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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Um pacto selado, duas almas entrelaçadas por vínculo sobrenatural. Liane sentia que isso era muito parecido com a conexão que tinha com Er’Ika, podia às vezes sentir o espectro o observando e escutava coisas que sussurrava baixinho na sua mente.

    Esse tipo de coisa aparecia, mas não sabia exatamente o que ele queria dizer. De qualquer modo, a entidade parecia inconsciente que os dois se comunicavam mentalmente, pois nunca ouviu uma reclamação por parte dele a respeito de barulho ou caçoando da falta de palavras do colega de quarto. Os eventos seguiram como de costume, o dia seguinte raiou e já era hora de visitar Silva para a sessão de treino comum, porém dessa vez ele só entraria com Celine.

    — Seu guarda, desculpa, ela precisa ficar comigo. Pode chamar Silva, o mordomo chefe ou o senhor Sion se precisar, só que eu não posso deixá-la do lado de fora.

    O guarda fez uma expressão que representava a dor de mil agulhas pelo corpo, já que não queria de nenhum modo conversar com os dois nobres, especialmente o marquês, temendo perder o emprego.

    — Que confusão toda é essa? — chamou uma vozinha fina do outro lado do portão.

    — Se-Senhorita Silva! — O homem realizou uma reverência para a menininha. — A mestra Liane não quer entrar sem que seja junto dessa outra moça… Ela tem se recusado até agora.

    — Hmmm… — A pequena nobre avaliou a nova figura, lembrou dela nas vezes que as duas parentes da sua amiga vinham deixá-la. — Podem deixar entrar, é a prima da Liane, não tem problema.

    — Mas se-senhorita, o marquês pediu para…

    — Shhh, se eu quero, você obedece! Coloquem os dois para dentro, agora!

    — Sim, senhorita…

    O pobre guarda abaixou a cabeça e abriu os portões para que ambos entrassem, fechando logo em seguida. Silva guiou os dois pelos corredores, porém estava bastante curiosa em relação àquela garota, várias vezes olhava para trás e tentava tirar algum sentido oculto nas suas ações. Uma coisa que não gostava nem o pouco era o fato que estavam com os braços enrolados, igual a um casal.

    Claro que não eram um, além do mais, Liane e Celine se conheceram tinha pouquíssimos meses, tendo fortalecido o vínculo após os eventos mais recentes. Poderia dizer que eram inseparáveis dali em diante, e toda essa impressão que davam estava picotando a consciência de Silva nos mais diversos cenários diferentes. Seria possível que essa mocinha roubasse sua querida Liane? Essa e outras paranoias rondavam a cabeça da nobre apaixonada por uma plebeia.

    O cenário visto e revisto em tantos livros modernos poderia se repetir uma vez na vida real. Ela, como uma leitora ávida, não queria perder a oportunidade por nada, nem que isso significasse derrotar uma rival no amor. Por conta do surto de pensamentos, Silva bateu em vários pilares e paredes no caminho, cada um causava um machucado pior na testa, porém sempre dizia estar tudo bem e procedia jogando o rosto contra outra parede.

    “Silva parece alterada”, pensou Liane, vendo-a se distrair várias outras vezes. “Será que alguma coisa aconteceu nos últimos dias?”

    O tom debochado de Er’Ika era clássico, enquanto a nova voz do espectro tinha a mesma confusão do garoto. Se tivesse como ler mentes, agora mesmo desvendaria os mistérios detrás da nobre.

    Após um tempo, onde Silva conseguiu se profissionalizar em criar buracos nas paredes, chegaram às portas do escritório do marquês. A filhinha andou na frente e girou as maçanetas sem nenhum medo, ação digna de quem havia dominado totalmente o pai com a própria fofura.

    — Papaaaiii!

    Esse chamado era semelhante a uma agulha entrando no ouvido por conta do tom fino e puxado dela, porém atraia a atenção do marquês com perfeição absurda. Ele ergueu os olhos com um rosto cheio de olheiras e marcas de sono. Sua posição exigia uma certa atenção grande, o que cansava e muito qualquer resquício de energia. No primeiro momento, pensou em só cumprir qualquer desejo de sua filha e retornar ao trabalho, mas quando avistou Liane e outra garota desconhecida, mudou de ideia.

    Via a criança com muita frequência devido a insistência de Silva que se tornasse um pupilo da madame Niara, só que nunca ao lado de Zana ou daquela garota. Sion tinha plena consciência de quem eram, duas assassinas a mando da bruxa Isis. Um suor frio desceu pelo pescoço quando encarou o rosto da garota, que sabia ser cega, e foi encarado de volta.

    — Hã… o que foi, Silva? — respondeu, querendo manter um pingo de calma na frente da filha.

    — Liane veio com uma parente dele e disse que precisava entrar juntos. Eu trouxe eles para o senhor porque a ordem era explicitamente para permitir só a Liane de entrar.

    — Oh, entendo. Pode sair um momentinho para que eu converse à sós com as duas?

    — Precisa mesmo disso? Eu quero ficar perto da Liane…

    — Por favor, filha, é importante.

    — Aff, tá bom…

    Silva inflou as bochechas e saiu, meio emburrada por precisar se afastar quando queria estar coladinha na sua melhor amiga. Quando as portas bateram, Sion disse:

    — Liane, é a primeira vez que um caso assim acontece. Eu sei que ela é sua parente, mas sabe que não posso permitir isso…

    — Vossa Graça, me desculpe. — O garoto realizou uma reverência, puxando junto Celine para que também se dobrasse. — É uma emergência, por isso tive que apelar um pouco para essa insistência.

    O marquês arregalou os olhos por um momento. Quando que esse plebeu teve a chance de aprender etiqueta nobre e aplicar de uma maneira tão excelente? Conseguia facilmente compreender o caso de Celine devido a sua deficiência, mas Liane, que era um ignorante à sua visão, estava bem ali demonstrando o perfeccionismo que muitos nobres perseguiam.

    — Continue…

    — Minha irmã sofreu um terrível acidente. Nós dois… estamos sozinhos em casa e não temos como dinheiro o bastante para comprar comida e eu…

    O garoto mordeu o lábio, demonstrando muita dor naquelas palavras.

    — Eu quero que você nos adote!


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