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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Uma friagem consumiu Jessia. A gravidade repentinamente pesou sobre os ombros, como se houvesse uma armadura de metal querendo empurrá-la para o chão. Ela já tinha sentido isso antes, contra a santa demoníaca, revivendo os instintos forjados no seu corpo de recuar. Uma flecha escura passou ao seu lado, por muito pouco não atingiu a barriga, tudo porque a intenção assassina daquele ataque a fez dar um passo para trás por reflexo.

    — Filho da puta… — Levantou a cimitarra, procurando a pessoa que poderia ter feito isso, deparando-se com um turbilhão roxo em meio a multidão. — Merda, essa coisa é ainda pior do que aquela aberração. Hah, que inferno, esses herois predestinados só servem para se foder mesmo.

    A leva de xingamentos demonstrava bem o que se passava no coração. O medo de morrer era comum nos humanos ao enfrentarem algo que não compreendiam, ainda mais quando essa coisa vinha de outro mundo e prometia causar sofrimento eterno a quem encontrasse. Antes imersa na carnificina, Jessia teve uma visão de si mesma trucidada no piso, com as vísceras jogadas numa pintura de mal gosto.

    No entanto, isso durou somente um momento, com ela trocando a satisfação na luta por uma atenção e olhar gélido. Precisava se entregar a batalha para vencer, distrações trariam uma morte instantânea. O som de chamas queimando encheu seus ouvidos, seus olhos avistaram uma flecha de fogo se aproximando em alta velocidade enquanto criava buracos nas vítimas do caminho.

    Ela girou o corpo, parte dos fios de cabelo queimaram ao lado de seu rosto, tornando-se grisalhos e desaparecendo nas labaredas. 

    “Inferno, nem posso usar os outros de escudos humanos, essa coisa vai me atingir de um jeito ou de outro.”

    Fazia tempo que as dificuldades não apareciam de tal forma. Sorte dela estar pronta, além do mais, os recursos dos guardas da cidade ofereciam várias oportunidades para tudo. Utilizando os próprios aliados como camuflagem, lentamente fez o caminho em direção ao oponente, o que a levou diretamente para um homem se destacando em meio aos cultistas por conta de sua estatura. 

    Ele também era o epicentro do turbilhão, os ventos ao redor se assemelhavam a agulhas prontas para arrancar uma vida. De fato, ela servia a esse propósito, os bandidos com um senso de perigo defeituoso morriam quando chegavam perto daquela coisa.

    Jessia estava odiando cada vez mais a missão dada pela fada. Um suspiro fugiu de sua boca, pelo visto seria forçada a pegar emprestado alguns truques se quisesse vencer. Um conjunto de luminorbes caíram no meio do campo de batalha, bombardeando o ambiente com um intenso fulgor que cegou quem manteve os olhos abertos.

    Em meio a isso, Jessia retirou um frasco do mesmo bolso que estavam os luminorbes, mas não era uma poção de cura, o líquido detinha uma cor dourada e deixava um rastro fantasmagórico por onde passava. Ela tirou o lacre com os dentes, derramando o conteúdo do frasco em cima da cimitarra, fazendo o fio da arma engolir aquilo para si.

    “Eu que não vou apostar minha vida em idiotice.”

    Em outras palavras, a mulher imbuiu sua arma com energia divina. Armas poderiam ser reforçadas por mana desde que se usasse um elemento específico e uma grande quantidade de poder mágico, no entanto, isso exigia uma habilidade grandíssima do mago para tal feito. O mesmo acontecia com poderes divinos, e também exigia um santo ou paladino habilidoso para tal, porém essa energia poderia ser armazenada e reutilizada a um determinado momento.

    Jessia não esperava que no meio de uma vila aleatória havia uma ferramenta útil assim, então a trouxe porque era sua melhor escolha contra qualquer demônio. No entanto, ela ainda era humana — um humano vencer de monstros só aconteciam em contos de fada e histórias para crianças dormirem.

    Suor frio desceu de sua testa no momento em que uma nova flecha sombria passou por cima do ombro, atingindo um dos bandidos que a acompanharam e carbonizaram seus corpos. 

    Se a loucura não consumisse a mente da mulher durante combates brutais como aquele, ela teria fugido com o rabo entre as pernas.

    O chão se partiu com raízes crescendo para todas as direções. Jessia se esqueceu do mago, no entanto, ele veio a calhar como aliado, imobilizando uma parte dos capangas e possibilitando mortes mais rápidas. Outro reforço apareceu na forma de um paladino, cujo símbolo de Lithia brilhava em dourado conforme empurrava quem estivesse no caminho com o impacto do escudo.

    Por fim, um gigante usava as mãos nuas para afundar a cabeça dos inimigos contra o piso, quebrando pescoços iguais a gravetos. Jessia estava muito satisfeita em ver o caminho limpo para seguir em frente, dançando para desviar de cada disparo negro voando por cima do cabelo. 

    A cimitarra dourada nas mãos colidiu contra o vórtice negro que cercava o líder do culto, abrindo uma fissura na proteção, no entanto, isso só serviu para aproximar o combate daqueles dois. Uma espada reta saiu do meio do manto escuro, as duas lâminas se chocaram e faíscas azuis saltaram para todas as direções — este era o choque entre o poder divino e demoníaco, negando um ao outro.

    — Hmph, você é só uma pessoa comum — provocou o cultista, em meio a troca de golpes.

    — Vilões que subestimam demais seus oponentes sempre perdem — Jessia retrucou, com um sorriso sádico.

    Aqueles dois eram vilões, mas representavam duas forças primordiais lutando. Era até irônico como de todas as pessoas, justamente a bandida que matou tantas pessoas foi escolhida para tal dever, mas sua natureza ainda era a mesma, sempre aproveitava a distração do oponente se aparecesse.

    Jessia tirou a mão da capa, arremessando três bolas de papel marrom com um palheiro aceso. Ela deu um salto para trás, precavendo-se da explosão que veio a seguir, inundando o lugar de fumaça. Queria ter se convencido de vencer, mas seria hipocrisia cantar vitória cedo. Seus olhos rapidamente analisaram a fumaça, avistando uma silhueta se movendo em meio a cortina cinza.

    Sua cimitarra cortou naquela direção, acertando o ar. Ela viu um braço aparecer na ponta de seus olhos, uma lâmina estava prestes a arrancar o olho. De repente, a temperatura do ambiente aumentou, antes mesmo de perceber, a espada que antes alvejava seu rosto derreteu, por um simples capricho de uma fada cujas promessas seriam cumpridas. 

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