Índice de Capítulo

    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Haviam várias pessoas ao longo do gramado. Liane tinha medo de levantar a cabeça e acabar encarando outra pessoa nos olhos, no entanto, nem precisou fazer isso, uma certa pessoa na plateia o olhava com tanta voracidade que imediatamente imaginou quem seria. Seraphina D’Munt, a mesma garota quem quase fez seu pescoço rolar e quem se responsabilizou por infernizar a vida de Silva desde então. Elas já tinham uma rivalidade nada saudável desde que eram nenéns, chutando umas as outras e tentando comer o cabelo — isso de acordo com a senhora Lizabeta.

    “Eu sou muito azarado por entrarmos ao mesmo tempo…”

    Respirou fundo, a intensidade do olhar era forte ao ponto de fazer sua concentração vacilar um pouco. Se não fosse pelo fato que seu professor o apoiava de longe, talvez falharia grandemente na execução do feitiço, sofrendo uma vergonha alheia enorme no meio de tanta gente. Esfregou as mãos, os ventos gelados de outono queriam congelar o esqueleto por baixo da carne, mas isso serviu de motivação para evocar energia pelos braços.

    Pequenos arcos elétricos estalaram ao redor dos dedos. Ainda usava as luvas presenteadas de Silva, tendo feito uma configuração muito específica nela para não danificar durante os feitiços. Er’Ika lhe disse há muito tempo que pequenos poros na ponta dos dedos eram o que externalizavam a fonte de energia do corpo para o exterior, manifestando um efeito no ambiente. O que o garoto fez durante muito tempo se resumiu a descobrir como usar magia sem destruir nada no processo: por meio de condutividade.

    Todo tipo de energia possuía um meio de se propagar e também ser levada de um ponto ao outro por um meio. No caso do calor, materiais de ferro conseguiam absorvê-lo e dispersá-lo em outro lugar. Para o som, o próprio ar ou água era um meio de se propagar. Então, o que Liane fez era basicamente configurar as luvas para carregar a mana através da estrutura do tecido.

    Uma corrente elétrica subiu pelas veias, aparecendo em saltos amarelados de um lado para o outro. Ele uniu as duas palmas, apontando os dedos em linha reta igual um canhão e soltou todo o poder que tinha. Um brilho ofuscante passou pelo gramado, forte ao ponto de acreditarem que um raio atravessou os céus naquele instante.

    Seguido do lampejo, um rugido grave estremeceu a terra, desaparecendo em sincronia com a luz. Durou um momento tão curto, tão breve, que os calouros pensaram que um tipo de coincidência aconteceu e o feitiço de Liane foi mascarado pela queda do relâmpago, apenas para virarem a cabeça rumo ao alvo — um surrado boneco de madeira que só queria morrer, ou o que sobrou dele. O cheiro de palha queimada subiu, revelando apenas um toco de madeira que sustentava o que sobrou da coisa.

    O jovem respirou fundo, a ponta de seus dedinhos pareciam um pouco assadas, mas as luvas estavam intactas. Ele deu um passo para trás, virando-se para o professor Ludio. O que restava de cabelo no homem caiu naquele exato instante, junto de seu queixo, claro.

    — Seu… seu…! — Ludio se sentiu traído, com lágrimas querendo cair de seus olhos. — Como você…!

    — Hã? Você disse que era para eu dar o meu melhor aqui, né? Foi o que eu fiz!

    Liane esticou os braços para cima, tendo que enfrentar agora a raiva de um mestre que o treinou por anos apenas para levar um tapa na cara no final. Os testes continuaram enquanto Liane foi perseguido por um velho com um pedaço de pau, cada calouro teve sua chance de brilhar, mas não tanto quanto aquele jovem misterioso que conseguia invocar relâmpagos de verdade.

    Seraphina D’Munt espumou de raiva e quase teve um derrame nesse mesmo dia.

    Todos estavam fadados a serem pelo menos inferiores àquela apresentação, exceto três. O primeiro foi um rapaz de olhos azuis, cabelo preto penteado para trás e postura reta, meio esguio e com um olhar distante do mundo. Liane o observou com uma tremenda atenção, seus instintos disseram para não desviar o olhar por nenhum momento, pois essa pessoa era o filho da família que fundou a academia.

    Um bloco de gelo cresceu nos pés do boneco e se estendeu em direção aos céus num espinho gigante, empalando-o no meio. Ele nem sequer suou evocando o feitiço, mostrando um rosto completamente inabalável. Este era ninguém mais que Delphiane Aquaria, o primogênito e atual herdeiro da família Aquaria, um jovem abençoado pelas musas da magia.

    Pena que seu rosto indiferente era mais do que sinal para nunca chegarem perto. Chega deu calafrios em Liane, que não queria se imaginar sendo um inimigo desse cara.

    A segunda figura a se destacar foi outro rapaz, um de cabelo esverdeado e cheio de energia, pelo menos a julgar pelo cabelo espetado que provavelmente funcionaria de para-raios. No entanto, ao invés de emitir raios das mãos, esse garoto parecia se especializar em vento, ao ponto de soltar uma pequena esfera invisível contra seu alvo e explodi-lo de dentro para fora.

    Ele balançou a franja para cima, querendo passar uma boa impressão com as meninas, mas tanto o seu feito não era muito comparado ao de Delphiane. Apenas para os olhos mais atentos que aquilo se provou alguma coisa diferente, pois poucos sabiam o quão complexa era uma magia de vento, e como era necessário verdadeiro talento para executá-la. Liane percebeu isso, pois até mesmo ele não conseguia conjurar uma magia similar, mesmo que na menor forma possível.

    A última pessoa… fez a face de Liane empalidecer. Mechas loiras adornavam a face, enquanto a pele morena forjada pelo sol contrastava com o uniforme claro da academia, realçando a beleza por trás dos olhos dourados cintilantes como as labaredas de um vulcão explodindo. Ela abriu os dedos, evocando uma pequena bola de fogo na mão, manifestando-se primeiro numa cor alaranjada e gradualmente evoluindo do azul para branco.

    Um leve balançar arremessou a esfera em linha reta, movendo-se devagar e em ziguezague por cima do gramado, até encostar na superfície da palha. Não houve explosão, nem um som alto demais, o objeto só se desfez, carburizando por meramente encostar naquele feitiço. Não havia emoção por trás do semblante, como se aquilo fosse uma atividade qualquer.

    Liane, por outro lado, só podia sentir medo, mas não pelo efeito daquela magia.

    — Grey… é ela.

    — Ela? Como assim?

    — Ela é… a pessoa da minha visão.


    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota