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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Eram necessários uma série de requisitos para ser uma boa líder de um grupo de homens ruins, a crueldade foi sempre considerada como número um. Jessia estava de mal humor desde a partida do assassino Z, havia bastante motivo para isso, além do mais, o maldito a obrigou usar uma poção de cura e ainda por cima cuidar de um pirralho que matou um de seus homens.

    Manter e contratar magos era um negócio caro. A maioria não se envolvia no crime diretamente, isso porque eram valorizados pela sociedade e tinham boas formas de arranjar trabalhos bem remunerados. Praticamente, se você encontrasse um mago querendo fazer qualquer trabalho disponível, de duas uma: ou ele estava desesperado por dinheiro, ou ele era um lixo sem talento que não conseguia se encaixar em nenhum lugar. 

    A revolta da mulher continuava existindo pelo fato de Quari, o mago contratado, se encaixar mais no primeiro que no segundo. O homem não era lá o melhor, mas fazia muito bem o que era ordenado e sempre lhe dava resultados positivos, além de receber um salário respeitável em comparação aos demais. Se não fosse pelo seu péssimo hálito e a forma arrogante como agia perto dos outros, até consideraria montar um pequeno grupo de magos para ajudar nos crimes, mas seria uma dor de cabeça lidar com ele em meio a novatos que também tomariam grande parte de seus prêmios.

    Os contras ainda superaram os prós, pois a principal força de ataque de seu grupo foi para o lixo, e agora seria complicado encontrar alguém para substituí-lo. Jessia queria muito espancar o garoto, tendo que contar sua raiva cortando a garganta de um dos soldados da nobrezinha.

    Ela sabia que sairia ilesa mesmo se matasse sir Aymeric, o comandante do grupo que acompanhava Silva Tanite, mas preferiu manter as duas peças isoladas por um tempo indeterminado. Silva já era cobiçada por parte da nobreza que carregava ódio contra o marquês Tanite. Quanto a sir Aymeric, daria um ótimo escravo para algum magnata de gostos peculiares, ou quem sabe seria usado como slogan para cuspir na cara das prestigiadas escolas de esgrima por causa de seu cargo de cavaleiro.

    Qualquer que fosse o destino dos dois, não cabia a Jessia escolher e nem adivinhar, pois ela pouco se importava. Desde que o dinheiro caísse em suas mãos, tudo valeria a pena. Andando calmamente pelos corredores, ela se viu encucada com o pensamento de como deveria passar o tempo. Seu bando estava abastecido com suprimentos até o retorno de Z, mas era um tédio não ter nada para se ocupar além de apostas idiotas com os outros. Eis que, no meio de sua caminhada entre as celas, uma grande ideia surgiu.

    “Eu vou me divertir com o garoto. Z só quer ele vivo, não tem como reclamar se eu machucá-lo só um pouquinho, né? Além do mais, aqueles assassinos da Lâmina Fantasma são treinados ao ponto de não sentirem nada, então vai ser uma ótima pré-iniciação para o moleque… Hehehe.”

    Um sorriso de orelha a orelha surgiu em sua face, ela logo acelerou o passo rumo a cela do menino. Sua mente estava procurando formas de brincar com aquele garoto, esmurrá-lo até certo nível satisfaria o sadismo emergente, mas ao virar o corredor, estranhou um brilho saindo de uma das celas, a mesma em que trancaram-no.

    Jessia estreitou os olhos e outro brilho surgiu, forçando-a sacar sua arma e lentamente se aproximar. Encostou as costas próxima a entrada, tomando muito cuidado para ouvir o que diabos acontecia lá dentro. Havia uma voz murmurando e o som constante de estática voando, ao estreitar o rosto um pouquinho para averiguar o que acontecia, seu queixo caiu.

    No canto da sala, o garoto com cabelo de tigela estava com o rosto baixo, observando atentamente suas próprias mãos que disparavam ocasionalmente uma pequena quantia de eletricidade, dispersando-a no chão antes de tomar uma forma significativa. O rostinho vermelho do menino, que aparentemente estava fazendo esforço para reproduzir aquilo, foi visto como algo fofo e ao mesmo tempo impressionante, pois ele estava se mantendo bem demais para alguém da sua idade.

    “Garotos assim do campo não costumam ter tanta força para continuar, só aqueles nobres pomposos… Teria a chance dele ser um filho bastardo…?”

    A teoria soou crível aos ouvidos de Jessia, mas melhor ainda, se o moleque fosse um filho bastardo, ela havia encontrado uma mina de ouro. A maioria dos magos eram nobres, seja por causa do excesso de recursos que possuíam quanto o seu sangue fornecia uma grande habilidade com magia, logo, era uma raridade imensa que plebeus puros tivessem habilidade o bastante com coisas arcanas.

    Não demorou muito para que a bandida fosse percebida, na verdade, com seus olhos gulosos mirados na direção do menino, que se assustou com um pulinho de um gato selvagem, seria impossível evitar de encontrá-la ali. Ele se encolheu no canto da cela igual uma bola e a observou com um grande olhinho azul brilhando no meio da escuridão.

    Jessia girou uma chave na fechadura e empurrou as barras do caminho, tratando de colocar um par de luvas marrons nas mãos tiradas de um bolso. Todo cuidado era necessário, se aquele moleque a pegasse desprevenida com seus dedos de choque, possivelmente teria pouca coisa para combater. O restante da sua armadura de couro também ajudava, logo, se pudesse pegá-lo e forçá-lo a fazer um dos trabalhos que Quari realizava, seria somente vantagem.

    — Seguinte, garoto, eu acabei de descobrir do seu segredinho e vou usar isso ao meu favor. Trate de ser bonzinho e me dar pouco trabalho, se fizer, eu te pago com uma cama e comida boa… Claro, se por acaso você for meio levado, não espere nada menos que uma boa humilhação.

    O menino ainda a olhava com cuidado, no entanto, não demonstrou reação. Um tempo depois, ele se levantou e deu um passo em frente, revelando seu corpo magro em meio a escuridão.

    — Eu vou com você… só não me machuca…

    “Há, jogo fácil.” Um sorriso apareceu na face de Jessia, que parecia satisfeita com aquela submissão. — Ainda bem que você sabe o seu lugar. Agora vamos, tenho o trabalho perfeito pra você.


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