Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 62: Criança Adormecida
Grey e Ludio carregaram as crianças consigo para fora do prédio abandonado, mas antes acionaram as autoridades locais sobre eventos muito esquisitos ocorrendo lá dentro, usando é claro a sala de ritual como prova disso. Por causa também da sua fama como aventureiros por aquela região, o testemunho e as evidências facilitaram o trabalho dos guardas locais, que logo montaram um perímetro para impedir qualquer pessoa de se aproximar. Enquanto isso, ambos os aventureiros cuidaram de deixar as duas crianças em segurança do lado de fora, deitadas num banco.
Pouco tempo depois, Brutus apareceu, mas o gigante tinha uma péssima notícia para dar.
— Não encontrei nada. Perguntei até mesmo se as pessoas viram alguma coisa, todas disseram que o dia estava normal e nevado como sempre. Não tinha nem pegadas ou marcas nos telhados indicando uma fuga… mas eu achei estranho como havia vestígios de alguém que veio até aqui.
— Como assim “alguém que veio até aqui”? — perguntou Grey, erguendo a sobrancelha. — Quer me dizer que alguma pessoa invadiu o quarto de um cultista, interrompeu o ritual e desapareceu no ar?
— É uma suposição minha, cara. Você sabe que eu pareço burro demais, mas não sou, então por que duvidar do que falei? Um aventureiro acima da média daria cabo de um daqueles caras, o porém é saber como a pessoa saiu de lá sem deixar traços pra trás.
— Magia de levitação seria a resposta — sugeriu Ludio, metendo-se na conversa. — Alguém capaz de levitar sairia voando e poderia sumir sem vestígios, no entanto, a magia de levitação é lenta demais para transportar alguém antes que chegássemos, e também é meio estranho que o quarto não esteja com restos de magia pelo ar. Bem, se lembrarem, nem mesmo a madeira estava chamuscada, e as magias de relâmpago e fogo são as mais fáceis de serem aprendidas por magos.
Grey coçava o queixo com ainda mais dúvidas. Ele olhou para Liane novamente, que dormia num sono extremamente profundo.
“Poderia ser que ele fez isso?” Tentou conectar os pontos, mas ainda era muito inacreditável. “Não, é só uma criança, não tem como ter se livrado de um deles tão facilmente assim. Se tivesse conseguido, então quer dizer que esse garoto é a pessoa mais sortuda do país.”
A fantasia era muito interessante para a mente investigadora do paladino, porém estava indo longe demais e seria impossível provar sua teoria sem o devido tempo, tempo este que não tinham. Após receberem alguns agradecimentos por parte dos guardas, eles acompanharam as autoridades rumo ao quartel general da vila, onde havia o chefe que precisaria de um depoimento mais detalhado a respeito do assunto.
Brutus era tão intimidador por causa da altura, músculos e careca que foi descartado como porta-voz para falar a respeito, e como Ludio era rabugento e debochado demais, sobrou para Grey terminar tal missão. Eles andaram junto de alguns guardas rumo a uma estabelecimento largo, de onde outros homens trocavam seus equipamentos e discutiam uns com os outros.
Lá dentro, numa sala um pouco mais ampla e isolada, o guarda-chefe os recebeu. Era um senhor pouco barrigudo e com expressão cansada, como se não dormisse há muito tempo, ao menos tinha um sorriso leve que tirava a possível imagem de “homem morto de trabalhar”.
— Uhm… Olá, caros aventureiros. — Ele acenou apressadamente com a cabeça e fez um breve gesto a pessoa mais a frente. — Você deve ser Grey, certo? Meus homens me avisaram de seu feito hoje. É uma ótima ajuda a nossa comunidade, não imagina como estou grato!
— Sim, sim, eu sei. Só fiz o que a deusa Lithia mandou a todos os fieis, senhor.
— Isso é ótimo, ótimo mesmo! Agora, pode me contar mais sobre o que aconteceu?
O paladino logo passou os detalhes sobre o ocorrido, indo desde como encontraram o local, no entanto inventou uma pequena mentira sobre como suspeitavam do local há certo tempo e estavam acabaram agindo por conta própria, com medo que mais vítimas fossem pegas. Ele sabia o quão errado era mentir aos olhos de sua deusa, mas neste momento crucial sentiu que causaria ainda mais caos se a suspeita de um culto maior escondido na Vila do Dente se espalhasse, mesmo que fosse para um oficial superior dali.
Após terminar o resumo, Grey largou um suspiro, meio abatido por como as coisas se desenvolveram ao olhar em retrospectiva.
— Então duas crianças ficaram lá, hm? E vocês suspeitam de alguém ter invadido e ter ido embora…
— Sim, é isso mesmo, senhor.
— Deixem os dois pimpolhos aqui. Vou chamar meus homens para encontrarem os responsáveis.
O paladino se levantou da cadeira, batendo no peito com o punho fechado, uma saudação militar mais comum entre paladinos que oficiais de campo, mas que fazia um bom trabalho de chamar atenção.
— Não precisa, senhor. Eu conheço o responsável de um dos meninos, e quanto ao outro, acho que me sentiria melhor se os deixasse por conta própria.
— Não se esforce tanto assim, eu resolverei isso…
— Por favor, eu insisto.
As sobrancelhas do oficial franziram. Ele acenou positivamente com a cabeça, e então o grupo de aventureiros foi liberado do depoimento. Grey quem andou na frente, segurando Liane nas costas enquanto Brutus levava a outra criança com um único braço. A garganta do paladino estava meio pesada, evitando palavras saírem da boca em meio a friagem do inverno.
— Você não precisa dizer nada, sei como isso ainda te incomoda — respondeu Ludio, batendo no ombro do colega com o cajado. — Volte com o menino por enquanto. Eu ajudarei o grandalhão idiota a achar os pais da outra, ok?
O homem concordou, e assim ambos foram para caminhos separados ao longo da vila. Grey ficou de péssimo humor depois do ocorrido, pensando em quantas vidas seriam poupadas ou quanto sofrimento seria evitado caso soubesse daquilo mais cedo. Esses pensamentos comumente remoíam sua cabeça, às vezes jogando-o numa mágoa que só litros de hidromel tirava.
Respirou fundo para conter as emoções, enfim parando diante da mesma taverna a qual começou a se envolver na bagunça. Ele abriu a porta e deparou-se com um grupo de mulheres sentados em uma das mesas, com Milea, a santa com carinha bonita, Joan, a moça brigona com uma franja caindo na testa, e por fim uma mulher de rosto sério, com um martelo e escudo sempre a postos, que o encarou com olhos afiados e profundos, como se questionasse por onde estava.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.