbios de Verdam, correto?
— Sim, moro com minha irmã lá.
— Hm, se não for muito, eu posso oferecer a posição de escudeira e lhe buscar sempre que possível?
— Excudeira? — Ele inclinou a cabeça para o lado, sem saber o que significava a palavra. — Eu não uso escudos…
A espadachim segurou a risada, colocando no fundo da alma para evitar qualquer barulho de sair. Aquela figura era mesmo estranha, exótica e com talento sobrenatural para a espada, mas aqui estava com um rostinho ingênuo, cheia da pureza de uma criança.
— Madame Niara, por favor, deixe que eu peça ao papai para isso! — ofereceu-se Silva, com o punho esticado para cima. — Eu terei certeza de convencê-lo para tornar a Liane na sua escudeira! Assim podemos também passar mais tempo juntas!
Liane continuava sem entender nada, querendo saber o que se passava na mente da esgrimista. Mal sabia ele que tinha acabado de receber mais um professor, um novo trabalho pesado para os ombros.
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