Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 159: A Libertação da Entidade Maléfica
Tudo aconteceu num segundo. Vylon sentiu o tempo parar, e então, quando viu a criança, sua garganta estava aberta. Ele reagiu o mais rápido para curar a ferida, porém de nada adiantou, pelo contrário, apenas piorou a situação e fez com que o corte doesse ainda mais. A presença de um poder demoníaco avassalador, da aura fluída correndo sobre sua pele e o modo como arrogantemente cruzava as pernas no meio do ar. Bastou um estalar de dedos para que também lidasse com alguns civis, consumindo-os por meio de raios chamejantes que serpentearam e atravessaram a carne deles.
Alguns fugiram, porém, o bispo não perdeu a compostura. Quando um ataque veio na sua direção, ele segurou o símbolo de Lithia com força e elevou uma barreira protetora. A energia demoníaca e divina se chocaram, anulando-se em relâmpagos cinzentos pelo ar. Respirou fundo, tirando a lança das costas e prestando muita atenção no seu inimigo, no entanto, não esperava que alguém o enfrentasse de cara.
Jessia saltou contra a figura, brandindo a espada e emitindo um brilho dourado pelo corpo. A lâmina passou reto pelas costas do encapuzado, como se sequer tocasse carne humana.
— Ah, eu não lhe vi. Você é muito sorrateira… — Um pulso sombrio empurrou a mulher para longe, abrindo a distância entre os dois. — Hah, que alívio, bispo Vylon. Obrigado por indicar o problema no meu plano e eu poder retirá-lo rapidamente…
— Quem é você, ser demoníaco?! — gritou o homem, apontando a lança.
— Não se apresse, agora há pouquíssima necessidade de revelar minha identidade. Eu só vim agradecer e me livrar de um problema em potencial, além do mais, observei essa criança por muito tempo… livrar-se dela agora é o mais sábio.
— Sábio? Sábio?!? Você condenou todos nós, seu cretino, até a si mesmo!
— Se estiver se referindo a criatura mística que acompanha o garoto, receio que não precise se…
Um tremor cruzou os ares. Ele ficou progressivamente mais forte, e então, o céu antes arroxeado com tons laranjas mudou para carmesim. Antes com uma expressão convencida de vitória, o encapuzado imediatamente mudou os sentimentos para terror, não pela mudança no ambiente, mas pelo que viu não muito longe da cidade, uma sombra enorme, repleta de olhos vermelhos e apêndices negros.
Seu corpo não parecia ter profundidade, muito menos forma definida, era um tipo de penumbra deformada que constantemente mudava de aparência quando se mexia. Outro choque, dessa vez um som extremamente agudo saindo dos dentes daquela aberração, e assim, os conceitos comuns da realidade se alteraram.
— Bispo! — o chamado veio de Jessia, que abruptamente foi lançada para cima, com seu cabelo virando de ponta cabeça.
Em seguida, foi Liane, que também voou por conta própria, e por fim Vylon. A gravidade inverteu, pedaços de madeira, casas, pessoas, animais e destroços iam rumo as nuvens escuras, com estruturas em chamas para acompanhá-los. O cultista encapuzado passou pelo mesmo, sua magia de levitação repentinamente se cancelou, e agora ele era mais um entre a multidão sofrendo da interferência mágica.
O espaço girou em si mesmo, pequenas rachaduras abriram a abobada celeste, criando diversas entradas para o frio vácuo fora do planeta. O pavor no bispo não poderia ser outro, mesmo que se apoiasse numa carroça perdida entre tantas coisas, o medo foi inevitável de se cruzar quando viu pessoas serem abduzidas por buracos e instantaneamente congeladas, tendo seus corpos deformados devido a temperatura. Na distância, aquela mesma sombra. Er’Ika, rastejava pelos ventos, consumindo a carne dos seres vivos e absorvendo sua existência para si mesmo.
