Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 151: A Outra Face do Novo Capitão
Uma situação deveras estranha recaiu sobre o capitão Merk. Ele herdou o dever de seu antigo mentor e também ídolo, Sir Aymeric, de proteger a família Tanite e servir como exemplo aos outros companheiros, mas desde então, nada realmente interessante surgiu.
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O primogênito da casa Tanite continuava na Escola de Esgrima Nello, enquanto a senhorita Silva não tinha coragem de sair a menos que estivesse acompanhado do pai e da mãe.
Dito isso, com exceção de raras chamadas envolvendo bandidos problemáticos — dos quais Merk rapidamente resolvia por ser bastante hábil com espada e administração de recursos. —, nada muito emocionante e nem significativo aconteceu. Muitos que invejavam a posição atual desse cavaleiro diziam ser o emprego dos sonhos, mas ele odiava lidar com pirralhos convencidos causando problemas pelo marquesado e lidar com ralé fraca demais para dar um desafio decente.
“Não era o que eu desejava quando assumi o cargo e prometi honrar Sir Aymeric.”
O pensamento recorrente trazia uma agonia constante pelos dias, como se estivesse preso num ciclo interminável de trabalho. E então, aquelas duas crianças apareceram, acompanhadas do líder dos mordomos, Sir Joshua, que esbanjava como sempre um bigode atraente, uma cabeça branca e um monóculo escondendo um olhar afiado.
— Sir Merk, ainda dormindo a essa hora? Um homem da sua idade e cargo não devia ser tão desprecavido… — alfinetou o velho, largando um suspiro e limpando a garganta com um pigarreio. — Por favor, evite tais comportamentos infantes na frente dos convidados.
O cavaleiro encarou aquelas crias de sabe-se lá quem. Queria demonstrar pouca importância, na realidade, acreditou que fossem os netos do velhote, mas quando viu um cabelo de tigela e olhos de cores diferentes, qualquer dúvida caiu por terra. Arregalou os olhos, meio assustado por vê-lo naquela situação ao invés de qualquer outra. Era Liane, o salvador da senhorita Silva e quem tinha um afeto grande por parte do marquês, em outras palavras, o pirralho era uma pessoa a ser protegida, querida e amada.
Se Merk fizesse besteira, independente do que fosse, Sion arrancaria sua cabeça.
— A-Ah, Liane, quanto tempo! — ele respondeu, tentando soar amigável ao invés de nervoso.
O garoto levantou as sobrancelhas, até relembrar exatamente quem era essa pessoa: um dos subordinados de Aymeric, e que agora esbanjava um estilo de vida diferente devido a promoção.
— Bom dia, senhor Merk. — Acenou com a mãozinha e demonstrou um pequenino sorriso.
— Já se conheciam? — perguntou o velho Joshua, ajustando o monóculo na face.
— Mais ou menos, eu o encontrei na missão de escolta do Sir Aymeric — disse Merk, terminando de abrir a porta. — Devo minha vida ao garoto, não teria como esquecer dele.
— Entendo… trágico e poético ao mesmo tempo. — O mordomo abaixou a cabeça, mas logo colocou-a de volta no lugar, pronto para entregar a mensagem. — Marquês Sion deseja que você cuide desses dois por tempo indeterminado. Forneça abrigo e comida. São ordens, antes que pergunte.
— Eu posso pelo menos saber o motivo? Veio tão de repente…
— A responsável por eles, vulgo madame Zana, sofreu um acidente terrível e está em coma na Igreja de Lithia. Esses dois não tem mais ninguém para recorrer, então Liane pediu um favor ao marquês e ele ofereceu uma mão gentil. Por isso, você estará encarregado de cuidar deles.
Merk quis fazer uma cara de completo desdém e recusa, no entanto, teve pouquíssima coragem de tentá-la vendo os olhos brilhantes daquele moleque. Respirou fundo, adentrando de volta para casa e deixando a porta aberta.
— Podem entrar, a casa é de vocês.
Essa resposta deixou Sir Joshua bastante contente. Ele não confiava tanto em Merk para o serviço de cuidador, mas sabia o quão capaz ele era de proteger os outros se necessário.
— Pois bem, aqui eu me retiro, mestra Liane, mestra Celine.
Uma breve reverência seguiu a saída do mordomo. As duas crianças adentraram a casa, e imediatamente Liane se surpreendeu com o lado de dentro, vulgo uma completa bagunça. Merk, ao ver a expressão do pirralho, se desculpou:
— Foi mal, não esperava visita cedo da manhã, então esqueci de arrumar.
— Não tem problema, acho que nós dois podemos cuidar disso.
— Sério? É um milagre ter umas mãos a mais nesse tipo de serviço. Não sou bom com faxina…
— Entendi. Vou começar organizando essas coisas… — Ele pegou algumas folhas jogadas pelo chão, haviam desenhos na outra face. — Onde deixo?
— Ó pirralho, não toca nisso!
Rapidamente o capitão arrancou as folhas dos dedinhos de Liane, pegando cada um espelhado e pressionando contra o corpo, enquanto ficava de costas.
— É coisa importante, tem que tomar cuidado! Coisa pessoal, entendeu?!
— Me-Me desculpa, eu não sabia! Vou tomar cuidado quando pegá-las outra vez…
— Mestre Liane, será desnecessário — falou Celine, segurando em seu ombro. — Por favor, não faça.
Ela estava com uma péssima expressão, um nojo carrancudo escondido num semblante frio igual o inverno das montanhas. Chegava a ser assustador, como se pudesse fuzilar alguém com as palavras e arrancar a garganta de um pervertido. Provavelmente, era exatamente o que pensava naquele momento, a julgar pela forma como seu rosto se torceu igual a máscara de um demônio.
Merk engoliu seco e resolveu ignorar por ora o aviso silencioso, aproveitando para agradecer mentalmente sua deixa, mesmo que a custo da própria dignidade.
Levou uma tarde inteira para arrumarem a casa, a essa altura, o dono até saiu a trabalho, pois precisava ainda treinar os soldados e manter a imagem de capitão, sobrando apenas os dois, ou três, contando com Er’Ika.
— Ah, já está ficando de noite…
Liane olhou pela janela, um degrade do laranja ao roxo decorou o céu, enquanto tímidas estrelas davam os primeiros brilhos para o tempo noturno.
— Celine, você confia em mim?
— Mestre Liane, eu confio minha vida a você, sou sua subordinada.
— Eu não gosto quando você me chama assim, de mestre, só que vou confiar… — Ele fez um biquinho, virando-se na direção da garota. — Hoje, faremos algo importante. Quero me encontrar de novo com aqueles cultistas, mas preciso somente de um.
— É perigoso, mestre. Não posso permitir que faça isso.
— Por isso quero que confie em mim, confiar para o que faremos a seguir.
— E o que pretende fazer?
— Matar alguém.
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