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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    O peso sobre o peito de Liane era colossal. Apenas por causa dessa sensação ele não teve vontade de abrir os olhos, preferindo dormir novamente do que enfrentar a bigorna em cima de si. No entanto, por um lapso de memória, ergueu o torso de uma vez e estreitou os olhos rumo à escuridão, demorando para se adaptar, como se tivessem ficado abertos o dia inteiro.

    Além disso, suas pernas e mão direita estavam dormentes, quando tentava movimentar havia uma certa moleza. O último sinal foi a dor vinda do lado esquerdo do rosto e incendiando uma parte da cara. Liane tocou o local dolorido e rangeu os dentes, a queimação se alastrou como fogo no palheiro, cobrindo o local todo. 

    Assim que a voz de Er’Ika soou pela sua cabeça, a dor gradualmente diminuiu, até virar uma enxaqueca constante. Ainda incomodava, mas era nada comparado a antes. Ele observou seus arredores mais uma vez e fez força para se levantar, apenas para estremecer e cair de bunda no chão.

    — Que droga… — Ele bateu o punho fracamente contra o piso, então observou o teto cheio de musgo. — Erika… o que aconteceu? Por que eu tô desse jeito? E por que tem um gosto tão ruim na minha boca?

    — Ah… eu acho que lembro… você me jogou… contra aquele cara.

    O garotinho queria praguejar Er’Ika por ter ido tão longe assim, no entanto, sequer tinha forças direito para mandar uma mensagem de volta. Estava difícil de respirar e ter que controlar seus sentidos bagunçados infernizava sua mente esquisita. 

    Queria se mover pela sala, andar, qualquer coisa, mas não podia, porque havia atingido um limite mais cedo em prol de salvar sua vida. As frustrações e preocupações caíram como uma cachoeira, conforme o tempo corria abaixo daquelas pedras sujas e a imaginação fluía em meio aos momentos monótonos e lentos.

    O que aconteceu com Zana? E o orfanato? E Silva? Eles estavam bem? Será que seriam resgatados cedo ou tarde? Por que isso aconteceu? O que poderia ter feito para mudar aquilo? O mar de dúvidas inundou sua cabeça, forçando a água a sair pela ponta dos olhos ao não aguentar mais a pressão, espalhando-se pelas bochechas e enrolando pelos fios de cabelo.

    Er’Ika lia cada um desses pensamentos em silêncio. Compreendia bem o motivo de tantas perguntas, mas preferiu não abordar diretamente, era melhor que Liane ficasse com seus próprios pensamentos e cedo ou tarde o chamasse. Foi assim que sempre fizeram, a entidade observava de longe e o garoto imaginava estar sozinho na sua cabeça, o que era melhor de se acreditar. 

    Um tempo depois, o choro parou, mas Liane ainda fungava e gemia, seja de dor ou por não conseguir interromper o fluxo de informações circulando em alta velocidade pelas suas memórias. Ele queria quebrar aquela porta de metal e correr em busca de respostas, imaginando cenários hipotéticos em que poderia escapar e encontrá-la lá fora, à sua espera.

    Todos esses pensamentos eram uma ilusão, além do mais, qualquer criança teria esse tipo de desejo após passar por um evento tão traumático. Er’Ika entendia melhor do que qualquer um os pensamentos do garotinho, passar tanto tempo perto dele o fez compreender e prever seu comportamento. Não era empatia, na verdade não havia nenhum sentimento de pesar no meio, mas evitou reclamar e falar muito por compreender como pioraria o estado do seu amigo. No entanto, sua paciência tinha limite, e a melhor forma de tirá-lo daquele transe de lágrimas era com uma distração.

    — Não é uma boa hora, Erika…

    Imediatamente os olhos de Liane arregalaram, e notando o coração do garotinho acelerar, Er’Ika teve certeza de ter fisgado a atenção dele.

    — Como assim?

    Liane fez como ordenado, a dormência logo veio, sinal de que Er’Ika estava tentando controlar seu corpo, mas então veio um formigamento repentino e um choque correndo pelas suas veias. Num embalo, aquela coisa se movendo ao longo do braço de repente se transformou em pequenas faíscas saltando pela ponta dos dedos, espalhando-se pelo ar antes de desaparecer. 

    O susto ficou claro em seus olhos, porém a sensação elétrica ainda era vívida. Aquilo era diferente de tudo, até mesmo das vezes que o corpo e os sentidos de Liane eram reforçados. Depois de mover a palma mais um pouquinho, reparando em como a sensação desapareceu, o garoto virou a cabeça para o lado e seus olhos ganharam um suave brilho.

    — Me ensina isso, Erika. Eu preciso.

    Er’Ika se satisfez, além do mais, nunca faria mal ajudar o seu receptáculo a atingir os objetivos que os dois almejavam.


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