Os movimentos inaturais, o modo com que sua existência negava qualquer normalidade no ambiente, tudo era surreal no monstro. Ele parecia algo imaginado em lendas antigas, de profecias que murmuravam seu nome como algo capaz de trazer o apocalipse.
Uma batida de coração. Vylon imediatamente se voltou ao som, as pulsações de uma vida, que se agarravam nas últimas centelhas de energia em seu ser. Liane estava lá, o sangue da garganta espiralava ao seu redor e voava para todos os lados, criando um rastro enquanto seus olhos lentamente rumavam para a morte. Um sinal de força ainda sobrevivia dentro daquele garoto.
“Lithia, por favor, eu te peço, me permita resolver essa catástrofe.”
O bispo segurou o cordão com sua alma, e então saltou entre os destroços rumo a criança, lentamente fechando a distância ao ponto de tocá-lo com as mãos. Envolveu-o num abraço, o sangue manchou suas robes brancas, mas pouco importava.
— Deusa Lithia, ajude o seu cavaleiro, só mais uma vez…
Poder divino emergiu das mãos de Vylon, tocando a superfície da ferida no pescoço. Devido a interferência mágica, o efeito de queimadura que antes impedia a regeneração desapareceu, enquanto o poder divino em alta quantidade fechou o corte e se tornou um farol luminoso na tragédia.
Imediatamente, o ser composto de escuridão notou a mudança, seu poder estava diminuindo a um nível alarmante junto ao tamanho. Quando suas bocas e olhos se voltaram aos dois humanos próximos um do outro, acreditou ser uma ameaça, então voou rumo a eles.
A respiração do bispo ficou desregulada, a face lentamente envelheceu, mas em nenhum momento perdeu a fé, lançando-se toda a disposição para curar a criança. E assim, um milagre aconteceu.
As garras de Er’Ika estavam prestes a se encontrarem com os dois, apenas para uma mulher interromper o caminho e chocar a espada contra as garras da besta. Jessia sentiu seu esqueleto tremer no impacto, a lâmina se partiu em vários pedaços e em seguida um acerto direto na armadura quebrou o restante do metal, tirando-a do caminho.
No entanto, isso comprou tempo o suficiente para Vylon. A cura terminou, e o monstro, por sua vez, perdeu tamanho ao ponto de não parecer ameaçador. A gravidade também lentamente retornou ao seu estado normal, com as estruturas retornando ao chão como penas voando pelo céu.
Não demorou para se encontrarem com o piso de pedra de Verdan novamente. O bispo apoiou os pés, grato de finalmente estar em terreno firme. Liane não tinha forças e ficou nos seus braços como um cadáver, enquanto a sombra lentamente definhava para a morte.
Mesmo assim, aquele poder fluía, e no estado de descontrole, jamais permitiria que os responsáveis pela fraqueza saíssem ilesos.
Vylon estendeu a mão para frente, evocando mais uma vez o pedido para a deusa: a de selá-lo. Uma linha branca fina conectava Er’Ika a Liane, o sinal de que suas almas estavam entrelaçadas, e ele só precisava reforçar esse vínculo de uma vez por todas.
No entanto, só a sua força não bastava. Seus joelhos se dobraram, tentando conter tanto a ameaça quanto vinculá-la a criança, querendo terminar essa loucura. De repente, uma nova fonte de energia divina apareceu. Não era a de Jessia, ela havia caído antes, era outra, uma enorme.
Com a ajuda dessa pessoa, o selo foi reinstaurado. A existência negra de Er’Ika sumiu, afundada dentro do receptáculo. Vylon cedeu, suor descia pelo rosto aos montes, enquanto tremia da cabeça aos pés por tanta loucura.
A passos de distância, um longo cabelo loiro esvoaçava com a ventania noturna, agora distante do vermelho que cobria o céu. Era uma mulher de túnica branca e com um cetro, cujas cores esverdeadas dos olhos estavam distantes, miradas para as estrelas acima. A santa Cristal, a mais poderosa de todas as santas, foi o milagre que Lithia enviou naquele dia obscuro de Verdan.
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