Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 164: Acordada em Meio ao Caos
— Mestre Liane, por favor, acorde.
Alguns dias se passaram após o selamento total de Er’Ika, e desde então, Celine ficou mais preocupada do que nunca com o estado de seu mestre. Ele não levantava da cama por conta própria, evitava ao máximo comer e sempre deitava na cama virado para a janela, escondendo o semblante. Ela tentou de tudo, seja com as comidas favoritas — das quais especificamente decorou. —, com brinquedos e cogitou seriamente sair por Verdan para caçar e matar a santa Cristal.
Tendo sido informada por Vylon em detalhes, estava diariamente mais difícil de controlar os nervos, pois sentia-se uma inútil ao lado dele. Nada que fazia melhorava seu humor. Cerrou os punhos, indignada consigo mesma, e depois de conferir que Liane nunca levantaria, resolveu sair do quarto. Quando fechou a porta, avistou Sir Merk próximo a escadaria para o andar debaixo, de braços cruzados e expressão solene, similar a quem espera por uma pessoa prestes a fazer uma cirurgia.
— Como ele tá? — perguntou, quebrando o silêncio.
— O mestre Liane está da mesma forma que nos dias anteriores. Não responde, não come… Eu temo que ele possa morrer se isso continuar…
— Impossível. Esse garoto é forte, ele vai superar isso e voltar correndo pra você. — Deu de ombros. — De qualquer forma, como lhe disse, terei que ficar aqui se acontecer qualquer emergência. O marquês e o bispo fizeram um acordo para protegê-lo, já que ele está vivendo na minha casa, fui o encarregado de ficar para qualquer emergência… Sério, o trabalho seria bom se não fosse pela aura de derrota que tá pairando por todo canto.
— Mais respeito, Sir Merk. Meu mestre passa por uma fase difícil, prefiro que não fale levianamente dos sentimentos.
— Sim, sim, eu sei. Só estou comentando isso porque tenho medo do que pode acontecer depois… É um assunto muito delicado, mas entendo o porquê tanta gente o apoia deliberadamente. — O cavaleiro suspirou, pondo uma das mãos no pomo da espada. — Quando tudo começou, pensei que ia morrer.
O desastre mágico proporcionado por Er’Ika atingiu várias partes da cidade, isso incluía a mansão dos Tanite e outros locais próximos. Na hora do incidente, Merk organizava papelada no seu escritório na ala dos soldados, então, quando o chão começou a tremer e a gravidade se inverteu, ele se viu muito próximo da morte por não entender nada. Alguns de fato morreram devido a queda, por sorte, nem ele, nem o marquês ou senhorita Silva se machucaram.
“Se o Joshua tivesse se ferido um pouquinho, não seria ruim…”
Joshua era o cabeça branca responsável pelos mordomos da mansão, e também era um velho inflexível cheio de marra para educar quem estivesse fora da linha. Não era novidade que ele também se afeiçoou bastante a Liane devido a tantas visitas, especialmente porque Silva nunca calava a boca quando era para falar do garoto, explanando tudo o que fez durante o dia com um gigantesco sorriso.
Chegava a ser irritante e um pouco nojento aos olhos de Merk, por isso preferiu guardas as palavras para si quando a boca de Silva começava a atirar elogios para o alto.
O som da campainha reverberou pela casa. Celine foi a primeira a se mover, enquanto Merk entrou no quarto de Liane novamente para assegurar sua segurança. Tinha se tornado também um tipo de protocolo, em que o cavaleiro ficaria o mais próximo possível do garoto para assegurar sua vida.
Com a tentativa de assassinato por um cultista demoníaco, o cuidado sobre ele foi igualmente aumentado. Muitas vezes quem tocava a campainha era um entregador com presentes de Silva, todos com o propósito de animá-lo. Desnecessário dizer que nem isso funcionou.
Ainda assim, como os entregadores estavam apenas fazendo seu trabalho, era melhor atendê-los. Celine girou a maçaneta devagar e viu a pessoa pela fresta. Queimaduras subiam pelos braços e pescoço, metade do rosto carregava riscos das chamas, que traçavam linhas acinzentadas pela raiz do cabelo e trocavam o tom ruivo dos fios.
Os olhos da serva arregalaram, empurrando a porta de uma vez e caindo de joelhos no chão para uma reverência. Abaixou a cabeça e retirou a adaga da coxa, oferecendo a mulher. Este era um ato de genuína submissão a qualquer membro da Lâmina Fantasma.
Zana tocou o meio da adaga, um indicativo que aceitava sua submissão, então a garota recuou um passo para trás, escondeu a arma e saiu do caminho para dar passagem.
— O homem responsável por me curar, bispo Vylon, me disse que você e Liane estariam nessa casa… Eu também pude andar por Verdan e vi muitos sinais de destruição no caminho. O que houve enquanto eu estava desacordada, Celine?
A moça procedeu em explicar os acontecimentos recentes, desde a missão que Liane impôs a si mesmo, no entanto, pincelou mentiras extremamente bem colocadas que foram desejo do próprio mestre.
O primeiro era sobre sua missão pessoal com a igreja, do qual decidiu fazer para angariar um favor com eles e assim recuperar sua irmã do estado de coma. A parte de Er’Ika, por outro lado, não havia como esconder, já que sua presença seria cedo ou tarde confirmada entre os indivíduos da igreja.
A expressão de Zana continuou endurecida com as palavras de Celine, enquanto as duas iam para o andar de cima.
Ela não estava ali por qualquer motivo, seu dever era proteger Liane a todo custo, então ficou enfurecida quando acordou e percebeu que há muitas semanas não se levantava. Em uma situação comum, era para continuar na cama e se recuperar, mas o corpo cheio de propriedades sobrenaturais de uma pessoa consagrada na Lâmina Fantasma eram completamente fora da curva.
Celine guiou o caminho e abriu a porta para Zana adentrar o quarto. O cavaleiro Merk se encontrava lá, até mesmo sentiu surpreso com a presença daquela pessoa.
— Liane? Você está dormindo?
A voz da mulher ressoou nos ouvidos do garoto, iniciando uma reação em cadeia. Os lençóis saíram de seu corpo, a cabeça virou devagar na direção dela. Seus olhos se encontraram, as outrora íris azuis foram substituídas por um par vermelho, e ainda assim, esses olhinhos choraram.
Liane saltou da cama e se jogou com um abraço em Zana, afundando seu rosto na roupa dela.
— Irmã Zana, vo-você voltou!
Uma reação imediata, diferente dos dias repletos de depressão. Bastou uma pessoa para que isso acontecesse.
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