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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Os muros imponentes de Nemetros apareceram com o andar da carruagem pelas estradas de barro. Torres com chapéus pontiagudos marcavam cinco pontos diferentes da cidade, recriando a imagem de um pentágono imperfeito. Infelizmente, como muitas coisas na vida, por um erro de cálculo aquela estrutura ficou eternamente marcada por uma diferença de centímetros em tamanho, sendo duvidada entre arquitetos modernos se era ou não uma obra prima devido a imperfeição.

    De todo modo, Liane não estava ali para entender o contexto histórico por trás dos muros altos, e sim para estudar magia. Após passarem pelo portão com a influência da santa Cristal, Nemetros se estendeu com prédios altos. Estranhamente, a maioria eram casas empilhadas uma em cima da outra, que subiam rumo as nuvens e simulavam torres de magos.

    O garoto estreitou os olhos para fora, querendo entender como diabos alguém poderia viver dentro de uma caixa sem ar livre para respirar. Pouco tempo depois, descobriu chamarem aquelas coisas de “apartamentos”, e que uma instalação similar existia dentro da Academia de Magia. Pensando em como moraria num local semelhante, a expressão do rapaz endureceu um pouco, sentindo inseguro de dividir as paredes do quarto com outros alunos e poder ouvir qualquer coisa.

    Eles passaram por baixo de magníficos arcos de metal, fios pretos se interligavam neles e se estendiam por quarteirões inteiros. Seu professor lhe disse que aquelas coisas carregavam “eletricidade”, a mesma energia presente nas magias de Liane, porém esta possuía uma força bem menor e constante, servindo de combustível para diversas funções ao longo da cidade, como acender postes e outros aparelhos exóticos.

    De volta à Verdan e em cidades próximas, os postes eram colocados em posições especificas e tinham dentro deles um dispositivo chamado “Bateria de Mana”, que fornecia poder o bastante para manter o Luminorbe ligado durante a noite. No entanto, havia uma pessoa do governo local empregada para desligar e ligar os postes um por um, acontecendo durante o final da tarde e o começo da manhã. Já com aqueles fios, essa pessoa era desnecessária, todos os postes se acendiam imediatamente com um clique e poderiam ser desligadas quanto bem quisesse.

    Liane engoliu seco, absorvendo muitas maluquices de uma vez para acreditar nisso. Em uma determinada hora, a carruagem parou de frente à uma catedral chamada Poar, numa distância curta em relação a Academia, cujo telhado era visível da entrada principal. Vylon e Cristal desceram, os dois em robes sacerdotais.

    — Preciso conversar com o bispo local e também conscientizá-lo da sua situação, Liane — explicou a santa, obviamente atraindo olhares ao redor só por sua mera presença. — Vá depressa. Grey lhe acompanhará durante o procedimento. Ele está com uma pedra de comunicação caso haja uma complicação… e por favor, não se coloque em perigo.

    O jovem acenou com a cabeça, então o par subiu as escadarias para serem recebidos pela igreja. Em seguida, a carruagem voltou a andar, e finalmente Liane teve um vislumbre melhor da academia. Portões de aço azul, estendendo-se em muretas de tijolo branco. Ao invés de um único prédio, Aquaria possuía um terreno enorme repleto de outras instalações, separando obviamente o espaço de ensino dos aposentos dos alunos, além de outras áreas voltadas para tópicos mais específicos que eram tratados dentro daquelas paredes.

    Era impossível não ficar boquiaberto e encantado, ao ponto de Ludio sorrir pela reação do seu pupilo. Atravessaram os portões, a carruagem parou logo na entrada, com uma porta alta de carvalho escuro. Liane teve um pouco de dificuldade de arrastar sua maleta, forçando Grey a carregar a bagagem no ombro. Para evitar o mesmo caso da última vez, durante o aniversário de senhorita Erienne muitos anos atrás, ele veio com roupas muito mais casuais, assemelhando-se a um tipo de servo.

    Escadarias e escadarias pavimentaram o caminho rumo a diretoria. O mago velho até reclamou “Eu ainda odeio minha juventude”, porque ele teve que passar por esse tratamento infernal muitos anos atrás. A placa “Sala do Diretor” estava parafusada contra a parede, adornada por linhas cerúleas dentro das letras, repassando o sinal inevitável de poder por meio da riqueza.

    Liane estufou o peito e girou as maçanetas. Do outro lado da sala, um senhor de barba grisalha e monóculo lia uma folha de papel, parecendo muito desinteressado do mundo e de tudo, isso até se deparar com um rapaz entrando abruptamente sem sequer bater. Para muitos, seria uma falta de educação, mas considerando a ansiedade emergindo no semblante do jovem, poderia considerar uma ação inevitável julgando seu estado mental. E mais, ele queria vê-lo.

    — Já faz muito tempo, meu professor… — cumprimentou Ludio, que também adentrou junto do pupilo e realizou uma breve reverência. — Este é o garoto de quem tanto falei. Como pode ver, deu uma crescidinha desde aquela apresentação na antiga Academia. Ainda lembra?

    — Sim, o garoto prodígio Liane que sumiu mais rápido do que as manchetes puderam pegá-lo… — Uma risada fraca saiu da garganta do velho, levantando-se devagar da cadeira e se apoiando numa bengala que também servia de cajado, com um orbe azulado na ponta. — Seja bem-vindo, meu jovem. Você chegou um pouco atrasado, mas ainda há tempo… Os calouros estão lá fora demonstrando um pouco de magia, se importaria de ir até lá e também dar uma surpresa aos seus futuros professores e colegas?

    — Eu não gosto muito de chamar atenção, senhor Trion — disse, arrumando os óculos escorregando pelo nariz. — Prefiro manter o perfil mais baixo possível, é uma forma de proteção muito eficaz.

    — Entendo. Bem, é esperado, dada a sua… excentricidade.

    Ele passou pela mesa, parando na frente do garoto e o analisando da cabeça aos pés.

    — Talento para criação de itens mágicos, uma mana assustadora e ainda a habilidade de usar feitiços sem hesitar. Você é mesmo abençoado pela magia, Liane, assim como muitos que entraram aqui esse ano.

    O garoto levantou a sobrancelha, sendo guiado pelo diretor Trion rumo ao pátio. Como ele era muito velho, não usaram uma escadaria, e sim uma pequena máquina chamada “elevador” que os desceu rapidamente para o primeiro andar, causou dores internas a Ludio e em seguida entraram para o amplo gramado da Academia Aquaria.

    Inúmeras pessoas disparam magia para mostrar o seu valor aos seus professores, tornando a visão verdadeiramente impressionante. Infelizmente, o diretor imediatamente obliterou a imagem reservada de Liane estando ao seu lado e chamando atenção de todos no gramado. O garoto não pôde fazer muito além de corar, ajustar o óculos e acelerar o passo para fazer o mesmo que os outros: provar o que era capaz.


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