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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Apenas Jessia entendeu como o gigante caiu no chão num piscar de olhos. Ela infundiu o punho com mana e acertou o meio do plexo solar, o que gerou força o bastante para desmaiar. Há muito tempo havia se especializado no uso de mana para reforço, seu tempo como mercenária a fez entrar em contato com todo tipo de gente, incluindo espadachins talentosos e magos. Ela absorveu bastante conhecimento por meio deles, ao ponto de dominar algumas habilidades das quais plebeus eram impossíveis de aprender. Um deles, é claro, era o efeito demonstrado naquele instante.

    Acreditar que uma mulher velha derrubar um homem grande com um único golpe seria o mesmo que pedir para os outros lhe chamarem de louco, porém diante do senso comum de todos dentro da taverna, aquela mísera senhora provou como até um brutamonte pode ser derrubado por uma pessoa com meio pé na cova. Um suspiro fugiu da boca de Jessia, seus olhos se focaram novamente para Grey e Ludio, ares ameaçadores apareceram ao seu redor, uma ameaça exposta para todos verem.

    O som de espadas sendo desembainhadas e do metal raspando contra metal ressoou pela sala. Era óbvio como esse tipo de atitude não era nem um pouco bem-vinda, até mesmo a santa que anteriormente tentou atrair Liane estava com uma maça em mãos pronta para afundar sua cabeça. A bandida queria rir, soltar uma larga risada e desafiar qualquer um para cima, no entanto seu objetivo era outro.

    Qualquer um daqueles idiotas morreria pela sua cimitarra se assim quisesse, sua confiança era plena para levar consigo ao menos uns dez para o inferno. O problema era que cedo ou tarde cairia, seja pelos conjuradores de magia ou por alguém usando milagres divinos para enfrentá-la. Pessoas comuns não possuíam onipotência para fazer o que bem entendiam.

    — Isso é só um aviso — ela disse, elevando a voz para todos no lugar ouvirem. — Quem mexer naquela criança, que se prepare para morrer pelas minhas mãos. Não ligo se tiraram um fio de cabelo do pivete, apenas ponham nessas suas cabeças descerebradas de mercenários que irei caçar qualquer idiota que tiver merda na cabeça de chegar perto dele! 

    Suas íris radiantes, quase flamejantes, viraram-se para Grey como se fossem cremá-lo. Ele sentiu uma pressão no peito, os instintos de batalha no peito o alertaram para não mexer com aquela pessoa, para se manter o mais longe possível dela enquanto tivesse a chance.

    — Isso também vale para você, paladino com cara de pobre coitado. Eu quero que fique longe dele, não ligo se é alguma coisa séria envolvendo forças maiores ou sei lá o que da bunda de algum filho da puta dessa vila! Se eu te ver perto do menino, você e todos os seus amigos vão ser enterrados sete palmos abaixo da terra e vou cuspir na cova de cada um!

    Com isso, Jessia deu uma forte pisada no chão, andando rumo às escadarias do segundo andar. Os olhares das pessoas que antes se divertiam na taverna se direcionaram às suas costas. Todos ficaram pavorosos pela presença dessa senhora, mesmo com suas expressões e costas envergadas, ela ainda transmitia uma sede de sangue potente ao ponto de deixar os mercenários novatos paralisados.

    Quando enfim a presença sumiu por completo do ambiente, as conversas lentamente voltaram ao normal. Jessia abriu a porta do quarto, deparando-se com Liane deitado no meio da cama, e ela não tardou em bater à porta e se sentar à beirada do colchão.

    — Moleque idiota, eu ainda te avisei… 

    A preocupação foi imensa quando o garoto não apareceu no ponto de encontro. A mulher não era sua guardiã, porém ainda considerava que devia cuidar dele pelo tempo que estivessem juntos, por isso combinou um horário e um ponto de encontro na vila. Jessia correu pela vila inteira em busca dele, espancando cada idiotas no meio do caminho que tentou extorqui-la e roubá-la. Depois de descobrir seu paradeiro, no caso a taverna em que antes estavam, ela voltou o mais rápido possível e estava disposta a matar qualquer um que se metesse no caminho.

    Seu comportamento era imprudente, no entanto, era muito pior o pensamento de como as pessoas tomariam conhecimento do pequeno monstro deitado naquela cama. Esse menino, o mesmo que aprendeu magia num tempo completamente irracional e cuja a história quase se alinhava a sua, era uma chance de um futuro diferente para Jessia. 

    Era como seu tíquete, uma garantia de um tempo melhor num futuro próximo, logo a preocupação para mantê-lo vivo e nutrir seu talento virou uma prioridade. Podia ser uma enganação de sua própria mente, quem sabe estava querendo mostrar um lado positivo depois de tantos anos no crime matando gente e furtando os bolsos de desatentos. 

    “Se for isso, minha nossa… eu estou acabada.”

    Um sorriso cheio de melancolia floresceu nos lábios. 

    “Sou a pior mesmo, né? As coisas não mudam nunca.”

    Jessia retirou uma poção de cura do bolso no cinto, a rolha voou com um peteleco e o líquido caiu para dentro da garganta de Liane. Mesmo com um paladino, desconfiava demais de outros aventureiros para acreditar que de bom grado ajudariam um civil qualquer. Nas suas experiências, considerava aventureiros seres muito gananciosos e egoístas, era até comum ignorarem outras pessoas em necessidade no meio de uma batalha apenas para parecerem heroicos aos olhos de seus companheiros de batalha. 

    Ela olhou para fora, o sol estava passando pelo céu devagar demais para acreditar que em breve anoiteceria. Decidiu permanecer ali pelo restante do dia, cuidando do garoto durante o tempo necessário antes de ir embora, uma medida de segurança necessária para evitar daquele grupinho abordar Liane. Todo cuidado era necessário, não importava quem fosse.

    No meio da noite, sua cabeça pesou. Ela caminhou rumo a outra cama, onde deitou. Sentia-se pesada igual uma rocha, a dormência se espalhou pelos membros e a vontade era atraente demais para mantê-la acordada. Enquanto seus olhos fechavam, uma silhueta apareceu na janela, de uma belíssima santa cujo rosto inocente era a pele de cordeiro para um demônio.


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