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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Er’Ika amou ver o caos de longe. Bandidos brandindo armas rústicas contra um conjunto de cultistas insanos, os dois piores tipos de pessoas desse mundo se enfrentando numa ironia do destino. Para ele, um deus que amava a discórdia, especialmente quando envolvia mortes desnecessárias e carnificina, era uma linda peça teatral. Ficar em cima das casas para observar lentamente uma bagunça de pessoas saírem da prefeitura e matarem umas a outras no meio da neve também foi algo lindo de se ver.

    No entanto, já era hora de entrarem em cena. Se a maioria estava saindo para lidar com o fluxo constante daqueles criminosos, isso significava que a segurança do lado de dentro havia se tornado uma bagunça.

    Vamos lá, pequenino, eu estava sedento por uma ação depois de tanto tempo!

    Liane acenou com a cabeça, saltando pelas paredes das casas e retornando ao chão. Ele passou entre as pessoas no meio da baderna, adentrando o prédio e rapidamente se misturando no meio daquilo. Era uma criança, provavelmente ninguém se importaria com sua presença, e se caso viessem atacá-lo, bastava esquivar com a velocidade adquirida pela energia fluindo pelos músculos.

    Em pouco tempo, ele encontrou o epicentro da desgraça, o porão em que haviam tanto criminosos quanto cultistas, sem contar nas pessoas presas nas paredes por correntes e pregos. A energia demoníaca substituíu o oxigênio no ar, criando um grande sorriso dentro de Er’Ika, cuja gula cresceu de acordo com aquela saborosa fonte de poder infectando todas as pessoas.

    A essa altura, era desnecessário usar o conjunto de ervas para a proteção, no entanto, para humanos convencionais, isso lentamente os mataria como um veneno mortal. Jessia estava à vista, mais recuada em meio a todo seu exército, balançando a espada com um sorriso sádico e se divertindo com os membros voando diante de seus olhos. 

    Er’Ika continuava e muito gostando dessa mulher, ela se provou cada vez mais útil para o plano. 

    Tire as ervas que você guardou, vamos usar tudo. Temos que garantir a sobrevivência dela.

    O garotinho sequer reclamou, abrindo uma aljava repleta de folhas e pétalas. Bastou jogá-la na direção de Jessia que a entidade fez o restante do serviço, dominando seu braço e disparando labaredas em linhas reta, consumindo a aljava e dispersando um gás que se grudou no corpo da velha.

    Ela, à primeira vista, estranhou o odor e a sensação grudenta sobre a armadura de couro, mas ao olhar para trás e avistar o pirralho junto da fada, imediatamente cogitou que os dois fizeram algo para ajudá-la. De um jeito ou de outro, serviu bem ao propósito, pois ela estava mais revigorada do que nunca, arrancando a cabeça de um cultista num único balançar da cimitarra.

    Liane chegou a ter um frio na espinha quando o sangue esguichou para todas as direções, tendo que receber uma ajuda por parte de Er’Ika para controlar seus nervos. O próximo passo era arranjar mais indivíduos para colaborar com o caos, no caso, as pessoas presas. 

    — Os aventureiros de antes estão trancados em jaulas — falou o menino, abusando do seu corpo inteiramente energizado para analisar tudo na sala. — Ah, feriram aquelas duas… 

    — Por que se importar com isso? — provocou Er’Ika, em sua forma de fada. — Os homens terão ainda mais vontade de lutar vendo isso, fará o espetáculo ainda mais belo.

    — Não é com isso que estou me preocupando…

    Ele engoliu seco, correndo em meio a colisão de espadas e filetes vermelhos voando, chegando bem perto dos aventureiros e inocentes presos. Ludio, o mais surpreso dos três, arregalou os olhos ao vê-lo.

    — Garoto, saia daqui, você morrer nesse lugar seria um desastre para a academia mágica…!

    Obviamente, toda essa baboseira foi ignorada, onde o menino apenas se concentrou em realizar novamente o feitiço de criar labaredas. No entanto, dessa vez era muito mais concentrado num mesmo ponto, criando uma chama azulada na mão direita que se assemelhava a uma adaga. Revivendo todas as memórias de manejar uma faca, ele rapidamente derreteu as barras de metal e cirurgicamente tirou as amarras de cada um, passando reto do trio para libertar as demais pessoas.

    — Se eu ficasse parado, de nada adiantaria o seu esforço por mim.

    Aquilo tocou o coração de Ludio e de Grey, que não esperavam tamanha compaixão por uma criança aparentemente inocente, no entanto, para Brutus, essa foi uma segunda chance. O corpo do gigante se retorceu de raiva, cada veia borbulhava com tamanha pulsação, e sua mera presença equivaleu a de um monstro faminto em busca de presas para abater.

    Era tamanha força que os cultistas e bandidos ao seu redor congelaram, apenas para vê-lo pegar um porrete no chão e quebrar o crânio de um homem com máscara de ossos. Disso, um novo ciclo de matança começou, com Brutus tomando a frente em meio aos aliados. Jessia adorou os reforços, com um mago, um paladino e um guerreiro enlouquecido atacando como se não houvesse amanhã.

    Quanto a Er’Ika, ele queria apenas tempo. Quanto mais pessoas morressem, mais memórias coletaria, e este era seu exato desejo, ao ponto de sua mente entrar num estado de ebulição pela quantidade obscena de informação sendo analisada e organizada. Aquilo era algo de outro mundo, um prazer tão avassalador que ignorou por completo seu receptáculo, que constantemente olhava para cadáveres em todo lugar.

    Sua cabeça apenas evitava um estado de loucura por conta da presença da entidade, controlando o fluxo de hormônios para mantê-lo num bom estado mental. O efeito colateral era um desconforto constante, sem nojo ou medo para travar as pernas, unindo-se a um pensamento de “Sou sortudo”. Ficar vivo sobre milhares de outros se tornou um motivo para se sentir superior, para agraciar a vida e abraçar a morte.

    Oh, nosso convidado se irritou.

    A energia errática ao redor de repente foi dominada por um piche sombrio, que para Er’Ika teve um ótimo sabor, enquanto para os demais era carregada de terror e um sinal do fim do mundo. Aparentemente, o líder daquele culto estava finalmente revelando suas cartas e pretendia encerrar a comoção de uma vez por todas.

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