Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 93: Bispo Vylon
Muito aconteceu após o incidente. Primeiro, houve caos generalizado quanto a prefeitura, que ruiu em sua própria estrutura om um ataque organizado dos cidadãos, onde cada pedra se tornou um tijolo para a reconstrução das casas em pedaços. Não muito depois, uma comissão organizada pelo chefe da guarda e a guilda local de mercenários apaziguou parte do caos, abrindo espaço para uma nova eleição.
Obviamente que Jessia virou o centro das atrações, o epicentro de uma festança proporcionada pelo dono da taverna local, além da pessoa com quem todos os políticos desejavam máximo de contato. Certos detalhes ficaram omitidos, como a presença da fada Er’Ika e o impacto crucial de Liane para a salvação, o motivo principal, de acordo com a própria fada, era que se caso o garoto recebesse tanta atenção, pessoas más intencionadas viriam atrás dele. Isso estava em parte certo, mas dava um gosto amargo deixá-lo escondido na sombra da recém-emergida heroína.
Outra coisa também ignorada era a quantidade de crimes que Jessia cometeu. Ela era uma pessoa procurada, no entanto, estes foram ignorados já que sua aparência virou muito diferente dos cartazes. Ao invés da mulher velha de cabelo castanho, a mulher mais parecia uma jovem moça se aproximando dos trinta anos com cabelo arroxeado. O cabelo, inclusive, tomou tal cor por conta do sangue da criatura demoníaca, que impregnou na raiz e mudou a coloração permanentemente.
O novo estilo foi bem-vindo, além do mais, ninguém aceitaria uma pessoa culpada de tanta desgraça como herói. Caso descobrissem, provavelmente ela precisaria sair o mais rápido possível.
Depois do ocorrido, enviados do Exército Branco vieram à cidade às pressas, a comitiva de cavalos marcou o horizonte com tons marrons e cinzas em meio ao campo de neve. Grey havia mandado uma mensagem antes, porém, quando o demônio emergiu, um pulso de energia se espalhou pelas redondezas, alertando e mobilizando as forças rapidamente para chegarem na vila.
Quando um ritual demoníaco era executado, um pequeno lapso de energia demoníaca se espalhava no ar, então sacerdotes e paladinos identificavam as oscilações e caçavam os responsáveis por liberá-lo. Por isso, muitos cultistas faziam atividades com o perfil mais baixo possível, usufruindo de métodos como o miasma, para assim poderem realizar o ritual num piscar de olhos e fugirem com o pouco tempo restando. Se não fosse pela interferência daqueles bandidos e da heroína, o plano dos cultistas aconteceria sem interrupção, causando mais desgraça nas redondezas antes de serem capturadas pelo Exército Branco.
O grupo era bastante grande, contendo desde sacerdotisas a paladinos altamente equipados. O líder era um homem de cabelo preto e com olhos desprovidos de brilho, onde a escuridão espiralava para o fundo da alma e desvanecia. Ele quem lançou os comandos para o grupo de investigarem e colaborarem na recuperação dos que se machucaram, também sendo o representante da igreja de Lithia.
O dia em que Jessia e esse homem se viram foi bastante assustador para Liane. Era bastante memorável a cena, pois se escondeu atrás da mulher a todo momento, puxando a bainha do seu vestido sempre que um desconforto subia pela garganta. Aquele encontro ocorreu numa das noites de festanças da Vila do Dente, com bebidas gratuitas para qualquer um. No meio da comoção, Grey guiou o suposto chefe em direção a heroína, que mimava o garotinho com petiscos.
— Temos companhia… Hah — reclamou a moça, de costas para os dois, mas revirando os olhos e dando um sinal claro para Liane não interrompé-la.
Naquele mesmo momento, o menino se encolheu, tomando refúgio atrás de Jessia. Ao reparar isso, a irritação dela aumentou, a coisa que menos queria era alguém incomodando sua mina de ouro. Virou-se para os dois, uma pena que seu semblante forçando um sorriso e postura indicavam uma falta completa de prazer em vê-los.
— Posso saber o que vocês querem?
— Madame Jessia, este é o comandante da comitiva, o cavaleiro Vylon. Ele disse que gostaria de falar com a madame pessoalmente.
— Pessoalmente? Não vai rolar, eu tô cuidando do meu… neto. — Ela levantou o queixo, demorando alguns segundos para perceber o erro. “Neto?! Do que tô falando!? Eu não tenho mais cara de vovó!”
— Neto? Pelo visto, agora as coisas podem fazer sentido… — disse Vylon, dando um passo em frente e realizando uma reverência. — Perdoe pela minha intromissão, queria conferir quem é a heroína do qual todos falam tanto e tirar algumas dúvidas. É raríssimo uma pessoa de fora da igreja matar um demônio.
A atitude cortês não a enganava. Os que tinham uma língua boa para falar sempre se aproveitavam de brechas e pressionavam seus alvos para falarem o máximo possível, porém, ela não pretendia cair em tal tática. Um suspiro fugiu da boca, e imediatamente sua mão agarrou o pulso de Liane, preparando-o para saírem de cena antes de cair na lábia do outro.
— Desculpe, mas quero aproveitar o dia com meu netinho. Ache outra situação ou dia pra isso, porque não quero responder qualquer pergunta no momento.
— Madame Jessia…! — o chamado de Grey foi inútil, os dois se afastaram antes de qualquer clemência. — Perdão por isso, bispo Vylon.
— Está tudo bem. Você não me introduziu pelo meu cargo, mas mesmo assim eles fugiram… Deve ter sido muito traumático para o neto ver um demônio serpentário quase matar sua avó. Me impressiona ainda assim que ela aparente ser tão nova…
— Hã, sobre isso, tem correlação com a história que lhe disse. Uma fada apareceu e a ajudou.
— Fada? Parece até algo daquelas histórias para crianças, mas, sinceramente, eu acredito, levando em conta o feito extraordinário dessa mulher.
Vylon colocou a mão no queixo, avaliando o par se misturando a multidão. Há certo tempo, uma impressão estranha incomodava a mente, e era sempre uma sensação de estar sendo observado. Por mais que analisasse os arredores a todo momento, não identificou a suposta pessoa, porém, ao verificar por mais um tempo o garoto ao lado de Jessia, a sensação se intensificou.
O bispo também era adepto em detectar energia como os sacerdotes e alguns paladinos, tendo uma sensibilidade especial para detectá-la. Nenhum traço de energia demoníaca entrou no seu radar, somente os traços de divindade que sua comitiva levava e um pequeno desconforto.
Existia uma outra assinatura que se diferenciava das duas, algo mais “primordial”, ou talvez era apenas a sanidade fugindo de si após horas viajando de cavalo. O que quer que fosse, Vylon estava mais do que interessado em descobrir, e para isso, ele precisava chegar perto de heroína.
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