Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 196: Falando Pelas Costas
Após o completo desastre da apresentação de calouros, a Academia virou uma verdadeira bagunça. Os novatos, mais do que com razão de ficarem com raiva, começaram a atacar ativamente Solaris, seja por meio do bullying ou com duelos formais. A garota venceu problema nenhum qualquer desafiante, mas o mesmo não poderia ser dito do bullying, com pessoas falando por suas costas e um isolamento social.
Ela poderia até ser princesa de Coraci, no entanto, rente a pressão dos outros alunos devido ao seu comportamento, pouco adiantaria dispersar rumores ruins rondando a sua reputação. Dentro de sala de aula era muito similar, Solaris sentava mais à frente nos assentos e ninguém tinha coragem de ficar próximo. Era um castigo merecido, alguns diziam, ainda mais depois daquele desaforo na presença do diretor.
Liane era um observador nesse cenário. Como era melhor chamar pouquíssima atenção, seu lugar era reservado no canto mais distante, mais especificamente próximo a saída, no fundo e na ponta de uma das fileiras de assentos. Por ordem da igreja e por meio da administração da Academia, Grey o acompanhava durante as aulas, ficando de guarda contra a parede e sempre levando consigo uma espada.
O tratamento era incomum até para os nobres. Haviam sim guardas pessoais e outros tipos de pessoa, mas por estarem dentro do domínio da Academia, raramente se via necessidade de entrarem e protegerem os seus mestres. Já o caso do paladino era diferente, guarda máxima a todo momento era um meio de impedir a catástrofe de Er’Ika repetir, assim como prevenir quaisquer tentativas de assassinato.
Claro, isso não impedia qualquer tentativa de interagir com os outros. Socialização era um meio de seres humanos atingirem a satisfação, logo, Vylon e Cristal não seriam contra a invasão de outros alunos na vida de Liane desde que esta não fosse negativa. Uma pena que o garoto a essa altura preferiria muito mais que impedissem qualquer um de chegar perto, principalmente por causa de uma certa pessoa que pegava no seu pé e não largava.
— Eiiii, Lianezinhaaa!
Liane virou o rosto na direção de quem chamou e só pôde revirar os olhos. O arbusto verde na cabeça e os olhos cheios de confiança eram uma coisa que odiava do coração, ainda mais nos primeiros dias de aula, porque essa pessoa fazia qualquer tentativa de chegar perto não importava a barreira.
— Você vai me acompanhar hoje para almoçar? Vai, né?
Ele se chamava Imo, um rapaz muito cheio de energia e cujo hobby era pegar mulheres. Em outras palavras, um playboy. Ele pertencia a casa Calvenar, sendo o filho caçula e também um gênio disfarçado de mulherengo. A magia de vento que usou no teste servia de prova, pois controlar o ar e a terra eram ainda áreas que até os magos estudavam com afinco para descobrir uma manipulação eficaz.
Por um lado, ele se classificava como uma pessoa interessante de se relacionar à primeira vista, até você reparar no quão mal ele tratava qualquer pessoa do mesmo gênero e como fazia de tudo para conquistar mulheres. De ontem para aquele momento agora, Liane se tornou seu próximo alvo.
“Mas eu não sou uma mulher!”
Mesmo falando essas palavras em alto e bom tom, Imo nunca acreditou.
— Então? Será que você me daria a sua bela companhia? O dia só não está mais bonito que você.
— Haaaahhhh… — Passou a mão pelo rosto, reposicionando o óculos. — Tá, vamos só por hoje.
— É sério? Minha nossa, que coisa boa, eu pensei por um momento que o seu guarda-costas fosse cortar minha cabeça!
— Quem dera se ele fizesse isso…
— Hã? Falou alguma coisa? Eu não ouvi.
— Só estava falando comigo. Vamos logo.
Com uma expressão emburrada, Liane guardou o restante dos materiais na mesa e pôs a bolsa no ombro. A imagem dele transmitia diversas coisas, mas a principal que não sabia era: a estudante misteriosa genial que não quer chamar atenção, mas acaba chamando de um jeito ou de outro. Desnecessário falar o quanto Liane odiava saber disso, porque inevitavelmente trombava com uma ou outra pessoa querendo descobrir sua identidade.
No final, Grey servia de parede para empurrá-los para longe. Ele até tentou fazer isso com Imo, mas o garoto era tão insistente que aquela altura desistiram de pará-lo.
Rumaram para a cafeteria, um espaço igualmente usado pelos demais alunos para comer durante o intervalo nas aulas. Liane era muito desacostumado aos luxos presentes ali, então sempre pegava os pratos mais simples e com o mínimo de carne possível. Batatas eram suas melhores amigas, caindo sempre no prato de um jeito ou de outro.
— Uou, você é mesmo empenhada em manter seu peso baixo, né?
— Sou plebeu. Não tenho o hábito de comer carne.
— Ahhh, sério? Eu pensei que você não fosse, tendo esse grandalhão arruinando o seu charme…
Imo também se sentou. Ao lado de Liane, um incomodante Grey estava de braços cruzados, vigiando os arredores igual um falcão.
Os dois passaram a almoçar naquele período, em breve as aulas retornariam e teria mais coisa para se estudar e guardar nos grimórios. Do canto do olho, o rapaz de cabelo verde avistou uma certa moça problema preparando sua comida.
— Ah, é aquela louca… — Apontou para ela com o garfo. — Sabia que eu não gosto de gente maluca? Elas me dão calafrios. Por isso, agradeço que você seja desse jeito, Lianezinha. Reservada, amigável, legal e tudo mais, diferente dessa princesinha metida a besta. Sabia que ela quase degolou um dos veteranos? Eu, hein.
Liane não respondeu de primeira, na verdade, preferia muito mais que seu companheiro de almoço calasse a boca. Uma refeição em silêncio agora era tudo o que seu coração desejava.
— Eu adoraria ensinar uma lição nela, ainda mais depois do que ela disse sobre você naquela apresentação! Nossa, foi o tosco do tosco, se eu pudesse, iria dar uns tapas na cara dela, mas todo mundo ficou tão chocado naquela hora que nem deu tempo!
Uma silhueta apareceu atrás de Imo e ele não reparou na sombra.
— Por que você não faz isso agora? — disse a sombra.
— Boa ideia! Mas eu não machuco mulheres, sou cavalheiro…
— Faço questão que tente.
Imo girou o pescoço travadamente na direção da voz. Lá estava Solaris, labaredas dançavam por trás de seus olhos dourados, o que foi o suficiente para o rapaz repensar na suas diversas escolhas de vida até ali.
— Eu aceito o seu desafio.
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