Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 37: Mensagem ao Patriarca
O patriarca da família Tanite possuía uma agenda ocupada. Sua rotina se resumia em acordar, conferir a correspondência, checar a mansão e seu exército pessoal, definir os compromissos do dia seguinte, responder a quaisquer compromissos ao longo da tarde e então finalizar a noite com uma leitura, um chá e muito ocasionalmente com a visita de uma concubina. Essa comodidade foi lançada pelos ares ao saber que sua filha não havia chegado ainda. Seu mordomo pessoal o confortou comentando sobre como isso poderia ser uma paranoia, que em breve a madame estaria nos portões de sua casa sã e salva. Uma pena que nada disso foi realidade.
A senhorita continuava sumida, forçando o patriarca a acionar quaisquer forças ao seu alcance para buscá-la. Ele nem mesmo hesitou em ameaçar o conde Minus, pois a comitiva da garota estava passando por seu território quando recebeu sua última carta. A preocupação era tamanha que o desejo de trazer seu exército para marchar contra o condado próximo e investigar qualquer minúsculo pedaço de terra dali se tornou real, apenas por uma questão de cortesia e autocontrole que o marquês evitou. Isso traria inúmeras dores contra os demais nobres, tendo a chance de inclusive envolver a família real a depender do que seus homens fariam em território alheio.
De um jeito ou de outro, o marquês Sion Tanite queria tirar sua espada descansando na parede e caçar cabeças à fora. Sua mulher felizmente estava na casa da prima em um feudo distante, enquanto o filho mais velho se mudou para a escola de esgrima Nello há algumas semanas, acompanhado da irmã. A comitiva era inteiramente formada de soldados não pelo fato que Silva pediu, mas para demonstrar o status e força da família, o orgulho de ter tantos homens à disposição mesmo numa viagem tão simples.
Era esperado que ela retornasse em segurança, além do mais, havia sir Aymeric, um homem no qual o marquês punha muita expectativa e confiança por demonstrar sempre resultados positivos em suas batalhas contra malfeitores. Porém, algo pareceu dar errado, e a ansiedade de Sion colaborava em desenvolver suas paranoias para lugares mais terríveis da mente humana. Ele estava no limite.
A noite chegou, o marquês se sentou numa cadeira próxima a janela do quarto e se pôs a olhar as estrelas, a lareira ficou acesa no canto do quarto e em suas mãos havia uma garrafa de vinho. Estava com dificuldade em dormir, mesmo as concubinas não tinham poderes para cansar tal homem e mandá-lo para cama da forma que costumavam fazer. O mundo noturno se desenhou com degradês cinzas, enquanto aquele sujeito revivia dezenas de pensamentos desastrosos, cogitando se realmente deveria tomar uma ação drástica e invadir a força o condado para ter sua filha querida de volta.
“Eu tenho o direito, por que não poderia? O que aqueles malditos darão de desculpa para tirar minhas posses e causar danos a mim? Eles que queimem no inferno, é minha filha, a minha única filha.”
A porta soltou um rangido baixo. Passos adentraram o quarto e tomaram uma pequena parcela de sua atenção, eram suaves igual a das mulheres que rondavam os corredores escuros da mansão, padronizados de um jeito que ele sempre ouviu há anos. Com certeza era mais uma querendo ajudar seu mestre, mas que falharia miseravelmente.
— Vá embora. Eu já disse a todas que é inútil. Não entenderam que quero ficar sozinho?
— Não sou uma de suas mulheres, marquês.
Aquelas palavras assustaram Sion, que puxou a espada embainhada próxima a parede e arremessou a garrafa na direção da invasora. Ela habilmente se esquivou, apenas para em seguida ver uma lâmina cortando em sua direção, no entanto, facilmente aparou com uma rapieira puxada de dentro do seu manto. A ponta da arma de Sion escorregou ao longo da rapieira, até colidir contra a empunhadura e ser jogada para o lado, então a invasora o afastou com um chute no meio de sua barriga e o desarmou com uma estocada rápida na mão.
O golpe riscou sua mão e tirou sangue. Não o mataria de hemorragia e muito menos impediria qualquer movimento, mas a forma rápida de agir daquela moça realmente fez cada fio do seu corpo ficar em pé. O marquês podia não ser o melhor espadachim do país, mas seu olhar afiado reconhecia a habilidade de alguém numa mísera troca de golpes, e essa breve batalha lhe disse muita coisa. A pessoa na sua frente não era normal. Muitos assassinos já tentaram matá-lo antes, apenas para serem mortos pelo próprio homem ou apanhados por alguém do seu pessoal e em seguida decapitados.
A mulher à sua frente, por outro lado, se diferenciava. Como se não bastasse a habilidade impressionante com a espada, ainda entrou no seu quarto e o enganou. Em uma questão de segundos, as peças na sua cabeça se juntaram, ele adivinhou qual era a identidade daquela pessoa.
— Você é uma deles, não é? Do grupo daquela bruxa. Eu sempre pensei que estávamos em bom termos, porém acho que me enganei. Ela veio cobrar minha vida e lhe enviou, não é?
— O senhor entendeu errado. — Ela guardou a arma dentro do manto e se inclinou para frente numa reverência. — Perdão pela minha intromissão, sei que lhe assustei. Fiz isso pois tenho uma mensagem urgente para entregar, é da mesma pessoa a qual se referiu. Como era uma emergência, entrei assim.
O marquês estranhou aquele comentário. A bruxa enviando uma mensagem? Sion recebeu a carta, da qual rapidamente deslacrou e leu seu conteúdo, apenas para ganhar um par de olhos arregalados e a garganta seca de agitação. Mesmo tarde da noite, ele precisava sair agora, precisava imediatamente seguir o que lhe foi dito na carta para ter certeza ou não do que dizia.
— Mais uma vez, perdão pela forma que agi e perdão pela sua ferida… — A moça caminhou na direção da janela, pondo ambos os pés para fora e esvoaçando parte de seu cabelo. — Se cuide, marquês, a madame Isis possui grande apreço e esperança no senhor.
Jogando-se para fora da mansão, fios ruivos de cabelo apareceram no meio do céu noturno, antes da mulher sumir completamente contra a noite. Sion sabia o que fazer, tal mensagem era a retribuição de um favor, e ele faria questão de também realizar o prometido na carta, que envolvia alguém além de sua filha.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.