Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 88: O Receptáculo Evoluído
Liane experimentou pela primeira vez o efeito de inúmeras substâncias traçando caminhos pelo cérebro. As coisas ao redor passavam devagar, ao ponto de terem uma trajetória tão previsível que ficava fácil de esquivar. Isso era resultado de uma configuração específica que Er’Ika fez. Tendo aprendido muito sobre como o corpo humano funcionava e absorvido a energia demoníaca, foi possível criar uma modificação hormonal no garotinho que levava cada uma de suas características ao limite.
Sua velocidade de reação, força, foco, noção espacial e até poder mágico tinham se amplificado, se ainda combinado com o consumo constante de energia no ar, ele se transformou em uma arma biológica.
A entidade não sabia dos efeitos colaterais, e pouco importava se seu receptáculo possuía um consenso, tudo o que ele desejou era salvar as almas inocentes da vila. Se quisesse tal coisa, deveria entender o custo. Por enquanto, as consequências seriam ignoradas, seria uma ferida para curar depois, e para Er’Ika não existia algo impossível de consertar.
Ambos os olhos de Liane brilhavam, o vermelho se igualando ao fogo do sol e o azul a água dos oceanos. Seja lá o que tivesse acontecido, era impossível chamá-lo de humano a essa altura. Eletricidade correu por seu braço, saltando dos dedos em direção ao líder dos cultistas, tomando uma trajetória ziguezague e forçando-o a recuar para analisar o caminho daquele ataque.
Esse espaço foi o bastante para Jessia recuperar a postura, com uma cara espantada e querendo entender como diabos aquele pequeno monstrinho ficou tão forte numa faixa de tempo curta, mas sua cabeça entendeu quando olhou para as pernas dele, trêmulas e prestes a cair.
Liane usou o mesmo truque para salvar os aventureiros de antes, mas dessa vez combinou com um grande incremento no corpo para salvá-la. Isso danificou bastante as pernas. Não era que ele estava forte, mas se esforçava além dos limites, uma coisa que mudava um pouco a figura de monstro para humano naquela criança.
Um suspiro saiu da boca de Jessia. Ela deu tapinhas na cabeça de Liane, como se quisesse acalmá-lo.
— Era para ter ficado na retaguarda, seu pirralho.
— Dexculpa, tavam fazendo muito barulho lá.
— Aff, poderia pelo menos salvar os inocentes idiotas então? Seria mais seguro do que você se intrometer.
— Não é hora para isso, vocês dois — interferiu Er’Ika, na sua forma de fada em cima do ombro de Liane. — Ele logo voltará, além disso, se ele não estivesse aqui, você teria morrido pela quantidade de energia demoníaca no ar. Não percebeu o porquê ninguém interrompeu a luta de vocês?
Jessia estranhou anteriormente o fato de lutar sem interrupções, especialmente contra o líder inimigo, precisou dessa pequena pausa para reparar nos corpos espalhados pelo chão, caídos e com a pele roxa. Era um efeito da exposição excessiva à energia demoníaca, causando uma destruição na pele e na parte interna do corpo. A bandida conhecia seus efeitos e já tinha experienciado uma vez, no entanto, estava completamente bem.
Tendo entendido isso, cogitou que os dois ao seu lado possuíam um tipo de barreira protetora semelhante. Ambos teriam vantagem no combate de dois contra um, logo, seria mais proveitoso se pudessem também pressioná-lo igualmente. Havia um segundo frasco para imbuir armas, entregá-lo ao pirralho seria mais aproveitar do que acreditar que o combate se arrastaria por mais tempo.
— Põe isso na adaga, nós vamos pressioná-los juntos e…
Os olhos de Jessia arregalaram. Ao invés de colocar na arma dada a ele, Liane bebeu o líquido dourado. Ela sentiu uma vontade gigante de chutá-lo para longe na mesma hora por descartar algo tão precioso, uma pena que o avanço do líder cultista a impediu de fazê-lo. Outra vez duas espadas se chocaram, mas o objeto nas mãos de seu inimigo era um machado de mão com fio escuro.
A bandida cerrou os olhos e guiou a batalha para o lado, não querendo que o moleque idiota fosse pego por acidente no meio da troca de ataques. O cultista esticou a mão para frente, tentando conjurar outro feitiço demoníaco, mas foi impedido por uma bola de fogo que queimou sua mão. A fada, no caso Er’Ika, próxima de Jessia, soltou magias para interrompê-lo em qualquer conjuração significativa.
— O que aquele menino tá fazendo?! Não era pra ele ter bebido a poção!
— Heroína Jessia, não ligue para isso. Ele é o nosso seguro.
— Seguro? Isso nem faz sentido!
Para tirar parte da ira, a mulher seguiu com uma sequência de cortes na direção do peitoral do inimigo, mas nenhum ataque foi significativo demais. Apenas cortes superficiais, com queimação de um raio dourado devido a arma imbuída, foram o verdadeiro dano que ele tomou. Após tanto valsarem naquela batalha mortal, o líder parou repentinamente, a troca de feitiços e golpes foi interrompida.
— Está pronto… — com essas palavras, um sorriso cínico apareceu em sua face. — Ah, me desculpe, infelizmente nossa brincadeira terminou.
A palavra “brincadeira” fez as veias na testa de Jessia pulsarem. Era sério que aquele maldito tinha bolas para falar isso depois de quase apanhar feio? Mesmo que fosse sem vergonhice de sua parte dizer que daria uma surra nele, estando num três contra um, a bandida se via no pleno direito de ter raiva levando em conta o nível de humilhação recebido.
O pior, no entanto, veio a seguir. Novos tremores tomaram conta do porão, o círculo pintado com sangue lançou um fulgor carmesim por todo lugar, fazendo todos paralisarem. Eles pensavam que haviam interrompido o ritual, mas na verdade ele jamais parou, os cultistas só precisaram segurar os invasores por mais tempo até tudo estar completo.
Uma serpente saiu de um portal de fogo do círculo, quebrando tudo ao redor e destruindo o teto, escombros voaram para todos os lados e gritos encheram os corações desesperados dos criminosos. Aquela serpente, por mais que tentassem acreditar ser somente um animal gigante, era mais do que um mero monstro. Sua pele azulada e os olhos arroxeados, mesclando-se aos diversos chifres cobrindo suas escamas e cabeças, davam-lhe a aura de “Guardião do Submundo”.
— Isso é… um dragão… — Jessia disse, perdendo as esperanças de vencer.
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