Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 176: Castelo Valtóris
Nobres, a elite do reino de Kirstein, eram exóticos à sua maneira. O dinheiro tornava-os cheios de gostos muito específicos, com ambições frívolas e muito desinteressantes. A maioria desejava manter sua posição ou subir na hierarquia, tomando o lugar de um conde, marquês ou até nos sonhos mais ousados um duque. As roupas também refletiam essa mesma ideia, cheias de detalhes e feitas de tecidos caríssimos, alguns inclusive encantados magicamente para aumentar ainda mais o valor.
Liane nunca se identificou com a riqueza, muito provavelmente devido aos anos dentro do orfanato, onde lidou com a pobreza durante anos difíceis. Por isso, ele estava seriamente questionando porque foi convidado, e quando aceitou, se perguntou mais seriamente o porquê o colocaram num vestido. Quem escolheu a dedo foi Silva, então as empregadas tiraram suas medidas e vestiram-no com a roupa.
O vestido era azulado, tendo detalhes prateados nas pontas, junto disso, um lacinho branco foi posicionado no cabelo para refinar o destaque para seus olhos vermelhos. Ele preferia passar despercebido, mas aparentemente a menina quem o convidou jamais deixaria de ostentá-lo ao mundo. Seu olhar se direcionou a passagem rolando fora da carruagem, o pasto era guiado por um homem com uma vara e a grama esverdeada se estendendo além do horizonte.
Originalmente, Liane não queria ir, mas aceitou por livre e espontânea pressão depois de ver sua amiga quase chorar por ter ficado em silêncio por tempo demais. Bastou então o marquês entrar na jogada, sendo uma das principais figuras chamadas para aquela festa. Era um simples aniversário, mas a palavra “simples” não existia no vocabulário nobre, então aquele evento se transformava num grande jogo político por trás das cortinas.
— Mestre Liane, algo chamou sua atenção?
— Não, Celine, só estou me arrependendo de aceitar o pedido de Silva e apreciando a paisagem…
— Arrependido? Não queria ter vindo?
— Não, é por causa dessa roupa. Dá uma certa vergonha…
— Se puder confortar um pouco, acho que ficou fofo — falou Grey, que também estava dentro da carruagem. — O laço combina muito com você.
De um lado, uma garota cega que não entendia as convenções normais de moda, do outro, um paladino que queria melhorar a situação soltando elogios do qual só pioravam a situação. Liane não pôde fazer nada além de encolher os ombros e tolerar essa ideia de usar as vestes, felizmente, não eram apertadas como imaginou. Era até um pouco confortável, seu corpo parecia meio leve nas pernas.
Sua mente vagou por todo lugar enquanto esperava chegar ao destino, no caso, o castelo Valtóris, onde aconteceria o aniversário da senhorita Erienne a mando de seu pai quem confeccionou todos os preparativos para a comemoração. Se bem lembrasse, ela fazia oito anos, a mesma idade que a sua. Liane não se importava muito em ir, mas achava muito estranho ser levado sem receber convite. Os Tanite resolveriam essa questão quando fosse a hora, o que era bastante estranho.
Os cavalos interromperam o trote de repente. Sem se dar conta, após um dia de longa viagem, eles haviam parado na frente do ponto de encontro, a entrada do castelo Valtóris, com suas altíssimas muralhas e uma ponte levadiça de madeira. Várias outras carruagens adentravam o local, cada uma detalhada pelos brasões de diversas famílias, mas era difícil reconhecê-las, especialmente com a falta de interesse pela parte do garoto ao que cabia a política e nobres.
Finalmente, o cocheiro abriu a porta e o trio incomum saiu. Não demorou para que Silva se unisse a eles, saltitando da carruagem rumo a Liane, com quem enganchou o braço e arrastou para perto das escadarias, deixando os adultos e empregadas para trás.
— Vamos, vamos! É um castelo, tem tanta coisa legal pra ver!
