Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 46: Uma Taverna Barulhenta
Liane era mesmo uma criança muito inocente, isso estava claro como a lua que brilhava no céu. Jessia, por outro lado, perdeu a inocência há tanto tempo que poderia ser considerada um demônio de tão corrompida. Ela sabia como era a vida nesse tipo de vila — a infraestrutura parecia boa, mas com certeza o prefeito seria um maldito corrupto.
A começar que o local não era pequeno, diferenciado-se muito do vilarejo em que o garotinho viveu por anos. Tinha uma igreja, um centro comercial, um número considerável de casas, mas o número de pessoas excedia o quanto os imóveis aguentavam. O motivo para isso era fácil de adivinhar: ninguém queria ficar do lado de fora.
Ao cair da noite, sabe se lá o que vagava na neve e na floresta, mas com certeza era uma coisa que ninguém queria conhecer. Parte disso se dava por culpa da própria bandida, as suas ameaças com cadáveres empalados e cabeças cravadas em estacas de madeira efeito no clima presente na Vila do Dente. A forma como as pessoas andavam, com uma vigilância extrema até para seus companheiros próximos, refletia bem um desespero comum por um canto prestes a desabar.
Jessia odiava isso, pois dificultava os furtos que fazia ocasionalmente e também as suas trocas por informações se tornavam mais rígidas, já que os informantes abusam mais de sua lábia ao encontrarem alguém sem noção do que acontecia nas redondezas.
Por causa disso, ela achava um completo lixo permanecer lá por mais um tempo. Seu objetivo primordial era só passar a noite e mudar para outra vila assim que os portões se abrissem, tanto para ter uma atmosfera mais leve quanto para traçar seu próximo plano de ação. Pretendia também abandonar o garoto ali, pois não tinha mais utilidade alguma, porém, após ter sua mão segurada de um jeito tão fofo, estava seriamente reconsiderando a questão.
“Nunca pensei que teria que bancar a vovó uma vez na vida… Pelo menos não é ruim.”
Era bastante irônica sua posição atual. De criminosa procurada para babá de um moleque cheio de talento, onde no mundo pensou que iria parar nisso? Uma pena que seu julgamento para deixá-lo não era somente por vontades ignorantes. Ela sabia como ressentimentos seriam carregados pelo pequeno monstrinho, e sabia também como ele era plenamente capaz de matar. Nada o impediria de no meio da noite assassiná-la porque queria.
“Ainda assim, vou dar uma chance. Meu senso de autopreservação não está alertando, devo ficar segura.”
Um sorriso leve brotou em seu rosto, estava curiosa pelas coisas que aconteceriam a seguir. Não demorou muito para encontrarem uma estalagem, ou melhor, uma taverna. Jessia sentia nostalgia ao parar na entrada de estabelecimentos como esse, revivia memórias de quando se embebedava até cair e brigava com outros bebuns, apenas para no dia seguinte desaparecer do mapa para não pagar os danos causados a propriedade.
Uma cacofonia chegou aos seus ouvidos na velocidade de um relâmpago. O lado de dentro devia estar bem animado, contrastando com o silêncio do restante da vila, e isso foi o bastante para fazê-la entrar e descobrir com os próprios olhos o que acontecia.
Felizmente, ninguém lhe deu atenção quando invadiu o espaço. A única pessoa a se incomodar foi Liane, por causa do cheiro massivo de bebida que atacou seu nariz, obrigando-o a se encostar ainda mais em Jessia por causa da zona formada no ambiente. Era gente falando alto, batendo as canecas, estapeando os rostos uns dos outros, uma atmosfera caótica contrastando com o silêncio da noite.
O sorriso da bandida cresceu, ela gostava muito de estar em lugares assim, então levou o seu pet rumo ao balcão. Ela o levantou até ficar sentado, girando a cadeira dele para assistir ao show.
— Ó chefe, me dá um hidromel bem gostoso e uma carne no capricho!
O taverneiro, um homem com belíssimo bigode grosso, levantou a sobrancelha.
— Não vai querer especificar o seu pedido…?
— Ah! Verdade… Moleque, você quer alguma coisa?
— Hã? Eu só quero água mesmo.
— Traz um copo d’água e algo pra essa criança comer, pode ser qualquer besteira!
O pobre coitado do velho teve que suspirar e revirar os olhos diante da falta de especificidade, mas como as coisas eram assim todo dia, abaixou os ombros e foi aprontar aquele pedido. Enquanto isso, Jessia deu as costas para o balcão e cruzou suas pernas, apoiando os cotovelos contra a madeira escura.
— Devem ter matado um monstro, aposto.
— Como você tem tanta certeza?
— No meu tempo de mercenária, só nessa situação específica tinha tanta festança. Se for do jeito que estou pensando, algum grupo forte de mercenários pegou um pedido dos quadro de boletins que era muito difícil e cumpriu, e veja só, apenas os de caçar monstros causam tanta confusão assim.
— Sério? Então devem ganhar muito dinheiro fazendo isso… Como as pessoas fazem os pedidos?
A mulher apontou para uma moldura num canto do salão, lá certos pedaços de papel ficavam presos por pinos e qualquer um poderia olhá-lo.
— As pessoas pagam um dinheiro ao taverneiro local ou a guilda local e põem lá. Conhecendo a sua cabeça extremamente complexa, moleque, eu aposto que você quer colocar um pedido de busca pela sua irmã, né?
Liane emudeceu, e seu silêncio acertou em cheio as vontades do menino. Ela deu uma risada fraca, notando o taverneiro trazendo o que pediram. Um belo filé e um caneco cheio de hidromel aguardava Jessia, enquanto um copo d’água e uma sopa esperava pelo menino. Antes de mais nada, no entanto, a bandida decidiu fazer uma boa ação.
— Ei, chefe, reserva um quarto para dois e usa o troco para o moleque colocar um pedido no quadro.
Ela pôs um conjunto de moedas de prata no balcão. O taverneiro ergueu a sobrancelha, mas não negou e só colocou um papel e uma caneta na frente de um moleque com olhos radiantes de surpresa. Outra vez, Liane foi confundido pelas ações enigmáticas de uma velha bandida. Não muito depois, um novo pedido foi colocado no quadro, procurando uma mulher ruiva de olhos verdes.
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