Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 33: Conversando Após uma Atrocidade
Jessia se divertiu muito enfrentando os corajosos que achavam ter uma chance de escapar. O sabre em sua cintura foi pintado de vermelho, enquanto ambas as mãos carregavam consigo as cabeças dos malditos que desafiaram sua autoridade. Poderiam ser poucos, no entanto, serviriam de perfeitos exemplos. Quando amanheceu, os crânios foram empalados nas profundezas das florestas e postos nas trilhas de neve, enquanto os corpos ficaram amarrados nos galhos e tendo seu sangue escorrendo como porcos abatidos. Chamar atenção era péssimo, uma pena que Jessia pouco se importava com isso agora, querendo mais do que tudo somente causar dor e invocar o inferno no coração dos homens.
Sua êxtase enfim passou ao colocar os pés para dentro do covil, a entrada da caverna era escondida por relva e troncos caídos. Cogumelos pontilhavam parte da paisagem, até que no final havia um tipo de escotilha no meio das pedras, ali era a entrada do esconderijo. Todos os capangas evitaram entrar no caminho dessa mulher sanguinária, seu rosto alterado e a frieza no olhar indicava muito de como sua mente estava funcionando.
Ela retornou aos seus aposentos, mais especificamente onde colocou o moleque. Antes de entrar, fez questão de levar consigo um prato com comida, mais especificamente carne seca e um punhado de frutas cortadas. Era a primeira vez em muito tempo que realizava tal boa ação, pois nunca foi de preparar algo elaborado — mesmo sendo somente pequenos pedaços de frutas — para entregar a uma pessoa. Ela devia mais do que tudo odiá-lo, porém, aquele traço de simpatia ia contra qualquer coisa cultivada.
Ao abrir a porta, deparou-se com o menino de olhos plenamente abertos, com a cabeça virada em sua direção, mas assim que trocaram olhares, ele imediatamente girou para o outro lado e se abraçou, como se quisesse esconder alguma coisa. A bandida levantou a sobrancelha, suspeitando um comportamento assim, então acendeu uma vela na mesa do cômodo e permitiu a luz se espalhar.
— Você agora não está com medo que eu faça algo também, não é?
Liane se manteve quieto. Aquilo foi uma péssima forma de respondê-la, ainda mais depois de seu surto de raiva recente.
— Eu já me livrei do problema, se é o que quer saber, então pare de choramingar aí e abra pelo menos um sorriso. Também iria fazer alguns favores, se prometer outros de volta. Confesso que te subestimei muito, na verdade até me arrependo das besteiras que causei mais cedo. Se eu soubesse o quão especial você era, teria confiado mais na visão de Z a respeito…
Jessia, por outro lado, não era tola. Aquele garoto era fora da curva, pois magos já eram raros fora das elites nas grandes cidades, e um que fosse tão novo assim seria desejado por qualquer um. Um suspiro veio da cama, seguido por um ranger repentino.
— Por que tá me contando essas coisas agora?
— Porque você é especial, moleque, deve aceitar isso de uma vez. — A mulher se virou e andou na direção dele, vendo-o com sua cabeça e peito enfaixado, com um olho vermelho de tanto chorar. — Aqueles idiotas de uma figa não valem nem uma moeda de ouro, você vale mais do que mesmo um baú cheio delas. Muitos matariam só para tê-lo, é até uma honra ficar perto de você.
— Mas… você… você destruiu minha vida, você é a culpada disso tudo acontecer!
— Então eu espero que possa me perdoar, porque fui paga para isso. Escute: todos aqui precisam de dinheiro para sobreviver, uns matam e outros destroem para isso, só fiz o que me foi mandado. Além disso, caso eu recusasse, seria o equivalente a colocar um alvo nas minhas costas e pedirem para atirar uma flecha. Entre matar cinco desconhecidos e se matar, o que escolheria?
Liane não sabia como refutar. A resposta moralmente correta era a primeira, pois aquelas cinco pessoas eram inocentes e que não mereciam tal tratamento, mas ao pensar em Zana, sua ignorância vinha do abismo dizê-lo qual opção era a certa.
— Pode ficar quieto se quiser, sei muito do que se passa na sua cabeça. É natural que sejamos egocêntricos e querer mais do que devíamos, não há nada de errado nisso. Muitas escolhas são definidas pelo que desejamos, um sonho grande exige muita soberba. Eu sempre quis ser rica, sabia? A minha razão para acumular tanto dinheiro é para isso, não importando o que preciso sacrificar para tal.
Dessa vez, Jessia entregou o prato com comida. Liane olhou para aquela coisa, seu estômago roncou, logo ele abocanhou cada coisa com mordidas grandes. A fome era enorme por causa da quantia excessiva de energia consumida, cada pedacinho lhe causava uma dose gigante de felicidade.
— Você e aquela nobrezinha pensaram em fugir, né? — perguntou a bandida, sentando-se na cama. — Eu reparei na forma como você me olhava, estava escondendo cada coisinha boba, chegava a ser engraçado. Como você era um moleque, fiquei imaginando o que se passava pela sua cabeça, mas também achei triste o quão pouco tempo houve para pensar nessa fuga, já que logo em seguida vieram aqueles filhos de uma puta estragar sua cabeça.
Ela riu, crianças sempre teriam fantasias como essa. Era impossível saírem assim, ainda mais quando provavelmente colocariam um plano em prática precocemente, sem nem ter consciência do tanto de pessoas dentro desse labirinto de cavernas.
— Onde você quer chegar? — indagou Liane, crente de que havia alguma coisa no meio daquelas palavras. — Não me engane, sei que quer oferecer algo de novo.
— Ora, garoto apressado, pelo visto você é mesmo inteligente… — Jessia abafou a risada e respirou fundo, levando a mão rumo ao topo da cabeça do menino. — Eu só queria realmente me divertir falando essas coisas. Não tem nenhum acordo que eu quisesse manter contigo, mesmo sendo o meu desejo.
— Então pra que essa conversa toda…?
— Não sei, me deu vontade… — Ela sorriu, vendo como sua mente parecia estranha enquanto via o rapaz fazer suas coisas. — Bem, termine de comer, nós vamos fazer algumas coisas e mudaremos o lugar que você dorme. Não quero o mesmo episódio se repetindo de novo, e também adoraria que você pudesse dar uns sopapos nessas pessoas por mim caso haja a chance.
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