Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 179: Noite de Sono
A pobre testa de Liane latejou durante a festa inteira. Infelizmente, o aniversário da senhorita Erienne ficou cheio de intrigas e problemas, criando uma atmosfera tão desamigável que Liane teve muita pena dela não aproveitar o seu dia especial. Diferente do ambiente dos plebeus, não havia a mesma tensão política ou conversas rodeadas de interesse, era só um momento simples e pacato para comemorarem a vida de alguém — devido as condições financeiras, por outro lado, era só comemorado uma vez a cada três anos.
De qualquer modo, a comemoração seguiu sem rodeios. Erienne recebeu um bolo enorme de três andares encomendados por seu pai e todos partiram próximo a meia-noite. Os que moravam mais próximo do castelo Valtóris embarcaram nas carruagens e foram embora, enquanto os que tinham destinos mais longes, como Liane e Silva, tiveram de se alojar no castelo ou em uma pousada na cidade mais próxima. Não era exagero dizer que a caçula dos Tanite arrastou sua melhor amiga para onde quer que fossem, então mesmo quando foram a cidade vizinha ao castelo, as duas se mantiveram perto.
O local escolhido para passarem a noite era normal, pelo menos aos olhos dos nobres, enquanto plebeus ou quem passou boa parte da vida numa situação mais modesta só poderiam arregalar os olhos de tanto brilho dentro de uma simples pousada. O garoto terminou de abotoar seu pijama presenteado por Zana e olhou para a janela próxima a cama. Postes iluminavam corredores escuros naquela cidade, da qual ele não se importou de decorar o nome, pois voltariam para casa no dia seguinte.
Ainda assim, ficava curioso com quem andava nas sombras, desviando dos transeuntes rumo as vielas. Pontinhos brilhantes decoravam o centro, que parecia imerso em atividade com música e euforia. Em contraste com essa animação, os olhinhos de Liane pareciam prestes a cair no chão e um par de sacos pesados estava sob as pupilas, um sinal de cansaço extremo devido as emoções durante o aniversário.
— Hah… — Jogou-se de cara no travesseiro fofinho, abraçando o perfume e a maciez da cama. — Eu não devia ter vindo mesmo…
— Concordo plenamente, mestre Liane. Foi muito perigoso.
A dona dessas palavras era ninguém mais que Celine. A criança não a culpava pelo ocorrido, pelo contrário, considerava uma graça ter sido protegido naquele momento. Ela explicou em detalhes como a senhorita Seraphina quase atacou seu mestre com um pincel, e a serva só reagiu imaginando que fosse uma arma, assim causando toda a comoção.
Grey apoiou o discurso e entendia a motivação por trás de Celine. Ele observou de perto as intenções maliciosas da nobre, e sabendo de certas habilidades sobrenaturais escondidas no manto de empregada de Celine, confessou que não foi nada além de justo reagir daquele jeito. Após as explicações, não houve mais comentário o restante do caminho, mas Silva demonstrou uma face emburrada o tempo inteiro.
— Ei, será que vou ver ela de novo?
— Eu espero seriamente que não. Seraphina D’Munt tem aparentemente uma rixa com senhorita Silva, temo uma catástrofe se as duas ficarem no mesmo ambiente por tempo demais.
— Hehe, hahaha, verdade!
O garoto rolou na cama achando graça. Era raro vê-la mostrar algum senso de humor, então quando acontecia, Liane não podia deixar de rir e sorrir um pouquinho. Uma pena que sua energia se tornou zero desde o momento que saíram do castelo, consequência de absorver os olhares dos outros. Pior ainda foi o príncipe, lançando pergunta atrás da outra igual um batalhão de magos atirando magias numa guerra.
Lentamente, as pálpebras ameaçaram fechar, até serem abertas à força por uma batida na porta. Grey, que estava dentro do quarto, apoiou a mão na espada e indicou com a cabeça para Celine virar a maçaneta, que prontamente o fez e se deparou com uma visita meio inesperada.
— Em que posso ajudar, senhorita Silva?
Ela fez uma reverência a moça nobre. Ela estava de pijama e agarrada a um travesseiro, com o cabelo meio bagunçado por ter tentado dormir na cama e falhar.
— Eu quero dormir aqui hoje!
— Senhorita, desculpe se soar muito mal-educado da minha parte, mas meu mestre está muito cansado e precisa de descanso. Ele pode vir amanhã, há problema?
— Tem sim, eu quero entrar agora!
Um biquinho teimoso surgiu na face de Silva, então Liane a viu através da silhueta de Celine. Imaginou uma situação dessas acontecendo, já era comum no cotidiano de em determinados momentos durante um dia ou até mesmo numa noite aleatória aquela garota chamá-lo.
— Pode deixar ela entrar, Celine. Não tem problema.
— Como quiser…
Mesmo sem gostar muito, a serviçal abriu espaço e possibilitou a entrada da nobre, que correu para a cama de Liane e se largou em cima sem nenhuma vergonha. Ela sorria de felicidade, ainda segurando o mesmo travesseiro e mostrando uma felicidade genuína por obter uma vitória.
— Quero adivinhar… — disse Liane, sentando na cama e usando uma voz cansada. — Pesadelos de novo?
— É… — A resposta veio com uma certa vergonha, com ela desviando o olhar. — Não consigo dormir. Vejo aquelas coisas todo dia e só consigo cair no sono quando você está por perto.
— Tá bom. Pelo menos prometa abaixar a cabeça e dormir, tá? Da última vez, você fez uma guerra de travesseiro e ficamos acordados a noite toda. Eu mal consegui me concentrar nas aulas com o professor Ludio no dia seguinte.
— Desculpa, mas precisei. Além disso, você tá exagerando, foi só umas horinhas de nada.
Silva mostrou a língua, fazendo a birra infantil de sempre. Era deveras comum ver esse tipo de relação com os dois pirralhos, Grey até às vezes se sentia nostálgico por não ser muito diferente do tempo em que cuidava da irmã mais nova Cristal. Era também um problema corriqueiro o medo de Silva surgir, de ficar com a ansiedade batendo na consciência enquanto imersa na escuridão, ao ponto de nem mesmo velas ou um conjunto de luminorbes apaziguarem sua alma.
Nessas situações, só Liane a salvava, como naquele momento. Ela não demorou para apagar no sono, babando em cima do travesseiro que trouxe, enquanto o menino precisou de mais um tempinho para adormecer ao seu lado. Eles eram realmente muito fofos juntos, mas Celine não acreditava tanto nisso.
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