Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 187: Baile de Quinze Anos
— Você está deslumbrante, minha querida…
Lizabeta, mãe de Silva, via sua filha tendo o vestido ajustado pelas empregadas. Era uma roupa sobrenatural por sua aparência, o roxo profundo sugava a luz para a escuridão com sua cor, dando-lhe a impressão de ser uma imperatriz poderosa de um reino distante.
Um colar de rubis adornou o pescoço leitoso, pousado acima dos seios, combinando com os brincos que também ostentavam as mesmas joias. De frente para o espelho, ela era um tipo de fenômeno, um ser escolhido pela causalidade para parecer intimidador.
Os tons vermelhos e roxos, quando combinado aos seus olhos agora afiados pela evolução da idade e sua cabeça sempre empinada, criou uma aparência diferente da garota animada de antigamente. Ela não mais ria tanto, muito menos revelava qualquer sinal de sentimento fácil. Talvez fosse devido a idade, ou quem sabe sua cabeça amadureceu para ser menos barulhenta e vergonhosa.
De um jeito ou de outra, parte disso se devia a influência de Liane. Poucos anos atrás, quando descobriu que seu modo assertivo demais e sua falação excessiva em ambientes sociais envergonhava a imagem de Liane, ela decidiu repaginar seu comportamento para ser mais distante e reservado. Claro, a parte “reservada” seria completamente descartada hoje, pois era seu aniversário de quinze anos.
— Obrigada, mãe.
As empregadas se afastaram após terminarem de apertar a roupa. Aquele vestido foi confeccionado pela melhor costureira de Kirstein, então passou pela mão de Liane para ser encantado contra sujeira, limpando no menor sinal delas. Assim, mesmo que alguma maldita jogasse vinho em seu corpo, a substância sumiria rapidamente e ela não precisaria de trocar.
Um suspiro saiu de sua boca, vendo um conjunto de carruagens se aproximarem do portão. No meio delas, o símbolo da casa D’Munt apareceu, fazendo seus olhos se revirarem. Só podia torcer para que Seraphina, a maldita que provavelmente tentaria jogar vinho nela, não estivesse ali.
— Algo lhe preocupa, minha querida? — perguntou sua mãe, notando seu olhar distante.
— Eu preferiria que não viesse tanta gente. Era mais fácil fazer um aniversário simples, não?
— Oh! Querida, você falou igual Liane agora! Mas, mesmo se quisesse, não é possível, minha filha. Eu peço desculpa, mas essa idade é muito importante para sua introdução a sociedade nobre e também entrar numa das instituições de ensino mais prestigiadas do país! É difícil evitar um burburinho tão grande.
— Tudo bem, eu entendo. Só mande os guardas ficarem de olho naquela lista que entreguei, odeio ter que interagir com tantos admiradores…
— Hahaha, na sua idade eu passei pelo mesmo, querida! É natural, pois você é um diamante no meio de tantas nobres!
O comentário de sua mãe era genuíno e muitas poucas pessoas contra-argumentariam que Silva não fosse a mais bonita entre as nobres modernas. Infelizmente, devido ao excesso de beleza, havia um grupo de recalcadas grudado ao seu pé, obviamente liderado por Seraphina de todas as pessoas. Os olhos de Silva pairaram no espaço além da mansão. Verdan em seis anos se transformou no verdadeiro epicentro do comércio, sofrendo uma evolução sobrenatural nesse tempo.
Entre as pessoas entrando pelo portão principal, inevitavelmente encontrou seis silhuetas, com uma empregada, uma mulher ruiva, um paladino sem armadura, um homem com olhos de peixe morto, uma santa disfarçada precariamente de gente comum e por fim um par de olhos vermelhos escondidos pelas lentes de um óculos. Um sorriso apareceu na sua face justamente por ver o rosto abobalhado da última pessoa, sua melhor amiga, Liane.
