Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 25: Pedra Comunicadora
Aquela voz assustou Liane e impressionou Er’Ika. A voz do assassino Z soava bem demais, como se ele estivesse ali do lado conversando, no entanto, tudo o que havia era uma simples pedra emitindo suas palavras com a maior naturalidade do mundo.
A bandida apanhou o objeto e aproximou de sua boca, largando um longo sorriso antes de responder:
— Encontrei uma peça rara dentre os prisioneiros, um deles sabia usar magia e pedi para ativar o dispositivo… Podemos dizer que encontrei minha galinha de ovos de ouro.
— Eu aposto as minhas duas mãos que é aquele mesmo moleque — respondeu a pedra com voz de homem. — Nem tente mentir, você é péssima nisso e ele já é meu. Eu te conheço bem, sei que você tá com olhos bem gordos pra cima dele, também tenho certeza que seus colegas estão surpresos e encarando o menino como se fosse uma coisa de outro mundo.
Z acertou com perfeição o ambiente. As pupilas de Jessia pareciam ter a forma de cifrões enormes, os capangas nas demais mesas tocavam a mesa com o queixo e Liane se sentia no meio da uma confusão da qual preferia ficar longe. Só pelo jeito como era olhado queria correr e se esconder numa sombra ou pedir ajuda de Er’Ika para sair em disparada para longe, ignorando tudo e todos no caminho.
Conteve a vontade, mas realmente tomar distância parecia a melhor ação no momento. Jessia esticou a mão na direção do menino, afagando seu cabelo de tigela cheio de fios selvagens, tratando-o como um cãozinho que acabou de resgatar de um temporal. Liane odiou cada segundo, mas mesmo assim não fez nada, com medo de uma retaliação que o lançasse de volta à cela e aos mingaus matinais.
— Talvez seja, talvez não — retrucou a bandida, contente o suficiente para brincar um pouco com o cabelo do garotinho. — Quanto você quer por ele? Eu te dou o que quiser.
— Heh, começou a falar minha língua, mas não quero vendê-lo. Meu chefe ficaria muito feliz com esse presente, prefiro deixá-lo aí reservado enquanto posso.
— Hmmm, mas tem um pequeno probleminha, Z…
Aquele tom indicou tudo, um frio na espinha correu por Liane enquanto uma lâmina fria escorreu para fora do bolso de Jessia, apoiando-se em sua garganta.
— Sabe que posso me livrar dele a hora que eu quiser, né? — O sorriso antes de felicidade se tornou sádico, crescendo de orelha a orelha. — Ohh, o pobrezinho já está tremendo e quer chorar. Olha o que você fez com ele, Z! Que ignorante da sua parte abandonar o coitadinho… Não deveria ser tão ganancioso, sabia?
O silêncio reinou na sala por um momento. Aquela falta de palavras agraciou Jessia, cuja face ainda se mantinha de forma demoníaca, assustando mais do que a faca pressionando o pescoço do garotinho. Quando queria, ela usava as ferramentas para extorquir seus alvos e tirar a vantagem necessária. No caso, ela queria uma recompensa por proteger um menininho que há poucos momentos atrás era inútil por causa de perder um de seus homens mais importantes.
— E então, Z? Nada a decretar? Ele não pode esperar muito, se não vai secar de tanto chorar…
— Tudo bem, inferno. 50 moedas, e larga o pirralho de uma vez.
— 50 o que? Eu não ouvi direito.
— 70, nada mais que isso. É pegar ou largar.
Depois de ponderar mais um pouquinho, a bandida estalou a língua e se afastou de volta a parte de trás do balcão, erguendo os punhos para o alto e gritando para seus homens:
— Ouviram isso, rapazes?! 70 moedas de ouro no capricho só porque encontramos nosso garoto da sorte! Tratem bem ele, mais do que a mãe de vocês, porque nosso tesouro acabou de ficar muito maior!
Um rugido emergiu na sala, cada um daqueles mal-encarados estava mais do que alegre em receber um pagamento gordo mais tarde, assim como muitos já almejavam encher o baú principal do grupo com uma quantia vasta de moedas para talvez roubar num dia de confusão entre os membros. Era tanta alegria que todos jogaram Liane para o alto, o que deixou sua mente ainda mais desnorteada por uma infinidade de coisas passarem na sua mente simultaneamente.
Jessia e Er’Ika queriam rir do momento, mas mantiveram a boca fechada e se concentraram apenas no garotinho, que era o epicentro daquela festança toda. Um mago apareceu num vilarejo qualquer no meio do nada, isso podia ser chamado de milagre até pelo mais cético dos homens. A bandida largou um suspiro, antes de arruinar com a brincadeira de seus homens que estavam prestes a fazer o moleque bater contra o teto, apanhando-o por debaixo do braço igual um saco de batatas.
Ela alertou aos demais que limpassem a bagunça que fizeram enquanto levava seu novo colega a sua cela especial e que mais tarde daria novos avisos do que precisariam fazer pelos próximos dias. Dado os avisos, ela apanhou o objeto mágico e colocou próximo à boca.
— Seu precioso assassino mirim vai estar protegido com a gente, mas o verdadeiro motivo para te ligar é saber por quanto tempo ainda precisamos ficar aqui para você conversar com seu contato.
— Quanto a isso, devo chegar hoje à noite ao ponto de encontro. Durante a madrugada eu ia enviar uma mensagem, mas pelo visto não me preocuparei com o outro lado estando mudo. Nesse momento eu só estou esperando, e vamos dizer que as coisas estão um pouco feias…
— Feias? Como assim?
— Os guardas dos Tanite já perceberam a demora da senhorita mais cedo do que imaginávamos. Eles estão em patrulha na cidade principal e há muita comoção, logo, fica meio difícil sair e transitar entre cada local. Eu juro que não quero me meter no meio de feno pra faca de novo…
Jessia estalou a língua e suspirou. O plano estava correndo mais ou menos bem, se eles jogassem as cartas certas e tivessem o tempo à sua disposição, o restante sairia de uma maneira ótima. Ela primeiro quis resolver a questão de Liane, jogando-o numa cela específica antes de dar as costas com um pequeno olhar de desdém e ir conversando com seu parceiro.
O garotinho a encarou ir embora, seu coração continuava correndo a mil, prestes a sair do peito e rasgar sua carne, mas se manteve estático, isto até ouvir uma voz no fundo daquele lugar:
— Liane?
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