— A-Ah, cuidado, Silva, você me puxando assim vai me derrubar…
— Para de reclamar, você não é tão fraca pra se machucar numa quedinha!
Era meio impossível convencer aquela cabeça dura quando uma vez mantinha o interesse em algo. Por causa dos deveres tanto de Grey e Celine, ambos tinham que manter o passo e observar Liane a todo instante. Sion ficou para trás enquanto tentava acompanhar todos, já que não demorou para ser rodeado por barões e condes em busca de uma palavrinha com sua presença.
— Merk, cuide da minha filha!
— Senhor!
Infelizmente, o marquês foi incapacitado, sendo rapidamente sobrepujado por uma multidão que engoliu seu corpo, o que sobrou para seu capitão de observar as ações da filha. Eles temiam que um comportamento repentino de Silva causasse um caos desenfreado numa festa tranquila.
Enquanto isso, já nos corredores do castelo, uma garota de cabelo prateado apontava o dedo para cada quadro que passavam.
— Aquela ali é uma representação da batalha de sucessão do antigo reino! Foi antes de Kirstein existir, a família real de hoje nem estava no poder! Muito legal, né? Ah, e aquela ali é…
Liane acenava para toda afirmação, mas com sua péssima habilidade em história e geografia, ele só tinha como concordar e fingir que entendia alguma coisa. Pelo menos, o local era muito lindo, com tapetes de veludo à mostra, pinturas muito antigas de nobres, famílias e eventos importantes, estátuas próximas à janelas agindo como vigias para o pátio principal, uma alta muralha que bloqueava parte das estrelas… Em outras palavras, era fácil se imergir na ambientação, de tão única que era.
Havia plena iluminação, proporcionada por uma série de luminorbes instalados em diversas partes diferentes do castelo, o que tranquilizou sua cabeça por não precisar cuidar de uma Silva desesperada no escuro. Por outro lado, fazia com que parte do brilho da antiguidade sumisse, e também incomodava os olhos de Liane pela claridade. No final do corredor, depararam-se com um menino mais ou menos da idade deles, de cabelo loiro e atentamente observando uma estátua com um rosto maravilhado.
— Vossa Alteza! — berrou Silva, acelerando o passo em direção àquele garoto. — É uma surpresa vê-lo, nem pensei que estaria aqui.
A nobre fez uma breve reverência, cotovelando Liane ao seu lado para que fizesse o mesmo. Ele só obedeceu e abaixou a cabeça, sem coragem de encarar o príncipe nos olhos. Liane podia ser muito desinformado, mas sequer reconhecer a família real de Kirstein era demais.
A pessoa à sua frente era ninguém menos que o príncipe herdeiro, o filho mais velho da família real e um indivíduo deveras amado pelo povo comum, Renvel.
— Um prazer vê-la, Silva… — respondeu o príncipe, mas ao reparar a presença de Liane, imediatamente perguntou: — E quem seria essa ao seu lado?
— Ela é Liane! Minha melhor amiga e minha parceira!
Igual um predador agarrando sua presa, a garota de cabelo prateado envolveu sua amiga num abraço, puxando-a para pertinho. O desenrolar arregalou os olhos de Renvel, que não esperava uma surpresa dessas vinda de uma nobre tão arrogante como Silva.
— Mesmo? E de qual família ela é? Não lembro de vê-la em nenhum dos encontros nobres…
— Ah, Liane é plebeia, mas quem liga pra isso? Também a trouxe pela primeira vez numa dessas reuniões, e posso dizer com segurança que ela não decepciona ninguém.
— Um-Um prazer, Alteza… — falou o garotinho, baixo e corado.
O príncipe teve dificuldade em perder o jeito analista perto de Liane. Uma plebeia conseguiu o bom gosto de um nobre? Uma raridade imensa, especialmente quando a pessoa não parecia nada demais, pelo menos no julgamento de Renvel…
“Talvez seja interessante observar de perto.” Com esse pensamento, ele continuou dizendo: — Que tal andarmos juntos? Adoraria que me fizessem companhia.
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