Sim, ela ainda era SUA melhor AMIGA. Em todos esses anos, com inúmeras tentativas de explicarem que o gênero do rapaz era masculino, nada convenceu a Silva cabeça dura de que Liane era um garoto. Para ela, sempre seria uma garota, não importasse de que ângulo olhasse. A jovem era até mesmo mais alta, não era possível que aquela coisinha fosse um menino em nenhum lugar.
Seus ombros relaxaram. Talvez agora pudesse sair do quarto e ir lá fora para recepcionar os visitantes, mas se pudesse dispensá-los no primeiro olhar, seria mais do que um sonho. De qualquer modo, ela saiu do quarto junto de sua mãe, deparando-se com o cavaleiro Merk, que a reverenciou antes de escoltá-la ao salão principal. Marquês Sion estava recebendo a torrente de nobres passando pela entrada, o que o impedia de chegar até sua filha.
“Não importa, vamos só esperar eles entrarem…”
Com uma taça de vinho na mão, Silva cruzou os braços e esperou pacientemente. Aos poucos, identificou algumas figuras: a primogênita da casa Calvenar, Erienne, a horrorosa dos D’Munt, Seraphina, o príncipe herdeiro, Renviel e mais outros nobres do qual preferia não decorar sequer o rosto por falta de proximidade. A única pessoa importante no momento era o príncipe, então foi até ele e puxou o vestido para reverenciá-lo, mas ele apenas ergueu a mão para que parasse.
— Guarde os cumprimentos para si. Hoje é seu aniversário, você fazer isso tiraria o seu brilho.
— Majestade, ainda assim, seria falta de respeito.
— Não é como se você não tivesse faltado com muito respeito no passado. — Uma risadinha saiu dos seus lábios. — Seria melhor você guardar os modos para quando chamar alguém para a dança, certo?
Silva concordou com a cabeça, e assim o príncipe saiu de cena para socializar com outros nobres. Fácil dizer que ele se tornou o centro das atenções rapidamente, especialmente com as mulheres, mas ainda existia decência em alguns para cumprimentarem a aniversariante. Os presentes foram empilhados num canto aleatório, mais tarde iria descartar os que não serviam e talvez vender os mais bonitinhos.
Nenhum sinal de Liane. Isso estava começando a mexer nos nervos da jovem nobre, que olhava para as pessoas entrando com um rosto progressivamente pior. Quando a família entrou e o rapaz não estava entre eles, seu semblante se retorceu numa carranca, sendo obrigada a se aproximar de Zana, sua irmã mais velha, e perguntar:
— Onde ela está? Vi vocês da janela, tenho certeza de que ela não foi interrompido por ninguém…
— Ah, senhorita Silva. — Um sorriso meigo apareceu na face da irmã, cuja mão era guiada por Celine. — Me desculpe, mas nem eu mesma sei. Ele disse que precisava sair para resolver algo… e então fugiu de nós.
— Isso parece muito uma mentira fajuta — respondeu a aniversariante, com uma careta ainda pior. — Hah. Que seja, aproveitem a festa, eu procurarei por ela.
Emburrada, passou pelo grupo e desceu as escadarias, deparando-se com mais um amontoado enorme de gente invadindo a residência e sendo guiados por Sir Joshua. Quanto ao marquês, havia sumido e deixou o cargo para o líder dos serviçais, o que só fez com que a preocupação de Silva aumentasse mais.
Iniciou sua busca rumo ao jardim, logo na entrada, escondeu-se atrás das paredes de arbustos altos, tendo encontrado logo as duas pessoas quem procurava. Ambos estavam conversando no meio do jardim, de frente um para o outro, e a forma como os olhos semicerrados de Sion encaravam o rosto de Liane indicava uma seriedade fora do normal vinda de seu pai.
— Eu tenho um favor a lhe pedir, não queria que fosse tão repentino…
— Está tudo bem, marquês, posso ouvi-lo. Mas me assustou um pouquinho mesmo.
— Liane, eu… — O homem cerrou os punhos, tendo dificuldade para mexer a língua e falar. — Eu preciso que se afaste da minha filha.
E naquele momento, o coração de Silva pulou uma longa batida.
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