Índice de Capítulo

    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Imo paralisou, ou melhor, pareceu ter sofrido um ataque mental forte o bastante para perder qualquer vontade de lutar. A dúvida pairou entre a vergonha de aceitar ou o desejo inato de recusar, mas pendia fortemente para a segunda, já que a derrota era um fato caso tentasse enfrentá-la. Todos viram pelo menos um duelo contra os veteranos, as queimaduras terríveis nos uniformes e ao longo da pele eram uma verdadeira atrocidade, um projeto artístico sádico.

    Ainda assim, a expressão de Solaris nunca mudou, em nenhum momento demonstrou qualquer coisa como pena ou prazer. Naquele momento, ela só estava defendendo sua honra, então Liane manteve a boca fechada e se importou se garfar uma batata no prato do que qualquer outra coisa.

    Imo engoliu seco, esboçando um sorriso fraco e malandro, encolhido na falsidade.

    — Foi só-só uma brincadeira, Solzinha! Eu só estava repetindo o-o que os outros di-diziam!

    — Mesmo? Não foi o que ouvi enquanto estava sentada atrás de você.

    “Puta merda!” A percepção espacial de Imo era horrível, considerando que nem notou que o alvo do desprezo estava logo nas suas costas. — He… hehehe, mas relaxe, eu-eu não falei nada sério!

    Uma esfera chamejante apareceu na mão de Solaris. A cor oscilava entre azul-claro e branco, e dentro dela pequenas explosões ocorriam, como se fosse o núcleo de uma estrela queimando seu combustível vital. Ela evitou falar, trazendo a mão lentamente para perto do rapaz.

    — Não foi o que pareceu. Você quer me ensinar uma lição, por que não tenta isso aqui e agora?

    — Na-Na cafeteria? Mas não podemos!

    — Então venha ao pátio. Lhe darei dez minutos. Se quiser, pode fugir e desonrar a sua família.

    Com isso, ela dispersou a bola de fogo e saiu, tendo deixado outra péssima impressão no coletivo geral da academia, e também um susto que Imo levaria para toda vida. Sussurros cobriram o local, um por um as pessoas começaram a discutir, deixando o caçula da família Calvenar mais apreensivo.

    Liane encarava seu prato, ainda pela metade. Infelizmente, seu apetite sumiu no meio daquilo.

    — Isso que dá falar demais — provocou, preferindo levantar os próprios ânimos.

    — Lianezinha, não seja assim, pelo menos tente me tirar dessa situação! Você não vai me mandar morrer, né?

    O garoto levantou os olhos e passou por um longo momento de silêncio.

    — Para com isso! — Imo bateu na mesa, apoiando as mãos na cabeça. — Argh, merda! Não tem jeito, eu vou!

    Assim, o rapaz se levantou do assento e correu rumo ao pátio. Grey olhou para Liane e sussurrou:

    — Talvez seja melhor arranjar um novo pretendente.

    Liane revirou os olhos, forçando-se a comer o restante das batatas contra sua vontade. Depois de terminá-las, devolveu o prato e caminhou para fora do prédio com o paladino. Uma multidão já estava formada para assistir ao que se tornou rotina nos últimos dias: observar a vítima da vez nas mãos da princesa de Coraci.

    O jovem nunca se interessou por essas execuções públicas por razões óbvias, porém, dessa vez, havia um motivo para assistir. Não gostava de Imo e simultaneamente não o odiava, apenas sua personalidade que era irritante que verdadeiramente vinha sendo um problema, deixando pouca razão para ativamente evitá-lo. Mesmo que suas intenções fossem claras como o dia, era bom ter pelo menos alguém para conversar na academia, considerando que todos os outros sequer lhe cumprimentavam pela manhã.

    Liane encontrou um lugar para olhar no meio daquela parede de estudantes. A parte do pátio usada era uma pequena arena quadrada de mármore, que vinha ficado preta conforme os duelos de Solaris ocorreram. Inclusive, o canto em que a garota se posicionou era completamente negro, uma provável consequência da exposição de sua magia.

