Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 213: Sorriso Perverso
Grey tentou agir com naturalidade pelo resto da aula. Em condições normais, um paladino possuía plena autoridade para atacar qualquer um identificado como portador de poder demoníaco, no entanto, a situação era delicada demais para simplesmente voltar sua espada a professora. Muitos alunos estavam ali, Liane se encontrava logo ao seu lado, algo que poderia ser fatal considerando a distância entre eles. Precisaria de um único movimento para tudo terminar, um corte ou furo no peito e de repente, o fim do mundo chegaria.
Existia também um segundo fator estranho: se aquela pessoa estava conectada a demônios, por que diabos o tocaria? Até onde descobriu, certas pessoas com proeza nas artes sombrias podiam esconder parte de seu poder dos sentidos de paladinos, monges e freiras, no entanto, ao toque seriam identificados imediatamente. Isso só podia significar uma de duas coisas: ou ela o estava desafiando, ou era completamente ignorante ao fato.
Ambas as opções soavam ilógicas. Se alguém quisesse manter seus ritos malignos e operações sem serem notados, o melhor a se fazer era manter um perfil baixo e não chegar perto daqueles que portavam energia divina. Quanto à outra opção, era absurdo demais imaginar que uma praticante não soubesse como seria executada assim que descobrissem do seu segredo, esses detalhes só causaram pavor a mente de Grey.
“Será isso um esquema manipulativo? Ela me avisou para que eu não chegasse perto, do contrário ela matará os alunos e funcionários? Ou será que é uma possessão?”
O mistério lhe davam muitas dores de cabeça. Ele torceu para aquilo terminar o mais rápido possível, e quando saiu de perto do quadro, verificou a professora por cima do ombro. A moça acenou com a mão e mandou um sinal de beijo com as mãos, piorando ainda mais a reação cadavérica do paladino, que rezou com todas as suas forças para a Lithia protegê-lo. Esperou ansiosamente para a aula terminar, e quando aconteceu, tirou Liane o mais rápido dali arrastando-o pelo braço.
Ao toque, nenhum sinal de poder demoníaco surgiu, deixando-o aliviado. O garoto tomou um grande susto, mas não reclamou para onde estava sendo levado. Conhecendo Grey há anos, sabia que ele nunca faria nada drástico sem lógica. Para os outros dois, no entanto, isso parecia meio bruto demais de se tratar uma garota — considerando que ainda viam Liane como uma menina e não como garoto.
O paladino tomou o máximo de distância daquela sala, indo na direção completamente oposta sem olhar para trás. Seu nervosismo fez suor descer pelo pescoço, enquanto os olhos analisavam cada esquina com plena atenção em busca do menor resquício da sensação de nojo. Por sorte, nada veio, e assim ambos conseguiram um momento de paz. Ele olhou para trás, vendo Imo e Solaris os perseguindo.
“Que… droga. Por que eles não podem só deixar o garoto em paz?” Segurando um xingamento na ponta da língua, ele perguntou: — O que querem? Vão para a próxima aula, tenho um assunto urgente a tratar com Liane.
— Apenas queremos saber o que aconteceu — respondeu Solaris, cruzando os braços. — Você nunca fez isso antes.
— É isso mesmo! Como ousa apertar a pele macia e frágil da Liane assim?! — O dono daquela reclamação era ninguém mais que Imo, cujos punhos pousaram na cintura. — Trate uma dama direito, seu brutamonte!
A essa altura, Grey só conseguia pensar em desacordar Imo com um soco, mas recitou uma oração mentalmente como forma de conter as vontades violentas.
— Me deem suas mãos. Preciso conferir uma coisa para ter certeza.
— O que? Vai fazer o mesmo comigo também?!
— Apenas faça. Quero conferir uma coisa em vocês.
Relutantes, os dois estenderam o braço. Grey tocou nos pulsos de ambos, de um lado havia aquela sensação ambígua e da outra o reconfortante poder divino. Solaris era uma pessoa marcada pela ave sagrada Morev’O e herdeira da Faixa Estelar, logo, era de se esperar que houvesse bastante dessa energia em seu sangue. Isso reconfortou o coração, mas não a mente.
— Ótimo, vocês estão limpos. Me acompanhem, precisamos de um lugar silencioso.
O local escolhido foi o próprio quarto de Liane, tanto por oferecer segurança quanto dar conforto. O paladino respirou fundo e chegou rapidamente o ambiente, procurando qualquer menor sinal de inconsistência, agradecendo a deusa por não encontrá-lo. Assim, virou-se para os três, seu rosto endureceu como uma pedra, o assunto a seguir traria repercussões sérias se não fosse tratado direito.
— Aquela professora de vocês tem poder demoníaco no corpo. Não sei como, não sei nem exatamente o que ela é, mas posso garantir que senti quando ela tocou meu pulso.
— O que…? — Liane mostrou uma expressão de choque, pondo a mão nos lábios para esconder parte do rosto. — Ela tem isso? Mas por que alguém trataria de demônios sabendo que estamos aqui e que a santa também está?
— É essa a questão, Liane, eu não faço ideia da razão. Só sei que é perigoso permanecer perto dela, e que comunicarei a santa Cristal para averiguar a situação junto com outros se possível. Solaris, provavelmente você não terá problemas lidando com a influência demoníaca por conta da sua relação com seu deus, mas quanto a Imo… não posso garantir nada, seria melhor permanecer na catedral de Poar por um tempo ou adquirir pelo menos alguma coisa para não ser contaminado por esse tipo de poder.
— Calma, calma, você tá falando rápido demais, segura esses cavalos! — disse o Calvenar, com o rosto pálido igual de um fantasma. — Tá me dizendo que tem alguém com contato de demônios aqui? Dentro da Academia?!? Que tipo de loucura é essa? Você deve ter se enganado!
— Eu não tenho como ter me enganado. Paladinos conseguem distinguir muito bem o poder demoníaco, eu pude sentir no toque e concluí isso. A questão é que precisamos de um plano. Não posso sair de perto de Liane por nenhum motivo, é perigoso demais e qualquer movimento de seja lá quem será significativo. Vocês dois também não se encontram em segurança por causa do contato entre nós…
Grey precisava se preocupar com muitas coisas, mas a prioridade número 1 sempre seria Liane. Mesmo que Imo morresse ou que Solaris sofresse de uma ferida grave, ele não podia, de maneira alguma, deixar o garoto morrer — nem que custasse sua vida. Respirou fundo, tirando finalmente uma Pedra Comunicadora do bolso e realizando uma conexão com sua irmã.
— Agora vão. Se continuarem muito tempo aqui, teremos suspeitas. Liane continuará comigo, eu conseguirei algum meio de lhe ajudar, Imo. Solaris, também peço sua compreensão, vou ver o que a santa Cristal é capaz.
Mesmo que receosos, ambos acenaram positivamente com a cabeça. Grey virou para o lado por um momento para se concentrar em manter a conexão com a pedra comunicadora de sua irmã, sem notar os lábios de Liane se torcerem num sorriso trêmulo. A única pessoa que notou naquela pequena janela de tempo foi Solaris, que temeu o significado por trás do gesto.
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