Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 120: Cegueira
Muita felicidade irradiou Liane, até mesmo naquele momento, ouviu com muita atenção a aventura de Zana durante todo esse tempo que estavam separados. Ela explicou que guiou as cuidadoras e demais crianças para uma passagem secreta pelo subsolo, guiando-os para um lugar seguro, mas quando retornou para procurar por Liane, não o encontrou em canto algum. Por isso, tinha começado a viajar em busca dele, passando pela Vila Jaspe no caminho e descobrindo que estavam atrás dela.
No entanto, em meio a viagem, Zana veio a se encontrar com a menina que a acompanhara. Disse tê-la visto no meio da floresta, perdida, e que não encontrara seus pais até então. Como já estava na busca por Liane, ela não aguentou vê-la sozinha e a trouxe para o seu lado. A garota se chamava Celine, era cega de nascença e tinha uma feição gelada desde que se conheceram. Também não falava muito, pelo contrário, aparentava querer mais o silêncio do que qualquer outra coisa.
A história progrediu com inúmeras mentiras a mais, das quais o pequeno ouviu com um rosto cheio de alegria e surpresa, querendo cada detalhe, cada deslize e cada confronto que tiveram… exceto que, boa parte daquilo era falso e somente Celine — além de poucas pessoas informadas. — sabiam disso.
“Consigo sentir o sorriso dele…”
Ela, de fato, era cega. Não havia nada no derredor, ao invés disso, era mais fácil chamar de silhueta, ou presença. Crianças como ela normalmente não seriam admitidas num grupo secreto para treinar assassinos de elite, porém, aquela em específico era uma exceção por conta do seu senso sobrenatural de espaço. As pessoas comuns enxergavam com os olhos e tiravam suas conclusões a partir do que viam, já ela, tinha consciência da forma, tamanho, profundidade e tudo mais, o que lhe garantiu uma posição mais prestigiada dentre os diversos órfãos escolhidos.
“Na verdade, eu não acredito que estou aqui diante dessa mulher… A Loba Carmesim…”
Às vezes, Celine engolia seco involuntariamente por estar próxima de Zana. Havia plena razão, além do mais, essa moça era uma lenda viva. A garota ouviu inúmeras histórias de seus feitos, desde a morte de um poderoso mago no passado até a decapitação de um rei. Talvez fossem exagerados os relatos, mas independente disso, o pouco tempo que passaram juntos lhe garantiu um tremendo respeito.
Durante a viagem para a Vila do Dente, quando ainda estavam à caminho de se encontrarem com aquele garoto, um determinado momento se gravou em sua mente. Era tarde da noite, os fieis de Lithia dormiam, de repente, a figura de Zana se ergueu do meio das camas e saiu silenciosamente. Celine apenas reparou nisso por ter desenvolvido o costume de não dormir completamente confortável, despertando no menor sinal de movimento.
Como reparou em Zana saindo, decidiu acompanhá-la, pois era parte do trabalho. O que não esperava, por outro lado, foi uma presença aterradora há poucos metros do acampamento. A criatura devia ser enorme, com incontáveis patas adornando uma carapaça dura e tendo presas que cortavam madeira como papel. Mesmo assim, a loba perseguiu.
Celine seguiu logo atrás, mas manteve uma distância considerável. As duas presenças enfim se aproximara, Zana parecia diminuta se comparada a centopeia — assim acreditava ser, dada a descrição de muitas pernas e carapaça. Monstros andavam pela floresta da Rosa Negra a essa hora, o perigo de vaga sozinho entre as árvores seria quebrar um tabu, e mesmo assim, aquela mulher tirou a espada.
Tudo durou um piscar de olhos, o som de chamas subindo e a força incendiária que surgiu na loba consumiu o mundo, eclipsando os pequenos animais escondidos e o próprio monstro. A criatura desapareceu sem deixar vestígios, a mulher retornou para o acampamento bem lentamente, sem nem olhar para garota, avisando-a:
— Vamos voltar antes que percebam nossa saída.
A viagem retornou ao normal no primeiro raiar do sol, mas a ansiedade daquele momento e o coração pulsante de Celine marcaram a imagem no fundo do coração. Por outro lado, agora a força monstruosa parecia redundante a julgar pela personalidade original, agindo igual a um gatinho manso perto do garoto e deixando ser chamada de irmã, elogiada e acariciada de qualquer forma.
Não era exagero dizer que a menina inclusive estava começando a pegar nojo.
“Por que os dois são assim? É estranho… não me ensinaram sobre isso…”
— Você não vai nem acreditar, irmã, eu consegui aprender magia! — disse Liane, com um tom orgulhoso de si mesmo. — Não só isso, como também aprendi mais de uma!
— Ohhhh, é sério? Eu sempre pensei que você fosse do tipo inteligente, sempre afundado nos livros. Quer mostrar para gente?
“Com certeza será um efeito pequeno. Não entendo o porquê dela motivá-lo, os dois seriam de fato irmãos? Em relações fraternais, falam ser necessário amor e apoio mútuo… mesmo assim, é demais.”
— Sim, eu mostro, preste atenção!
Celine ouviu os passinhos do garoto ecoando no piso de madeira, sua cabeça também se moveu de acordo, virada por completo na sua direção. Ela não esperava muito, mas assim que ouviu o barulho das estáticas, imediatamente reparou em correntes elétricas estalando no ar e correndo pelo braço do garoto.
“Essa evocação mágica é impressionante para a idade dele, talvez não seja uma coisa tão boba como pensei…” Em seguida, a estática desapareceu, substituída por uma onda de calor vinda de um mesmo ponto. “Uma lâmina de fogo. Ouvi que isso libertou os prisioneiros do ritual demoníaco, se for verdade, então no mínimo cortaria uma armadura de metal facilmente… Hm? Por que parece ter… algo ali?”
Em meio as labaredas, a garota teve a impressão de haver um movimento a mais. Assimilava-se ao movimento de serpente, oscilando de um lado para o outro antes de desaparecer, tomando forma e ajustando as coisas no lugar, então retornava ao corpo e se tornava indetectável. Estranhando, pensou em falar, no entanto, uma hesitação fez sua boca se fechar.
“Ainda assim, tem algo errado.”
— Isso é incrível, Liane! — exclamou Zana, batendo palmas com um sorriso abobalhado. — Mas tem mais uma coisa que eu gostaria que você mostrasse…
— O que, irmã?
— A sua fada.
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