    Ambos os combatentes foram colocados em posições opostas um ao outro. Um aluno aleatório foi escolhido como júri, mas ele com certeza fugiria depois de terminar a contagem regressiva, deixando tudo a mercê de quem lutava. Ele elevou a mão para o alto, abaixando-a junto com o grito:

    — Comecem!

    A batalha iniciou com esferas de fogo voando da mão direita de Solaris, enquanto Imo elevou uma parede de vento que dispersou as chamas para o alto. Em seguida, um disparo invisível atravessou a parede, a trajetória errática obrigou a garota se mexer, o piso partiu com o impacto do ar pressurizado, errando o alvo.

    Solaris fechou a distância, labaredas dançavam ao longo do antebraço esquerdo, manifestando-se em uma onda de calor que deixou Imo de cabelo em pé. A onda de calor parecia mais um tremeluzir no ambiente, seguindo em linha reta. Ele evocou ar nos pés, conseguindo propulsionar o corpo para cima sem muito esforço, aumentando a altura do pulo.

    Uma pena que isso também se mostrou um erro terrível. Ela elevou a mão, dessa vez lançando um novo feitiço, um aro de fogo que girou pelo ar e se dividiu em diversas partes, servindo como estacas para o corpo. Imo foi atingido da cabeça aos pés, por sorte seu cabelo não foi afetado, mas não mudou o fato de que ele caiu de costas no chão e segurou todo o impacto.

    Ele conseguiu se levantar de novo, tornando o trabalho de Solaris ainda mais fácil. Correntes de bolas de fogo rodearam-no, e sem tempo de reagir, ele foi pego no meio de explosões que jogaram poeira para o alto. A luta estava acabada antes mesmo de qualquer movimento significativo do oponente, não houveram oportunidades para contra-ataque e nenhuma forma de aliviar a pressão.

    A poeira abaixou. Solaris arregalou os olhos, uma barreira translúcida dourada envolvia o corpo de Imo. Ele estava desmaiado na arena, suaves queimaduras tomaram a superfície do rosto e braços. Procurando a fonte daquele poder, viu um homem de olhos verdes e com um colar contendo um triângulo de ferro, ao lado daquela mesma pessoa quem provocou durante o discurso no salão.

    Essa pessoa, que mais se parecia com uma garota do que qualquer outra coisa, adentrou o espaço junto do paladino. Liane observou o semblante cansado do rapaz, era muito penoso vê-lo cair fácil, mas desde o princípio entendeu o que queria fazer.

    Em nenhum momento Imo tentou machucar Solaris. Ele tinha lá seu cavalheirismo, no final das contas. O feitiço de ar pressurizado errou o alvo de propósito, pois como mostrado na apresentação dos calouros, aquela magia era rápida e invisível, um mero disparo poderia ser o bastante para arrancar um braço ou uma mão.

    — Grey, tire-o daqui e dê uma das poções de cura que temos.

    O paladino acenou positivamente, porém sentiu um calafrio quando Liane se voltou à Solaris.

    — Me dê sua espada, Grey.

    — Liane, essa não é uma escolha boa.

    — Eu cansei de ficar de olhos fechados. Se eu puder parar isso e acalmar minha cabeça, está ótimo.
    Grey suspirou, sacando sua arma e entregando nas mãos do garoto. Ele encarou a oponente, observando com atenção suas mãos cheias de calo. Convencido, jogou a espada na direção dela, que pegou sem dificuldade nenhuma.

    — Eu lhe desafio, Solaris — disse Liane, tirando a alça da bolsa dos ombros e aproveitando para pegar uma adaga de dentro. — Como você me chamou de covarde da última vez, eu apostarei tudo que tenho nesse combate para provar o contrário. Se você vencer, me torno o seu escravo.


    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota