Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 65: Perda de Título
Sir Aymeric, o prestigiado cavaleiro responsável por escoltar os filhos de Sion Tanite em segurança — ou era essa sua antiga imagem. A falha na missão de escolta se provou fatal para sua carreira, tendo perdido o braço, o respeito de outros cavaleiros e a confiança com o marquês. Seu esforço ao longo de décadas, brandindo a espada todo dia para atingir seus limites, foi em vão.
Ele estava num dos blocos reservados ao exército pessoal do marquês, mais especificamente na ala médica para tratar do restante de carne no ombro direito. Aquilo foi uma covardia dos bandidos, que arrancaram o braço direito como forma de evitá-lo trazer problemas, porém a ferida aberta ao longo dos dias infeccionou e causou sangramento o bastante para quase matá-lo. Se não fosse pelos outros soldados cuidarem do corte por causa de um respeito grandíssimo a Sir Aymeric, ele teria morrido.
“Agora seria bom estar morto…”
Para todo canto que ia, precisava de uma muleta. O manto branco sobre seus ombros representava sua insignificância, e ver os demais companheiros do lado de fora treinando sob tutela de outro capitão machucava o coração mais que facas arrancando a carne. Ele continuou andando pelos corredores, queria apenas voltar para o quarto e deitar a cabeça.
O mundo parecia digno de um pesadelo. Por mais que os pássaros cantassem durante a manhã e a neve trouxesse um clima agradável para a clareira do quarto, ainda estava incrustado a vergonha e o repúdio de si mesmo. Como foi capaz de errar assim? Sua guarda se abaixou no momento mais tranquilo, isso fez tudo o que sempre almejou e construiu cair como um castelo de areia.
Aymeric cerrou os punhos, ainda olhando os soldados treinando com as espadas do lado de fora. Era para ele estar lá, gritando e puxando a orelha dos subordinados, falando para calarem a boca quando viessem encher seu saco sobre o sucesso da missão. Infelizmente, a realidade era cruel demais para aceitar. Virou o rosto rumo ao teto, as tábuas possuíam um vão largo o bastante para uma corda.
Antes de cogitar mais qualquer coisa, batidas vieram da porta.
— Entre — disse, assentando-se numa cadeira próximo a clareira e encostando sua muleta no colo.
— Com licença, Sir Aymeric… — Um sujeito com uma armadura de metal e ombreiras girou a maçaneta, suas botas arranharam a madeira do piso quando entrou. — O marquês exige uma conferência com o senhor, agora mesmo. Ele pediu para escoltá-lo.
O antigo cavaleiro não mostrou sinais de querer se levantar, encarando o fogo com bastante afinco. A figura que entrou no quarto aproximou-se, pondo a mão em seu ombro.
— Por favor, Sir Aymeric, não faça isso ser mais doloroso do que é para mim…
— Merk, você conseguiu o que queria. Não é tão doloroso assim para você, já que nem precisará ser meu escudeiro e ganhou o cargo de cavaleiro imediatamente.
— Senhor, eu não merecia esse cargo. Vi meus colegas morrerem e nem pude dar um último adeus a Pron e Jay, enquanto fui mantido como cativo naquele lixo. Acho errado culpá-lo, além do mais, era uma força que não esperávamos, e também acho mais errado ainda quererem elevar meu status sem antes ter um devido duelo com o melhor espadachim do marquesado!
O punho de Aymeric atingiu o ombro de Merk. Era para ser um golpe forte, porém foi um mero empurrão para trás. A expressão do cavaleiro estava cansada, ao mesmo tempo sombria, o que deu calafrios em seu ex-subordinado. Nunca que ele tinha visto um homem íntegro e incorruptível se tornar a figura diante de seus olhos, alguém perdeu o sentido da vida.
— E isso é o que o melhor espadachim do marquesado se transformou…
As palavras doeram, mais do que qualquer xingamento ou ordem de Sir Aymeric, que se ergueu da cadeira e cambaleou rumo à porta. Merk o escoltou para a sala do marquês, dois passos atrás, sem coragem de vê-lo diretamente. Depois de pararem numa porta branca com um par de maçanetas douradas, o ex-subordinado se deu ao trabalho de abrir a passagem e permitir que o homem entrasse.
O lado de dentro era luxuoso, como todo escritório de um homem nobre. Com um castiçal no teto iluminando o local e fornitura de mais alta qualidade, qualquer um que pusesse os olhos para investigar o ambiente ficaria de queixo caído com tamanho dinheiro gasto em decoração, onde o carpete parecia um mero acessório se comparado às pinturas na parede e as joias dispostas num armário de vidro.
Uma mesa escura estava alinhada ao centro da sala, nela havia um senhor escrevendo papeis usando uma caneta tinteiro. Suas roupas, quase um uniforme militar da mais alta patente, destacou sua aparência, que ainda foi enaltecida pelo cabelo prateado e olhos roxos.
Esse par de olhos penetrantes tiveram como alvo Aymeric, que entrou dando um passo de cada vez rumo à frente da mesa e fez uma reverência travada por causa das dores e ferimentos.
— Não se esforce demais, você continua machucado de um jeito ou de outro. Merk, obrigado pelo trabalho, está dispensado.
— Sim, senhor marquês!
O cavaleiro na entrada bateu o punho no peito e inclinou o corpo para frente, antes de sair fechando as portas da entrada. Um silêncio pairou no local, alto o bastante para definir qual era o assunto a ser tratado entre aqueles dois. Aymeric abaixou a cabeça, esperando o pior.
— Não preciso dizer que você foi deposto de seu cargo, correto? — indagou Sion, pondo a caneta de lado e organizando os papeis. — Não o culpo. Contratar magos, bandidos e ainda um integrante da Lâmina Fantasma é bastante caro, ou seja, o inimigo era alguém de fora do calibre de qualquer um. No entanto, os cavaleiros não aceitam falhas tão levianamente.
Ele mordeu a ponta da língua. Sabia que era uma vergonha para todos os cavaleiros, mesmo que a tarefa fosse impossível, deveria conseguir realizá-la com sucesso. Esperava uma represália, porém, para sua surpresa, o marquês mostrou um bilhete deslacrado com um botão azul no meio.
— Por isso, decidi usar um dos meus contatos para que tenha uma redenção. Sei das suas capacidades melhor do que qualquer um, e reconheço um talento grande quando vejo um. Pois bem, Aymeric, eu quero que saia daqui e se encontre com a Bruxa Louca, Isis Aquaria.
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