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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    — Erika, foi mesmo uma boa escolha falar com ele naquela hora?

    Não teríamos oportunidade melhor. O que falamos deve mantê-lo quieto por um tempo.

    A conversa entre Vylon, Liane e Er’Ika era um segredo guardado a sete chaves, algo a ser enterrado e mantido somente entre quem estava presente. O plano do deus era manter o bispo numa corda bamba por um tempo, afastá-lo de qualquer tentativa de ataque, pois não duvidava que suas situações atuais seriam ameaçadas caso houvesse a intromissão deste homem. 

    Aquilo causou uma forte enxaqueca na entidade, que precisou tecer um diálogo convincente o bastante para controlá-lo, mas, em outras palavras, o que fora discutido era sobre a sua existência anormal, de como não era um demônio, mas que era extremamente perigoso se fosse alvejado, e também que caso o seu receptáculo morresse, o espírito dentro dele seria liberto e causaria um caos no mundo. Era uma mentira bem contata, pois nem mesmo o próprio Er’Ika possuía certeza do que ocorreria se Liane morresse — em todo caso, aquilo garantiu um tempo necessário para continuarem.

    Assim, ambos fizeram um breve acordo, de separar o receptáculo e a alma do deus quando pudesse. Em troca, não haveria destruição, muito menos conflito devido à libertação. Vylon permaneceu assustado a todo momento, até mesmo seus olhos mudaram de cor durante a conversa, e Er’Ika vinha suspeitando ser um tipo de habilidade sobrenatural. Muito foi aprendido durante a última colheita.

    A primeira e mais importante coisa era a respeito da igreja. O líder dos cultistas consumidos fora constatado como um antigo paladino, e com suas memórias, muitos detalhes vieram à tona. A primeira era que certas pessoas detinham capacidades de fato milagrosas, algo sobrenatural que possuía seu corpo, inclusive, o bispo estava constatado como uma dessas pessoas, tendo olhos que enxergam a alma.

    À princípio, Er’Ika achou bastante interessante o conceito, mesmo sem encontrar uma lógica exata. Isso explicava o porquê de ter sido visto durante a inspeção, ao mesmo tempo que lhe servia para criar novas estratégias de contenção contra possíveis ameaças. Uma delas, aliás, era a possibilidade de Vylon criar uma emboscada para pegá-lo e matar o garoto. Achava muito difícil acontecer naquele momento, estavam num lugar remoto demais e sem as pessoas devidamente capacitadas para tal, ou seja, fazê-lo seria imprudência.

    O tanto de nuances amontoando também o preocupava. Primeiro, seu disfarce de fada foi por água baixo, segundo, não tinha a menor ideia de como se esconder das pessoas com variações da habilidade de Vylon ou com um método de detecção específica. A série de variáveis também não colaborava quando a montanha de informação coletada possuía redundâncias, lixo ou até coisas inúteis.

    Hah, eu agora estou começando a ver problema em coletar memórias…

    — Hum? Você não disse que era melhor coletar sempre o máximo possível?

    Sim, eu disse, no entanto, estou começando a encontrar coisas desnecessárias. Informações repetidas, conteúdos que já conhecemos, mentiras… Por que humanos mantém coisas infundadas na cabeça?

    — Acho que faz parte da essência de todo mundo acreditar em algo impossível, tipo você falando que não tinha sentimentos, lembra?

    Eu ainda não sei como até mesmo você acredita nesse absurdo… Se demonstre mais inteligente, pequenino.

    O garoto deu de ombros, vendo-o novamente ignorar a pergunta e agir como se nada tivesse acontecido. De qualquer forma, Liane não se importava tanto atualmente, seus pensamentos estavam repletos de icognitas. O que ele faria agora? Onde estava sua irmã? Para onde ele iria? Essas e mais dúvidas se mantinham firmes como paredes de pedra, impedindo de processar tudo devidamente.

    Era tão problemático que, por falta de escolha, o menino usava qualquer coisa para passar o tempo. Praticar magia, ler o Demonicon ou o livro de Ludio, passear ao redor da Vila do Dente destruída, coletar pedras bonitas que via pelo caminho — enfim, procurava algo para matar seu tédio. A parte da magia estagnou desde a última vez, por hora, tudo o que conseguia fazer era disparar relâmpagos e evocar uma lâmina de fogo, ambas ferramentas muito úteis, mas só em momentos de crise.

    Já Er’Ika, ainda conseguia mudar de forma para sombra, e essa habilidade demonstrou evolução ao longo do tempo, podendo trocar para um ser féerico. Inicialmente, era complicada de manter, mas agora nem sequer havia dificuldade em alterar ou ter consistência na forma. 

    Fora isso, ainda mantinha o feitiço de Milea de sono e aprendeu alguns truques para refinar, reconstruir e destruir aspectos físicos. Era uma habilidade aparentemente complexa, mas Er’Ika já tinha noção disso desde o começo, operando as células do garoto para sua melhor recuperação, a diferença que agora tinha o auxílio de mana, energia demoníaca e divina, aumentando a efetividade.

    Odeio o fato de não ter adquirido muita coisa útil daquele dragão.

    — Ué, por que isso de repente?

    Porque era uma peça rara, algo que só se vê uma vez numa eternidade, e eu perdi.

    Infelizmente, não adiantou de muita coisa obter os poderes do dragão. O máximo que Er’Ika obteve era uma quantidade exorbitante de energia demoníaca, que logo foi convertida para o selo e rachou mais um pouco dele. Seus sentidos se afiaram e muito, além de que permitiu uma consistência exorbitante no uso de magias e feitiços demoníacos, mas o que adquiriu não foi tanto.

    As costas da palma de Liane ganharam um aspecto reptiliano, com escamas protuberantes se projetando para fora da pele. Assim que viu isso, o garoto balançou a mão várias vezes, na tentativa de tirar aquelas coisas.

    — Eu já falei para você parar de fazer isso do nada!

    Mas eu preciso, é a única coisa que obtive daquela coisa. Tenho que compreender suas capacidades!

    Er’Ika era capaz de momentaneamente transformar a pele do menino naquelas escamas, no entanto, não tinha noção completa do que elas faziam. Torcia para ser algo verdadeiramente útil, uma pena que no momento era impossível descobrir para que serviam. 

    Enquanto os dois passeavam mais uma vez ao longo dos destroços da vila, Grey, o paladino, acenou para Liane e estava com um rosto diferente.

    — Liane! Finalmente te encontrei, o bispo quer te ver agora mesmo!

    — O que? Mas por que?

    — A equipe de busca retornou… eles encontraram a sua irmã!

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