Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 129: Segredo Noturno
Celine era uma assassina treinada, alguém para matar quando seu instinto mandasse. Ela só podia ir contra essa ordem natural se uma ordem a impedisse, e diante de seus olhos, seu corpo quis mais que tudo retirar a faca escondida na coxa para apunhalar o garoto ajoelhado.
Um arrepio cruzava pela corrente sanguínea, as presenças naquele ambiente eram tão caóticas que estavam lentamente enlouquecendo sua mente. A essa altura, arrependeu-se de segui-lo no meio da noite. Lembrava de estar dormindo no quarto, então ouviu um barulho de movimento e suspeitou o que era, porém, vendo que era Liane, acompanhou-o para garantir que nada de errado acontecesse, de acordo com a missão de Zana.
“Artes demoníacas? Não, o mestre Liane é novo demais para controlar isso, ele morreria!”
Celine era leiga nas questões mágicas e sobrenaturais, tendo somente um conhecimento básico de seus funcionamentos para se precaver, porém sabia que exigia uma resistência mínima para usá-las, uma criança não teria isso. Engoliu seco, a ventania tocando a pele se tornou extremamente fria e os galhos das árvores sussurraram como espíritos malignos enchendo a mente de alguém com falsas promessas. A essa altura, ela estava sem saída, então sacou a faca e lentamente se aproximou, tomando cuidado com seus pés.
— Você pode morrer se chegar mais perto.
A garota cortou rumo a voz, o movimento foi limpo e rasgaria o peito de alguém se acertasse a carne, mas ao invés disso, apenas desmanchou uma massa negra que retomou a forma logo em seguida. O susto foi tamanho, seu coração quis pular das costelas ao sentir a presença daquele ser se desmanchando e remontando sozinho. Era muito familiar, mas se encontrava numa forma diferente, um conjunto amorfo que mudava a todo momento.
— O que há, menina? Por que congelou depois de tanta sede de sangue?
— Você… Você é aquela fada!
— Ora, pelo visto seus sentidos são mais apurados do que imaginei. Interessante.
Aquela coisa a rodeou, igual um predador analisando a presa e procurando o melhor ponto para atacar. Celine odiava ser subestimada assim, porém duvidava muito da vitória. Informação era o bem mais valioso de assassinos, sendo assim, um inimigo desconhecido eram também os piores de se enfrentar.
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— Para que tanta tensão? Eu não vou lhe matar, mesmo que quisesse.
— Então o que está fazendo aqui? Manipulou o mestre Liane?
— Não, apenas estamos treinando um pouco dos seus poderes para evitar problemas futuros.
— Treinando? — Aquilo lhe pegou de surpresa, abaixando um pouco a faca. — Ele está treinando com poderes dos demônios?
— Garota, entendo como os humanos comuns temem muito as forças do além, mas Liane é especial. Ele tem um bom controle de milagres e peca na energia demoníaca, por isso, estou ajudando a entendê-la depois do que aconteceu na Vila do Dente.
Celine conhecia muito pouco dos fatos ocorridos lá. Rapidamente reconheceu a vontade das pessoas ali querendo esconder os fatos, por isso, não insistiu demais, no entanto, imaginar o envolvimento direto do mestre Liane com os poderes sombrios do além estava fora de cogitação. Queria abaixar a guarda, só que as suspeitas erguiam seus braços e plantavam a dúvida.
— É desnecessário confiar em mim — disse a entidade, desmanchando-se no ar em míseras partículas. — Apenas observe, interrompa e você morrerá sem saber o que lhe atingiu.
A garota engoliu seco, tentada a pará-lo no lugar que estava, mas igualmente temeu as palavras da coisa cuja presença desapareceu. A ameaça não foi direcionada a si, muito pelo contrário, era um aviso para se precaver com as consequências da escolha. Ao invés de arriscar, optou por esperar, incomodada pelas oscilações estranhas de vento que arranhavam a pele.
Ela ainda era bastante jovem, jamais presenciou um ritual demoníaco de perto e muito menos frequentou uma igreja para seus cultos, no entanto, era sensível o bastante para dizer quando algo estava fora do lugar. Havia um medo comum do desconhecido, que tocou seu cérebro e acionou os instintos primitivos. Tudo o que pôde foi colocar a faca de volta no lugar e juntar as mãos, à espera do rapaz terminar aquele bizarro ritual. Depois de alguns minutos, a presença opressora desapareceu, restando apenas uma calorosa chama à sua frente, Liane.
— Erika devia ser mais cuidadoso com os pedidos, isso é muito difícil de mexer… — reclamou consigo mesmo, tirando a terra das roupas novas e alongando os braços depois de tanto tempo parado. — Agora só preciso voltar pra casa, deitar na cama e torcer pra ninguém ter no…
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Nesse momento, virou-se para trás. Sua língua travou no fundo da garganta. Celine continuou parada naquele ponto, com a cabeça suavemente abaixada e receosa de falar qualquer coisa. Na verdade, queria dizer muitas coisas, mas se via impossibilitada.
Sua cabeça alternou entre terror e admiração. De fato, achava muito incrível que Liane sabia usar magia naquela idade, no entanto, ter conhecimento das artes sombrias era algo completamente fora de questão. Por isso não sabia se devia adorar ou ter repulsa daquele monstro disfarçado de coelho.
— Vamos voltar, mestre Liane. Está muito tarde e você precisa dormir para o dia seguinte.
— Ah, si-sim! E o que você faz aqui, Celine?
— Eu o acompanhei em silêncio quando vi que não se encontrava na cama. Pensei que estava fazendo suas necessidades, então me mantive longe, só que como demorou demais, decidi conferir se houve algum problema. A senhora Zana ficará preocupada se tivermos saído no meio da noite.
— É-É? Melhor a gente voltar correndo então! Anda, me dá sua mão, é perigoso andar sozinha assim!
Liane segurou a mão de Celine, aquele simples toque apaziguou os medos. Era extremamente estranho o contraste, de uma pessoa tão pura e inocente controlar forças sombrias e ainda se demonstrar gentil. A garota não necessitava de um guia, mas evitou falar, permitindo ser levada de volta à morada.
Lá, tratou de arrumar as cobertas de Liane, para que dormisse sem problema. Mesmo com questionamentos e resistência, inevitavelmente a garota fez o que era seu trabalho. A noite passou, com a menina guardando um segredo bizarro que não podia descrever.
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