Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 144: Explosões em Cadeia
Aquele cesto cheio de explosivos era um sinal. O rosto de Zana mudou por um instante, até voltar ao normal com a mesma impassividade que demonstrava no dia a dia. Esse era o pior momento para se desesperar, mas devia temer pela sua vida e dos seus protegidos se quisesse entender o que diabos ocorria em Verdan.
— Comerciante, quem entregou essas bombas?
— Ora, um dos meus contatos mais confiáveis, eles…
— Quem? — Os olhos em forma de espadas miraram no homem, que de novo tremeu.
— Foi a Guilda dos Comerciantes Estrela! Eles vieram a cidade há um mês e reabasteceram os suprimentos com a maioria dos estabelecimentos, apenas isso!
Isso explicava um pouco de como os itens adulterados entraram no mercado. Uma Guilda de Comerciantes era o meio mais usado para espalhar contatos e potenciais compradores e vendedores de mercadorias, eles tinham uma autorização do próprio rei sobre sua autonomia e traziam de tudo ao redor do globo. Também eram responsáveis por negócios menores, como a venda de suprimentos e equipamentos, se fossem eles, não seria impossível inserir uma cesta de explosivos prestes a estourarem.
No entanto, fazia pouquíssimo sentido. Por que um comerciante de lá daria isso a um vendedor qualquer da cidade?
— Você tinha uma rixa com quem lhe vendeu os objetos na sua loja?
— Não, claro que não, nunca vi ele na vida.
— Pois se livre de todo o seu estoque. Essas Bombas de Fogo foram modificadas, elas estão vazando gases e podem detonar com qualquer labareda.
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Zana apanhou a esfera, não demorando para encontrar um buraco por onde pó negro caia de pouquinho em pouquinho. O comerciante arregalou os olhos, esticando-se para fora do balcão e enfim analisando o mesmo item, apenas para encontrar a falha. Ele recolheu tudo numa mesma sacola, um jeito extremamente descuidado de lidar com itens perigosos prestes a levarem aquele cômodo pelos ares.
— Muito obrigado, madame, lidarei com isso rápido…
— Sim, eu sei. Você quem as colocou lá sem conferir, de qualquer jeito.
Essa resposta apanhou o sujeito. Se alguém comprava uma coisa para vender, obviamente tratava de conferir o material e a qualidade, ninguém deixaria uma mercadoria avulsamente exposta quando qualquer um poderia notar o erro. Zana entrou esperando problemas, mas queria deixá-lo sob pressão para ganhar a vantagem, na verdade, muita curiosidade estava mexendo na sua cabeça.
Por que um senhor da estrada principal se colocaria em tal perigo? E quanto as demais pessoas na rua, que poderiam ser pegas no alcance da explosão, ou até mesmo os aventureiros que comprariam objetos defeituosos e poderiam se machucar durante o uso? A suspeita era algo fácil de adquirir quando conectava os pontos, ninguém seria idiota de ignorar um defeito num objeto, e quando se tratava de coisas potencialmente perigosas, como aquelas bombas, era necessária uma inspeção séria.
Zana puxou a rapieira escondida na túnica, estocando contra a mão do comerciante, que estava prestes a acertar sua cabeça com um porrete. Sangue esguichou pelo piso, enquanto o pedaço de madeira usado como arma rolou pelo ar, até bater no balcão. A assassina não demorou para atingi-lo na garganta, um meio de ceifar sua vida rapidamente.
No entanto, uma labareda surgiu no dedo do comerciante, voando rumo a pilha de Bombas de Fogo. A moça ruiva só pôde olhar a fagulha descer lentamente rumo a fonte da desgraça. Um estrondo atacou os ouvidos de Zana, que perdeu o equilíbrio por um segundo, mas por reflexo conseguiu saltar para trás e evocar uma barreira de chamas. Aquilo parcialmente impediu o contato com a explosão, uma pena que o restante do espaço e as pessoas do lado de fora não tiveram a mesma sorte.
Nuvens de fumaça se ergueram para o alto, todos os transeuntes que não foram pegos no meio da explosão passaram a ajudar uns aos outros e evacuarem a área. Cadáveres queimados estavam no meio da rua, e em meio a tanto caos, uma mulher escapou do inferno na Terra. Sangue escorria pelo lado direito do rosto, o lado direito do corpo se encheu com marcas de queimadura.
Ardia tanto que Zana precisou morder a ponta da língua para manter a consciência. O dano foi brutal, a sorte de ter reagido a tempo com uma barreira garantiu sua vida. Ela andou poucos passos antes cair de joelhos, tendo que se apoiar com as mãos para evitar bater de cabeça contra as rochas da estrada. Tudo girava, uma soma da dor, hemorragia e danos internos.
Zana procurou o máximo de força possível para sair da cena, temendo que seria culpada caso acontecesse alguma coisa. Infelizmente, de nada adiantou. Ela perdeu as energias, despencando. Não prestou atenção nos arredores, nem em como as pessoas olhavam-na com uma pena tremenda, temendo chegar perto.
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Isso até uma criança em meio a multidão vir na sua direção, e ao vê-la, sua expressão assustada se apoderou do próprio ser. Ele correu, correu o mais rápido que podia, chorando em um profundo desespero. Agachado ao lado de Zana, tentou pensar em mil soluções para resolver o problema, mas como poderia fazer isso sendo quem era?
Não demorou para uma segunda criança chegar. Ela, uma garota cega, ainda assim conseguia sentir a amargura do garoto de joelhos ao lado de Zana e imediatamente entendeu o que estava acontecendo.
A lendária assassina ruiva agonizava no chão, cada respiração jogava um espinho para o fundo da garganta e arranhava os pulmões.
“Eu morrerei assim? Que patético…”
Foi o último pensamento antes de abraçar a profunda escuridão. O coração bateu, bombeando o fraco sangue pelas veias, enquanto lágrimas temiam pela sua partida. As memórias iam e vinham, apagando e retornando num ciclo infinito. Tudo o que ela viu era a silhueta de uma linda mulher de cabelo curto, com olhos azuis brilhantes aparecendo em meio as sombras e um leque roxo escondendo parte da face.
“Me desculpe, mestra, eu não consegui cumprir minha função… me perdoe.”
Zana não conseguia derramar uma lágrima sequer, não havia dor nem nada, apenas o frio. O mesmo frio da infância, de quando encontrara madame Isis pela primeira vez.
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