Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 178: Seraphina D'Munt
Seraphina D’Munt era uma admiradora do príncipe, assim como a esmagadora maioria das garotas aristocratas mais novas. Elas viam naquele rapaz uma aura angelical presente nos ídolos sagrados das igrejas, uma imagem a ser protegida e amada, mas por causa do sentimento mútuo entre as admiradoras, foi inevitável existir ciúmes, ira e uma clara competição mórbida para ter a sua atenção.
Seraphina não estava isenta de se enquadrar nisso, pois até mesmo ela, uma garota nova de oito anos, possuía uma série de problemas similares. Filha da família D’Munt, seu desejo era se revelar como mais do que merecedora de estar entre seus parentes, e para provar isso, queria encantar o príncipe para assim mostrar a sua excelência como futura moça da nobreza. Então, aquela… coisa apareceu. Uma desconhecida usando um vestido nada chamativo e que aparentava querer passar despercebida, mas paralelamente chamava a atenção do príncipe Renviel e de Silva Tanite.
Por isso, a garota escolheu usar a melhor forma de manchar a honra da presença de alguém: estragando sua roupa. Seria tão vergonhoso andar por todo o castelo com uma enorme marca feia nas costas, que todos poderiam ver a qualquer momento. Era o plano perfeito! — ou assim pensou, até uma empregada interceptá-la e acabar sujando a manga do traje de empregada ao invés do alvo.
Seus movimentos foram presos, ela nem teve tempo de reagir além de se assustar com a presença aterradora daquela jovem. Os olhos brancos estavam voltados para ela, como se estivessem fitando-a através da cegueira, algo que causou temores pela cabeça.
— Me-Me solte, plebeia!
— Perdão, senhorita…
Celine largou o pulso da garota, projetando-se na frente de Liane, que encarava a cena aterrorizado. O que mais queria era não ser notado, acompanhar Silva e depois ir embora para casa sem se preocupar com o amanhã, mas a presença do príncipe herdeiro impediria qualquer coisa. Ver sua empregada aparecer repentinamente também lhe causou muito medo.
Um homem saiu do seu posto e veio rumo a confusão. Um símbolo de falcão estava adornando um broche no peito, brasão da casa D’Munt. Não bastou um segundo para Liane conectar os pontos e ver uma confusão se desenvolvendo na sua cabeça, pois pela ponta do olho viu Grey apertando o passo para também chegar perto. Silva franziu as sobrancelhas observando aquela garota, querendo esconder um nojinho, enquanto o príncipe herdeiro parecia o mais perdido no meio daquele problema.
— O que aconteceu, senhorita Seraphina? — perguntou o cavaleiro representando os D’Munt, preocupado com o estado de sua protegida.
— Aquela plebeia ousou encostar em mim sem motivo! Eu só estava mexendo meu pincel e ela pegou no meu pulso!
— Como ousam…!
O sujeito ameaçou sacar a espada, mas antes que fizesse alguma coisa, Grey interviu e apontou a espada na direção do peito dele. Seu olhar estava concentrado na pessoa à frente, sem guardar nenhum traço de hesitação em como poderia facilmente estocar e atingir o pescoço do outro se quisesse.
— Tire a mão de sua arma. Não posso permitir que toque nesses dois, independente do que fizeram a sua senhorita.
— Paladino, você ousa desviar os olhos para os atos impensados dos plebeus e…!
— Não me entenda errado, estou cumprindo ordens que foram passadas a mim pelo próprio Cardeal Hileo e a Santa Cristal. Fui encarregado de protegê-los, então guarde sua agressividade para si e recolha qualquer vontade para ofendê-los, do contrário terei de apelar para violência.
O medo em Grey era inexistente. Comparado a um dragão ou entidade sobrenatural, o que diabos era um homem armado? Isso contribuiu muito para a coragem residente no coração e também na consciência, ao ponto de revelar um sentimento único que somente os mais experientes guerreiros poderiam refletir com tanta facilidade. Não havia temor, nem paranoia, era só ele rodeado por pessoas que nem tinham ideia dos verdadeiros horrores do mundo.
Enfim, uma última pessoa se aproximou para resolver a situação, usando um assobio que fez os dois virarem a cabeça rumo a ele. Era ninguém mais que Merk, o atual capitão das tropas da família Tanite e também um alvo de inveja a outros cavaleiros, que consegui finalmente acompanhá-los a tempo de resolver o perigo prestes a explodir entre dois grupos.
— Tudo bem, tudo bem. Musk, só retraia sua intenção assassina. Grey, também é desnecessário se importar com qualquer avanço vindo dele. Somos todos bons amigos, não é mesmo?
Ele mostrou um sorriso convencido. Na verdade, a coisa que menos queria era uma briga entre alguém da igreja e um membro da aristocracia lutando no meio de um aniversário. Seria um problema enorme para seu chefe e também para si mesmo, já que estava associado a Liane e companhia. Ele olhou primeiro para Musk, o cavaleiro encarregado da segurança da senhorita Seraphina.
Este homem pertencia a casa Minus, e claro, não gostava dele de nenhuma forma por causa das informações liberadas pelo marquês Sion a respeito da possível relação da família Minus com os sequestro de Silva. Ainda assim, as aparências precisavam ser mantidas num evento social, alertar os outros sobre uma guerra entre duas casas diferentes seria nada além de uma grande idiotice.
“Desculpa, Liane, mas vou queimar um pouco o seu disfarce…” Com um suspiro cansado, Merk falou: — Eles são convidados importantes da senhorita Silva. Apontar a espada para eles é o mesmo que apontar para nós. Além disso, são da igreja e estão protegidos pela influência da Santa. Esse pessoal pega bem pesado com quem fere os seus, sabia?
Musk recuou um pouco e enfim manteve a calma. Simultaneamente, Grey recolheu sua arma de volta a bainha. Uma série de murmúrios inundou a área, voltados principalmente a criança, a empregada e ao paladino. Merk já esperava esse tipo de resposta, mas era a melhor forma de evitar um caos ainda maior no futuro, então apenas revirou os olhos e chamou atenção dos demais da família.
— Vamos indo, o marquês Sion quer ter uma palavrinha com cada um, especialmente vosmecê, senhorita Silva.
— O que? Mas eu nem fiz nada ainda!
Enquanto se afastavam, Renviel encarou as costas de Liane sem desviar o olhar. A jogada do cavaleiro revelou algumas informações dignas de nota, mas sua curiosidade não parava de subir com os mistérios aos poucos emergindo por trás daquela silhueta.
“Continuarei observando, isso está muito interessante…”
E por fim, uma Seraphina extremamente irritada fez um voto silencioso consigo mesma, de nunca permitir aquela garota chamada Liane de ter uma vida normal novamente. Ela caçaria até os confins do mundo para se redimir da humilhação daquele dia.
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